- Vá para casa menina, você está aqui desde a hora que abriu. Amanhã você pode trabalhar no turno da noite, só não te dou folga por que sei que Carlinha vai inventar uma desculpa. -Seu Honório diz e depois que ele paga o meu dia mais o extra, pego as gorjetas e saio da lanchonete.

Se eu continuar nesse ritmo, mês que vem consigo alugar um lugar maior para mim. Mas foi só pensar nisso que o destino me mandou um recado; nada de criar falsas esperanças Hope. Eu estava no ponto de ônibus quando um rapaz encostou e mandou dar tudo o que eu tinha. Ele apontou uma arma para a minha cabeça e não contente com o pouco que eu tinha, me bateu e tentou me estuprar. A rua estava deserta, o ponto de ônibus estava em um lugar afastado da lanchonete e com pouca iluminação.

- Eu sei que você tem dinheiro em algum lugar vadia! Mas vou te dar uma lição para nunca mais mentir! -Ele diz descontrolado.

O medo me paralisou, não consegui gritar, correr ou implorar para ele me soltar. Eu simplesmente fiquei paralisada de pavor. Mas acho que alguém ainda olhava por mim, por que um homem estacionou o carro e quando gritou a primeira vez, o homem que me segurava se assustou e saiu correndo, mas não sem me machucar um pouco mais e levar a minha mochila. Ele me deu um soco no estômago e me jogou no chão, para só então sair correndo.

- Você está bem? -Uma voz grossa pergunta.

- Si... Sim. Ele iria... Ele iria me estuprar. Obrigado por me salvar senhor?

- Roger. Você precisa fazer um boletim de ocorrência, precisa ir ao um hospital e ver se ele não te machucou mais seriamente. -Ele diz.

- Eu...

- Olha meu bem, não precisa ficar com medo. Meu nome é Roger Salomão e sou da polícia, você não precisa ter medo. Vou te levar ao hospital e pedirei para alguém tomar o seu depoimento, depois te levarei para a sua casa.

Ele não aceitou uma recusa e me levou para o hospital, fez questão que eu fosse atendida pelo melhor médico. Fiz um raio-x e graças a Deus estava tudo bem, apenas luxei o tornozelo, alguns arranhões nas mãos e um pouco de sangue no canto da boca. Depois de uma polícia tomar o meu depoimento, Roger me levou até o seu carro e me levou para casa.

- Você sempre trabalha tão tarde? Aquele local é um pouco perigoso para uma menina sozinha. -Ele pergunta.

- Eu preciso trabalhar, não tenho família ou estudos, então não existem muitos lugares que contratam garotas sem experiência. Minha vida é uma bosta, minha colega de quarto roubou tudo o que tinhamos comprado juntas, levou o dinheiro que tinha guardado durante meses! Então respondendo a sua pergunta; sim, eu sei que lá é perigoso só que eu preciso trabalhar ou não terei o que comer ou onde dormir. -Falo em um rompante de raiva.

Sei que ele fez apenas uma pergunta, mas odeio que sintam pena de mim ou me tratem como uma idiota.

- Eu não estava te julgando meu bem, foi apenas uma pergunta de alguém que ficou preocupado. Eu ouvi seu depoimento e sei que não tem ninguém por você, sei que está sozinha. Essa sua amiga é uma vadia e não vai muito longe. -Ele diz e eu me sinto uma pessoa tão ruim depois disso.

- Me desculpa ok? Eu estou cansada, estava trabalhando desde as oito horas da manhã, não tive tempo para comer direito e tudo isso apenas se tornou demais.

- Está desculpada. Agora me fale mais sobre você, o caminho até a sua casa é um pouco longo. -Ele pede interessado.

- Minha vida não tem nada de interessante, senhor Roger. Foram dezoitos anos vivendo no sistema, sendo rejeitada ano após ano, vivendo de doações dos outros, ajudando a cuidar das outras crianças. Eu sou muito agradecida por ter vivido lá até meus dezoitos anos, por que sei que existem lugares piores. Pelo mesno lá eu tinha uma cama para dormir, um prato de comida para comer, e fui educada e enviada para a escola. Trabalho de tudo o que aparece, desde que seja um trabalho honesto.

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