A floresta.

O vento frio sopra cada vez mais forte quanto mais nos aproximamos das árvores escuras, as garras geladas parecem estar em minha própria cabeça soprando em minha mente lembranças a muito tempo esquecidas, soterradas pela culpa e arrependimento. Mas agora elas giram em minha cabeça, trazendo palavras que eu não queria ter dito, e uma aposta tola que eu jamais faria novamente se pudesse voltar a dez anos atrás.

- Vamos apostar uma corrida.

- Para chegarmos ao rio teremos que correr pela floresta, é muito longe e já está escurecendo.

- Longe só se for para você que é muito lenta.

1! 2! 3! E... Corre !

Fecho os olhos por um segundo tentando afastar a memoria.

1,2,3 e... eu queria poder esquecer.

1,2,3 e... eu queria voltar no tempo.

1,2,3 e... eu não posso fazer nada.

Desço do cavalo, e encaro por um segundo o interior escuro repleto de árvores e flores... e só por mais aquele segundo eu me permito lembrar da última vez em que fiz uma aposta com Olivia, da última vez em que nós duas entramos nessa floresta tentando vencer... e lembro de como aquilo acabou.

Uma última vez até hoje.

Avisto Olivia ao lado de nosso pai, o cabelo negro preso em uma trança delicada que era puxada de cada lateral em uma forma de Y, que se misturavam formando algo que lembrava uma flor. Parecia delicada demais para a ocasião não combinava com a armadura prateada toda arranhada e amassada denunciando que a última coisa que haveria ali era delicadeza, muito menos com seus olhos azuis banhados de uma ferocidade aterrorizante. Mas era assim que Olivia era, um quebra-cabeça cheio de partes divergentes, que juntas formavam uma beleza extraordinária e inquietante, mas dava para ver que algumas peças faltavam.

Seus olhos azuis me seguiram até eu estar ao seu lado, se demorando em meu pescoço antes de voltar a me encarar inexpressiva.

- Você está bem ?

Balancei a cabeça positivamente para evitar falar.

- Que bom.

- Imagino que não muito bom para você, pequena Olivia - as palavras provocativas transbordavam perversidade quando saíram da boca de nosso pai, de pé ao lado esquerdo de Olivia com a postura ereta e vestido em roupas pomposas - Vencer fica mais difícil quando seu oponente ainda está de pé em bom estado.

Não soube dizer se isso era um elogio ou não.

- Posso derrubar meus adversários de qualquer maneira, querido pai - a voz melodiosa de Olivia fez ele franzir a testa por um breve momento antes de mascarar sua expressão.

Bem... essa eu tenho certeza que não era muito boa para mim.

- Cuidado, os arrogantes não tem durado por muito tempo.

- Posso dizer o mesmo sobre os reis. Ouviu os boatos de que o rei das terras altas foi morto enquanto dormia ? - os olhos de Olivia brilharam como as chamas de uma lareira e ela estalou a língua em provocação - Uma verdadeira tragédia.

Pego sua mão e aperto com força até que ela se vire para mim.

- Você está indo longe demais - sussurro com dificuldade.

- Tome cuidado com suas palavras Olivia, são tempos difíceis e insinuações de traição não são bem vistas e podem ter consequências desastrosas - o sorriso que apareceu no rosto dele quase me fez encolher - Eu odiaria ter que arrancar sua cabeça.

Somos interrompidos pelo barulho de cascos no chão, um mensageiro se aproxima às pressas com seu cavalo, o cabelo dourado está espetado para todos os lados por causa do vento mas ele não parece se importar enquanto se aproxima para fazer uma reverência.

- Majestade - ele olha para Olivia e para mim e se curva novamente - Princesas.

Com o aceno do rei, ele continua a falar.

- O conselho já aguarda o sinal.

- Ótimo, então vamos começar - ele se vira para nós e indica a direção da floresta onde há dois círculos em vermelho pintados na terra, distantes um do outro — Posicionem-se em seus lugares para darmos início a final.

Caminho para o circulo à direita enquanto Olivia segue na outra direção.

Paro sob a roda tingida de vermelho no chão, bato os dedos no cabo da espada a cada segundo que se passa sem o pronunciamento, mas não me atrevo a olhar para trás, nem para o lado, onde Olivia está a vários metros de mim.

— A verdadeira Rainha trás justiça para seu reino, é forte o suficiente para sangrar pelo próprio reino e por todos os seus súditos, mas acima de tudo, a verdadeira rainha é corajosa. Para ser justa, forte e honrada é necessário coragem. Covardes não tem trono, covardes não tem espadas e muito menos armaduras, eles perecem muito antes de conquistar algo. Hoje, as princesas devem adentrar a floresta, seguindo sempre em frente sem desviar do caminho ou tentar pegar atalhos, quem descumprir a regra será eliminada pelos vigias espalhados pela mata. No final de seu caminho, há uma coroa, tragam ela para seu rei na arena onde decidiremos quem é a verdadeira rainha. Conquistem sua coroa com bravura, nos mostrem sua coragem !.

Olho por sobre o ombro e avisto soldados acendendo uma fogueira, levantando sua fumaça aos céus para quem quer que esteja na torre veja o sinal.

E então os sinos tocam das torres do castelo como um prelúdio para o pior,  o som se espalhando para o reino todo anunciando o início da final... anunciando que a decisão estava próxima.

Encaro o interior da floresta com um terror crescente, a escuridão que a envolve parece tentar avisar não entre, não entre, não entre, mas como um cordeiro caminhando em direção ao abate, eu adentro a floreta escura, enquanto um trovão ressoa no céu.

Encaro o interior da floresta com um terror crescente, a escuridão que a envolve parece tentar avisar não entre, não entre, não entre, mas como um cordeiro caminhando em direção ao abate, eu adentro a floreta escura, enquanto um trovão ressoa no céu

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🌻 Olá pessoal !!! Tudo bem com vcs !?

🌻Devo um pedido de desculpas pela demora em atualizar, sei o quanto é ruim isso então mil desculpas 💛

🌻 Esse capítulo ficou meio grande então dividi, o próximo sai na quinta-feira.

🌻 Por fim, se vc gosta da história deixe seu comentário e voto, a opinião de vcs é importante :)

Lívia (COMPLETA)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora