Meu caro amigo:
a arma flácida
que a ti feriu
o verso cru do teu pavio
não debelou.
Prossegue a chama,
prossegue a pena,
prossegue a cisma,
prossegue a rima,
prossegue a musa,
prossegue o apreço,
prossegue o avesso
do verbo solto da tua lima
escravizada à idéia escrita,
o descarrego da tua língua
que afastava quem não prezava
as lidas puras em prosa forte
e poesia
autografadas.
A arma falha
ante à palavra.
E esquivada,
engatilhada,
e ativada
a arma falha.
Dito talhado é dito posto;
grafado, fica:
está bendito
está benzido
está ungido.
A tua palavra está exposta,
mas já não temas:
ela está posta
sobre esta mesa
em que a servimos a teus opostos,
com graça e alento
pois bem sabemos que dentro dela
segue, imbatível,
a tua alma.
(Para Luciano Magno)
23.08.2001
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