- Sem problemas Hope, quando o seu horário terminar me procure para pegar seu pagamento. -Ele diz e bate carinhosamente em minhas mãos.

Depois da nossa conversa eu voltei ao trabalho e quando deu o meu horário, peguei meu pagamento com ele fui para o meu quartinho. Assim que abri o  portão de casa, vejo dona Chica regando suas plantas.

- Boa tarde dona Chica!

- Boa tarde menina, não vi você nesses dias. Já te falei que você vai acabar doente de tanto trabalhar! -Ela briga comigo do seu jeitinho.

- Eu preciso trabalhar dona Chica, ou não conseguirei ter nada na vida. Mas olha! Consegui um emprego novo, começo amanhã. Vou trabalhar de doméstica, em uma casa linda e um dos donos é um homem muito direito. Um delegado dona Chica!

- Que maravilha menina! Mas cuidado, não deixe ninguém se aproveitar de você. Esse delagado, ele mora sozinho? -Ela pergunta preocupada.

- Não, mora ele, um irmão e a afilhada. Ele é uma pessoa boa dona Chica, me salvou de ser violentada em um assalto, me levou ao médico e me trouxe para casa em segurança. -Falo saindo em defesa do Roger.

- Vejo que o seu delegado já tem uma defensora. -Ela diz rindo. - Você é muito inocente menina, olha o que aquela sua amiga fez! Só não deixe que esse homem entre no seu sistema, ou ele vai tirar vantagem de você.

- Obrigado dona Chica, mas eu não corro esse risco. Ele é um homem maduro, experiente, jamais iria querer algo com uma pessoa inferior como eu. Uma mulher quem nem sabe quem são seus pais, um mulher que ninguém quis quando era criança, uma mulher que não tem estudos. Um homem lindo como ele, deve sair com mulheres lindas, estudadas.

- Criança, criança, vou deixá-la descobrir sozinha. Só prometa que vai tomar cuidado. Agora vá se refrescar, passarei uma café fresquinho para você e um bolo de milho que acabei de tirar do forno.

- Tudo bem, mas antes. -Falo e pego o dinheiro em minha bolsa. - Sei que a senhora não quer me cobrar pelo quartinho, mas quero que pegue esse dinheiro. Não é muito, apenas cento e cinquenta reais, já ajuda a senhora com alguma coisa.

- Obrigado menina, vou usar para fazer a feira. O que acha de uma torta de morango no domingo? Nada melhor do que um doce depois de um almoço de domingo. -Ela diz rindo.

Fui para o meu quartinho e peguei minhas coisas para tomar um banho. Como o quarto e minúsculo, o banheiro que uso é o mesmo que o da dona Chica. Ela é uma viúva e tem dois filhos, que moram em Minas Gerais e quase nunca vem visita-la. Sua casa era enorme e foi dividida em duas, assim ela poderia alugar e ganhar um dinheiro a mais para complementar a aposentadoria. Depois de um banho revigorante, limpo o banheiro e vou até o meu quarto deixar as minhas coisas. Tomo um café com ela, que me conta histórias sobre sua família, seu tempo de menina nova, seus namoradinhos e fugas no meio da noite para pular carnaval.

Queria poder ter vivido tudo isso, poder ter saído, pulado carnaval, sair com os amigos. No orfanato não era ruim, não perto de outros lugares onde as crianças são maltratadas. Mas não podiamos fazer muitas coisas, era da escola para o orfanato, tínhamos horário para acordar, tomar café, arrumar o quarto, estudar, comer, e poucos minutos para brincar. Não tínhamos festa de aniversário, não podíamos sair para brincar com outras crianças, não comemoramos datas especiais a não ser o natal, mas mesmo assim era muito diferente do que aparecia na televisão. Por isso amo qualquer data comemorativa, até o dia da arvore eu comemoro! Pego algumas sementes e saio jogando nos parques ou ruas que tem poucas árvores.

Depois do café reforçado que tomei, me despeço de dona Chica e vou para o meu quarto. Estou ansiosa para o meu primeiro doa de trabalho, Roger ficou de me buscar amanhã as sete horas e por isso me abrigo a adormecer.

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