Dizer que dessa água não bebereis é o maior erro que o ser humano pode cometer. O que é arriscado é sempre o mais interessante, talvez pela sensação do arrepio correndo em suas veias enquanto pula um muro fugindo da polícia, ou pelo que aquilo lhe proporciona, como o dinheiro no final das contas. No caso de Ten, isso sempre foi ao contrário. Quanto mais o fazia, mais sentia desgosto de si, mas não poderia parar, não era um covarde, não é mesmo?
Não foi essa água que Ten jurou nunca beber, pois nesta já havia nadado e roubado vários tesouros do fundo do mar. Chittaphon prometeu a si mesmo nunca se render ao amor, pois ele enfeitiça as pessoas, fazendo-as tomar decisões incabíveis. O destino, porém, tinha outros planos quando decidiu que beber a água era pouco, então mergulhou-o e afogou de uma vez. E cá estava ele, em um cinema de mãos dadas com Qian Kun, assistindo a um filme romântico.
Sabia que provavelmente era a pior coisa que poderia fazer, mas sinceramente, podiam culpá-lo? O homem ao seu lado fazia panquecas especiais para si pois sabia que não comia frutas, preparava uma vitamina para os dias que ia ensaiar e roubava beijinhos quando ninguém olhava. Se o coração de Ten era duro, Kun fez um truque de mágica pois este parecia um dance club quando o mais velho estava consigo. Talvez sentir aquelas sensações não fossem de um todo ruim, afinal.
O único porém disso tudo é que Ten sabia que elas tinham um prazo de validade, e venceria assim que os homens de Park Yongsuk o achassem. Ai não haveria mais dias rosas, tardes aconchegado no peito do mais velho enquanto liam um livro juntos ou conversavam sobre coisas mundanas. Só a decepção consigo, e a vergonha.
Seus pensamentos foram espantados quando Kun deu um leve aperto em sua mão e depositou um beijinho em seu cabelo, avisando que o filme já tinha acabado. Ten se sentia culpado por não aproveitar os momentos com Qian, mas o desespero de perdê-lo crescia cada vez mais em seu peito.
- Uma moeda pelos seus pensamentos? – Ofereceu Kun, enquanto caminhavam para casa. Chittaphon preferiu ir á pé, desejando aproveitar ao máximo seu tempo de paz com o mais velho.
- Não é nada de importante, garanto. – Ten sorriu, pois por mais angustiado que estivesse, não queria preocupar mais ninguém com seus problemas. – Vamos tomar um sorvete?
-
Estava sentado na varanda mexendo em seu celular quando Kunhang aproximou-se lentamente com dois sucos, sentando-se em uma das poltronas para conversar com Ten.
- O dia está muito bonito hoje, não acha? O pôr-do-sol daqui é sempre muito inspirador. – Apontou Hendery, tomando um gole de seu suco.
- Te inspira a escrever? Vi que possui algumas poesias muito bonitas.
- Nem sempre. A inspiração é algo muito intuitivo, vem em momentos inesperados. – Kunhang disse, olhando para si. – Você se importa de me dizer seu nome?
- Kunhang eu vivo aqui há 6 meses, como você não sabe meu nome? – Ten estava horrorizado, não sabia se o garoto estava brincando ou realmente tinha esquecido, afinal, tudo era possível naquela casa.
- O seu nome verdadeiro, bobinho. Eu sei que você não é chinês, e muito menos coreano. Sua pronúncia não é tão boa assim, e você tem traços faciais diferentes. – E essa foi a deixa para toda cor do rosto de Ten desaparecer, perplexo. – O que foi? Está com medo de algo? – Pergunto Hendery, desafiador.
- O mundo é muito efêmero, não acha? Acho que esse é meu medo. Não aproveitar o bastante enquanto eu posso. – Disse Ten, em meio aos seus devaneios. – Já que você sabe que isso é só uma máscara, como você consegue gostar de mim ou ao menor me tolerar?
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Pensão Domino || Kunten
RomanceChittaphon não tinha saída. O bandido mais procurado pelas gangues da cidade, conhecido pelo número 10. Bendito número 10. Não tinha onde se esconder, todos em Seoul lhe procuravam avidamente por roubar fortunas de grandes empresários. Fugir era sua...