Loving you's the antidote.

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-Sou eu...

Me virei muito devagar, como se não quisesse que alguém me visse. Meus olhos tremeram no mesmo instante, a vista embaçou. O coração pulou.

Ele sorria tão grande, estava tão limpinho. Nenhum machucado em seu rosto, nenhuma ferida em seus braços.

-P..pai?

Ele não me escutava, minha voz saía como um sussurro. Levei uma das mãos à cabeça e assim eu percebia o quanto tremia, o quão tonta eu estava. Eu não conseguia sair do lugar.

-Vem aqui, estou com saudades.

Ele disse com voz doce, calma e, de olhos fechados, sentindo, eu caminhei até ele.

O choque de nossos corpos se batendo foi o suficiente para que eu desabasse. Ele me segurava com proteção e eu... Só poderia sentir. O que estava acontecendo?

-Você não é real, não é?

Afundei meu rosto em sua camisa azul clara, cheirava casa.

Suas mãos acariciavam o meu cabelo e parecia tão real, tão vivo.

-Mamãe sente tanto a sua falta... O Dudu? Meu deus... Nem vai acreditar.

Digo o apertando, sorrindo.

-Estou aqui! Ninguém vai lhe fazer mal! Podemos voltar, eu aprendi a fazer aquela receita que você gostava.

Sua voz entrava na minha alma e ficava, deixando tudo quentinho. Ele colocou uma das mãos sobre minha perna, exatamente onde eu havia sofrido um trauma, e então pude sentir aquele lugar limpo de novo. Meu de novo.

-Por favor, me diz que você é real...

Digo limpando o rosto, o soltando e o olhando.

-Por favor!

Seu rosto era bonito. Seus olhos misturavam entre o castanho claro e escuro. Seus dentes tão brancos, seu semblante tão renovado.

Levei meu olhar até as suas mãos, a segurava forte. Ele usava aliança, minha mãe ficaria tão feliz.

-Como você está?

Falei, tremendo.

-Sua mãe te ama muito, não deixe de ligar.

Fechei meus olhos.

-Você vai ficar? Eu posso preparar alguma coisa... Posso te apresentar para o meu namorado...

Toquei suas mãos novamente mas, daquela vez, não as sentia mais. Me virei rapidamente para onde ele estava, era apenas eu.

-Pai?

O chamei, procurando pelas camas.

-Não pai, por favor. Por favor!

Não havia ninguém.

-Por favor...

Caí de joelhos em frente a minha cama. O choro entalado, doído, eu o perdia de novo.

-Lauren? Você está bem?

Mãos suaves me tocaram, me fazendo voltar brutalmente à realidade.

Abri os olhos desesperados e vi Gabriella do lado de fora da cama.

-Eu...

Me sentei, confusa, mexida.

-Eu a ouvi chamar por alguém, vim ver se era comigo. Está bem?
-Acho que eu estava sonhando... -olhei em volta, tomando consciência- Sim, um sonho.

Abaixei a cabeça.

-Quer que eu chame alguém?

A olhei, meu coração estava quebrado.

-Sobe aqui.

Ela me obedeceu, puxando a cortina.

-Harry ainda está vendo filme?
-Está sim, o que aconteceu?
-Eu tive um sonho, depois de tanto tempo, eu consegui sonhar com o meu pai.

Sorri.

-Ele... Ele sorria, sabe? Estava feliz.

Digo intercalando meu olhar entre minhas mãos e ela. Minha voz soava fraca mais uma vez.

Lágrimas queimavam minhas bochechas e tocavam meus lábios sorridentes.

-Eu sinto falta dele.

Gabriella me segurava. Às vezes eu não tinha forças para chorar, mas em outras era só o que eu poderia fazer. Eu me sentia vulnerável, com todo o meu oceano à tona.

-Eu sei que às vezes parece que não vamos aguentar, mas sempre aguentamos. Me deixe chamar o Harry, ele saberá o que fazer.
-Oh não, por favor, não.

Limpei as lágrimas, ela estranhou.

-Ele sempre fica triste também, deixe-o ter paz por algum momento.

Ela permaneceu em silêncio, respeitando minha decisão.

-Tenho medo dele se cansar e não aguentar mais.
-Nunca aconteceria, vai por mim.

A olhei.

-Quando ele não está com você, está falando sobre você.

Sorri, escondendo o rosto. Lentamente voltando ao normal.

Sem que percebêssemos, ele sempre acabava amenizando as dores que eu carregava.

End Of The Day - 1Where stories live. Discover now