Pedi para a minha governanta arrumar o uniforme dos meus filhos e o material  para amanhã, a Ana não precisou pois sempre levo uma muda à mais para ela e o meu motorista trouxe para cá.

Em meio ao nosso silêncio escuto o Loan retornar a chamada que o tinha feito e ele não respondeu.

- Loan! Porquê não atendeu? O que está acontecendo? - questiono, pois com certeza ele não está me contando algo. - Nem adianta mentir porque eu te conheço. - aviso e o ouço suspirar do outro lado.

- A cicatriz da Kendell voltou a abrir e ela perdeu muito sangue, e o médico disse que ela está em estado crítico. - ele fala e sinto um aperto no coração e um embrulho na garganta e tento segurar o choro. - O Liam, já vai efectuar a transfusão de sangue. - ele fala e por instantes me acalma.

- Meu Deus, que tudo corra bem. - peço.

- Fica calma Jenny, descanse. Vai ficar tudo bem. - meus irmãos tem um dom nato para manter a calma em momentos de muita tensão.

- Qualquer coisinha me informe. - peço.

- Ok. - ele responde e desliga.

- Senhorita Jenny? O que se passa? - a Otília questiona preocupada e às outras me olham ansiosas.

- A cicatriz da Kendell abriu e ela está em estado crítico pois perdeu muito sangue... - sou cortada pela mesma.

- Ai meu Deus! - ela exclama e vejo às meninas voltarem com as lágrimas nos olhos.

- O Liam já vai efectuar a transfusão de sangue, oremos para que corra tudo bem. - digo e elas assentem.

Liam Blande.

A transfusão de sangue foi directa, se fosse de outra maneira possívelmente haveria complicações segundo o médico.

Correu tudo na perfeição, e agora esperamos para ver se o quadro dela melhora.

- Pai, mãe. - os chamo e eles me encaram com aparência já cansada. - Vocês podem ir descansar, já são 1 AM, terão uma agenda lotada por cumprir. - falo.

- Mas e a Kendell? E você? - a dona Karine questiona.

- Eu ficarei bem mãe e qualquer coisa eu vos informarei. - respondo a ela que não parece muito convencida e faço sinal para o meu pai contribuir.

- Vamos Karine, você também precisa descansar. - ele diz a ela que suspira se levantando.

- Se precisarem de algo não exitem em ligar. - ela diz e nós concordamos e depois de mais algumas notas ela vai com o meu pai.

E eu suspiro, encostando minhas costas  a parede.

O Loan se sentou na cadeira que estava ao meu lado.

- Não podia existir melhor cunhada. - ele inicia com as gracinhas dele, me fazendo rir por instantes. - briga com a desgraçada da mãe dos meus sobrinhos por eles e agora prefere levar um tiro no lugar de qualquer de um deles. - ele continua e internamente inexplicávelmente todo o meu corpo está em concordância.

Não o respondo, apenas reflicto.

Eu não sei que porra, está se passando comigo.

Depois de algumas horas o doutor saiu de dentro do quarto e tentava receber alguma boa notícia só de analisar a cara dele.

- Por enquanto só podemos esperar e ver como ela reagirá a recepção do sangue. - ele responde e se retira.

Já são 5 AM, o Loan continua aqui.

- Loan, vai descansar. - digo o vendo parecer exausto.

- Deixa disso. - ele diz e eu suspiro frustrado.

Continuamos por lá, até serem 6 AM, e ter ligado para falar com os meus filhos.

- Ela já acordou pai? - o Hugo pergunta.

- Ainda é um pouco cedo, filho. - o acalmo.

- Quando voltarmos do colégio ela já terá acordado, não é papy? - a Kelly questiona.

- Ela terá sim. - respondo tentando me convencer do mesmo que dizia.

- A tia Jenny, disse que teremos consulta hoje com a psicóloga. - o Heitor diz.

- Huhum. - concordo. - É para quando vocês forem falar com a Kendell também estejam bem. - respondo e ouço eles falarem algo imperceptível. - Já está na hora, não quero ninguém atrasado para o colégio. - falo e eles concordam até eu desligar o celular.

Logo em seguida chega o médico.

- Bom dia senhores. - ele nos saúda e apenas assentimos vendo-o entrar com as infermeiras.

Meus olhos já estavam pesados.

- Eu vou buscar café. - o Loan diz e eu concordo.

- Liam! - ouço a voz da senhora Karine.

- Oi mãe. - respondo. - O que faz aqui tão cedo? - a questiono.

- Vim saber como está a Kendell. - ela diz se sentando.

- O médico entrou agora. - a respondo.

- O Loan? - ela questiona.

- Café. - ele mesmo responde retornando com o café.

- Vocês precisam ir descansar, eu fico aqui. - ela diz e apenas refutamos com a cabeça.

Depois de mais um tempo o médico finalmente sai.

- Como ela está? - a dona Karine se apressa em perguntar.

- O estado dela estabilizou. - isso foi o bastante para sentir o meu corpo relaxar. - passaremos ela para o outro quarto. - ele diz.

- Podemos vê-la assim que trocar de quarto? - minha mãe questiona.

- Ela continuará dormindo, mas poderão sim. - ele responde. - Senhor Liam preciso da sua assinatura para essa transição. - ele diz e assim vamos.

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