Uma segunda chance de felicidade? Talvez?

Eu não deveria nem mais me surpreender

Ele se inclinou para trás e esticou os braços acima da cabeça, fazendo uma careta para os sons de estalo vindo de suas costas. Ele se moveu de um lado para o outro para tentar afastar o sentimento tenso e suspirou de frustração. Harry estava no sótão e tinha acabado de encontrar uma caixa que mais ou menos gritava 'ilegal'. Parecia mais do que assustador, uma madeira negra gravada com imagens de árvores mortas e flores, e Harry quase podia sentir a magia negra emanando dela. Ele sabia que a magia negra não era necessariamente má, mas esse sentimento era mais do que horrível.

O problema era que embora Harry quase tivesse sido colocado na Sonserina por uma razão, ele não teria ido para a Grifinória se não tivesse sido corajoso de uma forma ou de outra. Pior ainda era que Harry era um indivíduo muito curioso e sua bravura muitas vezes se traduzia em fazer coisas que ele logicamente sabia que não deveria, mas ele ainda fazia porque estava muito atraído pela tentação. (Só porque ele costumava fazer coisas estúpidas não significava que ele não tinha consciência de suas falhas.)

Com sua lógica interior lhe dizendo que era uma péssima,  má  ideia, Harry fez o que costumava fazer quando aquela voz interior se manifestou e a ignorou resolutamente. Ele abriu a caixa assustadora e deu uma olhada rápida dentro para ver se alguma coisa poderia ser salva da magia do mal-sentimento, antes de ouvir um grito frenético vindo de trás dele. Ele se levantou e girou, os olhos vislumbrando um retrato antigo antes de cair para trás sobre a caixa, esmagando seu conteúdo e caindo bem no centro.

Ele sentiu uma estranha sensação de puxão como uma chave de portal em seu estômago, acompanhada por uma escuridão arrepiante atrás de suas pálpebras. Seu último pensamento antes de perder a consciência foi questionar por que a família de Sirius tinha sido tão maluca. Isso, e por que ele não podia simplesmente ouvir aquela sua maldita voz interior pela primeira vez.

OoO

Acordando, Harry gemeu com as batidas rítmicas em sua cabeça. Ele assobiou para as luzes brilhantes no quarto e cerrou os olhos, tentando bloquear a dor aguda. Ele  sabia  que não deveria ter aberto aquela maldita caixa, mas mais uma vez provou que era mais curioso do que uma caixa de Kneazles e ignorou completamente o bom senso. Por que ele fazia coisas assim ele nunca saberia, e era ainda pior perceber que ele provavelmente acabaria fazendo algo tão estúpido novamente.

Ele mexeu seu corpo e resistiu ao desejo de xingar violentamente, sabendo muito bem que a situação era sua própria maldita culpa. Normalmente, o retorno à terra dos vivos era acompanhado por travesseiros macios, um edredom quente e o cheiro de comida flutuando pela casa de um dos elfos domésticos de Hogwarts que aleatoriamente decidiram trabalhar para ele depois da guerra. (Não importa o que alguém lhe dissesse, ele estava convencido de que as pequenas criaturas eram todas insanas.)

Retornar à consciência desta vez  não foi  tão confortável quanto de costume, principalmente porque ele estava amarrado firmemente a uma cadeira, e uma cadeira bastante desconfortável. Respirando fundo, ele lentamente abriu os olhos e piscou rapidamente para se ajustar à luz. Ele olhou para cima e examinou a sala, percebendo que ele aparentemente ainda estava em Grimmauld Place se seus olhos não o estivessem enganando, e ele parecia estar em uma das salas de estar no andar de cima.

Embora fosse certamente estranho; a pintura não estava desbotada e descascada, ele não podia ver os danos de nenhuma das inúmeras infestações que o quarto havia sofrido, e a decoração antiquada parecia cuidada em vez de desmoronar. As cortinas também não haviam sido roídas por Doxies, e ele ficou surpreso ao perceber que havia muito mais artefatos na sala do que ele pensava anteriormente.

Foi quando alguém entrou na sala que sua mente congelou, peito batendo rapidamente no rosto do homem diante dele.

Sirius.