no god

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as perdas e danos taxadas na tabela sangrenta do outro da sala.

imagino se você estava tentando me avisar de alguma coisa.

e, então, não havia deus. não havia sequer demônios. apenas o timbre incompetente da máquina de lavar às três da manhã, um pedido casual de socorro.

deixei de acreditar em muita coisa depois disso. os médicos disseram que fica mais fácil com o tempo, yeri, mas eu sinto o gosto superficial de seus dentes e sei que nada nunca vai soar mais cítrico e desinfetado do que almas que fogem da tragédia num perigo profundo de afundar junto aos fracos.

se eu pudesse te arrancar da terra? anjos temem o meu amor necrosado por você. meu nariz fareja abstinência, sabendo que não posso resistir ao que a morte sempre significou pra mim.

me engane. repita as palavras de deus e me afaste da cama.

o último chamado de todos nós sempre será sobre aquilo que nunca fizemos enquanto havia tempo.


para minha irmã: aquela que me fez questionar sobre deuses e demônios. vou te amar até o fim dos tempos. (2008-2018)

𝖋𝖑𝖔𝖗𝖎𝖇𝖊𝖑𝖑𝖆Onde as histórias ganham vida. Descobre agora