- Tô brincando, meu chuchu! – ele passou o braço pelos ombros da morena – Vamos lá.

O quarto, que tinha uma placa escrita “Os Marotos – não perturbe!” na porta, era relativamente aconchegante e, definitivamente, masculino.

Haviam posters de jogadores de quadribol e de motos por todas as paredes. Uma grande janela deixava a claridade entrar, mas andar por entre as meias jogadas no chão ainda era difícil como se estivessem no escuro.

Sirius bateu as mãos em uma cama, a única que estava arrumada.

- Vamos sentar na cama de seu amado, Lulu. Sente só o cheirinho do perfume dele. – Ele pegou um frasco na pequena cômoda ao lado da cama e espirrou na cara de Luna.

Luna bufou, espirrou e coçou os olhos que agora ardiam como se tivesse levado um jato de spray de pimenta. Mas ainda conseguiu se concentrar suficientemente para dizer que ele não era seu amado. Ela própria sentiu que não havia firmeza em suas palavras.

- Para começar, o convide para irem a Hogsmeade. Juntinhos! – Sirius esfregava as mãos, como se tramando um plano maligno, ignorando totalmente a amiga com os olhos vermelhos e inchados pela quantidade de perfume que borrifara no rosto dela.

- Na verdade a gente sempre vai junto. Onde fica o banheiro? Meus olhos tão derretendo. Acho que vou ficar cega.

- Mas vocês vão em grupo! Qual é, Santiago. Chame ele. Só vocês. Cervejinha amanteigada. Risadinhas. Beijinhos... – Black estendeu uma toalha de rosto para Santiago. – Tá limpa, só tá úmida porque eu enxuguei o cabelo com ela hoje cedo.

- Você é ridículo, Black.

- Eu sou irresistível, Santiago!

- Irritante. Você só enxugou o cabelo aqui, né? Nada além disso.

- Não caberia nessa toalhinha se é o que você quer saber.

- EW! Você é nojento, Sirius! – ela terminou de esfregar os olhos e tacou a toalha no rosto dele.

- Você me ama, Lulu! Mas ama mais o Remuzinho, né? – ele balançou as mãos imitando as meninas histéricas que tentavam chamar a atenção dele pelos corredores.

- Cala a boca, seu resto de placenta!

- Eu não sei o que é isso, mas você sabe que eu estou certo.

Luna ponderou.

- Tá. Talvez eu o chame para irmos a Hogsmeade, e aí?

- E aí vocês se beijam, ué! Eu sei que você já deu uns beijinhos no Miller no segundo ano, então nem vou precisar te ensinar, vou?

- BLACK!

- Novamente, você sabe que estou certo.

- Ok. E se eu... se eu fizer isso daí e levar um fora? E aí ele nunca mais vai querer ser meu amigo e...

- Ei, ei, ei.... Luluzinha. Confie em mim. Ele gosta de você. Mesmo. E se ele não quiser ser seu amigo, você terá essa beldade aqui para chamar de amigo. Eu só não vou ficar estudando com você. Não está incluso no pacote.

Luna suspirou e olhou para a parede. Tinha um calendário com círculos em alguns dias do mês. Ela sabia bem o que eram. Tinha também uma foto de Remus com seus pais. Ele se parecia bastante com sua mãe, tinha o sorriso e os olhos dela, mas o nariz e a pose eram idênticos ao do pai. Ela sorriu. Abaixo tinha uma foto dos quatro marotos, todos sorrindo. Na foto mágica, Remus olhava para baixo a para a câmera, enquanto tirava uma mecha de cabelo que caíra sobre seus olhos. James passava os braços pelos ombros de Remus e Sirius, sorrindo para a câmera. Black olhava para o lado e jogava o cabelo, enquanto Peter sorria sem mostrar os dentes e colocava as mãos no bolso. Eles eram uma bela turma de amigos, principalmente porque era todos absolutamente diferentes um dos outros.

- Se você quiser, eu te ajudo.

- NÃO!

- Assim você me ofende, Santiago. – Sirius colocou a mão no peito e deitou com a cabeça no travesseiro de Remus.

- Promete que não vai falar nada com ele. PROMETE! – Luna apontou seu dedo indicador para o nariz de Black.

- Eu prometo SE você prometer que vai chamar ele pra sair. – ele sorriu de lado e pegou o dedo da menina o empurrando para o lado.

- Se ele gosta de mim, como você diz... por que ELE não me chama para sair? – ela virou de lado para o amigo. – É assim que os homens fazem nos livros.

- Ahhh, Luluzinháa! – Sirius se sentou na cama. – Remus pode até ser um príncipe como nessas histórias você lê, sabe... Mas ele... ele – ele pensou fazendo uma careta. – Ele é tímido pra cacete! Ele morre de vergonha! Sério, devia ver a cara dele quando a gente fala pra ele te chamar pra sair.

- Ele... já disse algo sobre isso? Já cogitou? – A morena se interessou.

- Tá querendo, né? Sua danadinha! – Sirius empurrou Luna com o ombro. – É sério, Lu. – ele abaixou um pouco seu tom de voz e falou seriamente. – O Remus não se acha digno de você, sabe... não desse jeito. Ele acha que você é incrível demais pra querer algo com alguém tão - ele fez aspas com os dedos – “sem graça” como ele. Ele acha que é insuficiente pra qualquer pessoa no mundo. – ele parecia nostálgico ao falar, como se Remus também achasse que não era digno da amizade dos meninos. Autoestima baixa, diria Ava.

- Ele não é sem graça! – Luna o defendeu e Sirius riu.

- Eu também não acho que ele seja. Mas é o que ele pensa, sabe... é complicado. Mas se você gosta dele, sabe... só vai.

Luna suspirou. Não era assim que as coisas aconteciam nos contos de fadas. Remus provavelmente sequer sabia cavalgar para chegar em um cavalo branco. Se lembrou de quando Romina disse que queria ser a heroína de sua própria história. Que não esperaria por um príncipe para a resgatar em seu castelo. Luna sorriu.

Iria atrás de seu príncipe. E tentaria algo hoje.

Ran Before The Storm - Remus LupinWhere stories live. Discover now