Gustavo, já senhor da situação, afasta uma cadeira da mesa e a oferece para que eu me sente. André senta-se em outra cadeira ao lado da Betina, passa o braço por sobre o encosto da sua cadeira e dá-lhe um selinho. Esse gesto não passa despercebido pelo pai que torce a boca em desgosto.
Constato que ele não está confortável com aquele namoro. Mas deduzo que a questão não é pessoal com o meu filho. Parece ser um caso típico de ciúme paternal.
— Sim, filha, por coincidência, hoje eu conheci a Débora na oficina. Mas não fazia a menor ideia que era a mãe do André... Aliás, não fazia ideia que o André tinha uma mãe tão jovem... — ele diz, fazendo um galanteio.
— Pois é, seu Gustavo, minha mãe é mesmo muito jovem... é também linda e maravilhosa — meu filho completa o elogio.
— Haaaa... certos atributos da Débora ele estava mesmo reparando... — Betina diz, rindo-se.
— Filha, pare com isso. Você vai constranger a Débora.
— Que foi, pai? Admita que reparou no "lindo vestido" da Débora — Betina diz, enfatizando o "lindo vestido" com um tom muito suspeito.
— Você acredita, André, que ele me fez trocar de roupa para vir conhecer sua mãe? Ele achou que o meu vestido era curto demais... pode?
Gustavo olha para a filha em total desespero, quase em súplica para que ela se calasse. Mas a Betina tem a língua solta e não tem freios. Eu gosto disso nela. Graças a essa tagarelice, eu capto a situação.
Já sofri muito preconceito e sei o que os homens pensam de mulheres que usam roupas ousadas. Por isso presto meu apoio total a qualquer mulher que tenha sido, de qualquer forma, tolhida de sua liberdade de escolha.
Olhando para a Betina, faço um comentário solidário:
— A roupa é também uma expressão da personalidade da pessoa, Betina. Eu também não gostaria que tentassem me impor algum estilo que não fosse o meu ou me tolhessem a liberdade de escolha — digo, mandando meu recado.
— Espere um pouco, eu não estava tentando impedi-la de se expressar ou ser quem é. Eu só não queria que ela ficasse exposta e se arriscasse a ser mal interpretada — argumenta Gustavo, dirigindo-se a mim.
— É, né, pai... porque, para os homens, mulher de roupa curta é desclassificada, né? — Betina continua, contando com minha presença ali para dar-lhe suporte.
Resolvo entrar de cabeça na discussão e, para ser bem enfática, levanto-me para mostrar-me toda. Passo a mão pela minha saia, dou uma voltinha em torno de mim mesma, exibindo-me para ele, e pergunto:
— Gustavo, você acha que eu sou desclassificada?
Ele se engasga com a água que estava tomando e fica sufocado, tentando puxar o ar. Quase tenho pena dele, não fosse o fato de que acho bem merecido. Por uma questão de humanidade, eu bato em suas costas e ergo seus braços para que ele volte a respirar. A cena chama a atenção do Tota que vem em seu socorro também. O André se junta a nós e uma certa comoção se forma.
Aos poucos, Gustavo retoma a respiração e se acalma.
— Tudo bem, pessoal. Já estou bem. Muito obrigado pela ajuda, mas agora podem voltar a se sentar... — ele fala, puxando o ar bem fundo para os pulmões. — Tota, pode nos trazer o cardápio de sorvetes?
E assim a discussão morre ali. Fazemos nossos pedidos, conversamos assuntos banais e tomamos sorvete como se nada tivesse acontecido.
Mas a prova de que a carne é fraca é que, em alguns momentos, pego-me fazendo uma pequena apreciação dos músculos que saltam da camiseta regata do Gustavo, do seu pescoço largo e do movimento do pomo de Adão. Quase suspiro ao ver a ação da sua língua envolvendo e lambendo o sorvete. Imagino-o usando aquela habilidade em mim.
Tudo parece tranquilo até que o outro assunto controverso, aquele que nos levara ali, aparece na pauta.
— Pai, a Débora alugou uma casa de praia para o fim de semana e me convidou para ir. É aqui pertinho. Vão também mais dois amigos nossos da escola e a Solange. Posso ir também? — a esperta da Betina pergunta na cara mais santa do mundo.Novamente acuado pela filha, o Gustavo me olha, espreitando minha reação. Percebo que ele está maquinando alguma desculpa para negar o pedido. Então resolvo interceder.
— Gustavo, será um prazer ter a Betina conosco no fim de semana. Ela é um amor de menina, e eu ficarei muito feliz se ela puder ir — falo com o olhar mais meigo que consigo fazer, considerando que não tenho meiguice nenhuma estocada.
Ele abriu e fechou a boca algumas vezes e começou a balançar a cabeça numa negativa.
Num rompante, resolvo usar uma última cartada... claro que é somente no interesse de ajudar o André.
— Logicamente, o convite se estende a você. Você e a Betina serão muito bem vindos à praia.
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Gostaram da ousadia da Débora?
E esse convite para o fim de semana na praia, será que foi um tiro no pé?
Vai dar mal ou vai dar ruim? KkkkDEIXEM SEUS COMENTÁRIOS E ESTRELINHAS!
Até os próximos capítulos, agora na casa da praia!
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☘Mente pra mim☘Ele acordou de um coma e se deu conta que estava casado.
Daniela é linda! Meiga e gentil.
Mas ele não lembra dela.
E desconfia que tudo não passa de uma farsa.
Decidido a encontrar provas sobre essa trama Pedro acaba se apaixonando pela mentirosa.
E agora a verdade é necessária ou a mentira é mais agradável de viver?
Mente pra mim. É uma trama apaixonante e vai fazer você querer ler sem parar.Visite o perfil @wilmaheckdossantos
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Todo machista será castigado (REPOSTAGEM)
Short StoryEm homenagem ao dia dos pais, postei uma história especial com um papai gostosão, mas sem noção! Dia 08/08/20, a história foi publicada na Amazon. Agora "Todo machista será castigado" pode ser lido também pelo Kindle Unlimited. Sinopse Dizem que um...
CAPÍTULO 4 - TIRO NO PÉ
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