Snape se afastou enquanto Malfoy caminhou para fora da ala hospitalar, invisível por causa da capa. Respirou fundo, adentrando o local depois de algum tempo e se aproximando do corpo desmaiado de Harry.

— Potter — murmurou próximo ao ouvido dele, com a língua entre os dentes, sorrindo fraco. — Eu ouvi tudo e gostaria que soubesse.

Harry gelou. Ele não imaginou que seu professor estivesse ali o tempo todo, e agora que havia descoberto, estava nervoso. Snape o odiava tanto, que em um piscar de olhos, com apenas aquelas poucas – muitas – palavras que havia ouvido de Draco, poderia acabar com sua vida.

— Mas — voltou a dizer depois de alguns segundos —, eu andei pensando, e tomei uma decisão. Se eu abrisse a boca para ferrar com você, eu acabaria ferrando Malfoy junto. Como sempre, você causando problemas para ele.

Potter reprimia tantos xingamentos em sua cabeça naquele momento... mas havia sentido um alívio ao ouvir que Snape aparentemente ficaria quieto.

— Eu vou te cobrar pelo meu silêncio, Grifinório estúpido — "é claro que vai". — Agora vejo que te manter longe de Malfoy vai causar problemas pessoais para ele. O destino é cruel às vezes, Potter, e eu já senti isso na pele — engoliu em seco. — Não é nada bom. Espero que me agradeça depois.

Sem mais delongas, resolveu se erguer e saiu da sala apressadamente, voltando para seu dormitório.

Severus ficaria em silêncio, provavelmente deixaria Draco ter mais tempo consigo e já sentiu na pele o sofrimento do destino. Aquilo não lhe parecia certo, mas Harry gostava de acreditar que era um pequeno sinal de mudança.

Faltava apenas uma semana para o fim das aulas, e não adiantaria muita coisa, mas já era algo. Algo pequeno, mas era.

E naquela noite, Harry sonhou com Anna Clark no meio do fogo.

— Meninos, eu estou com um pressentimento bom — o loiro ergueu o olhar para a garota de cabelos azuis, que havia entrado em seu quarto com seu coração a palpitar e não conseguia parar de sorrir. — Alguma coisa boa deve acontecer hoje. Eu estou sentindo isso.

— Está, é? — acenou com a cabeça, e então Malfoy deu um sorrisinho, concordando também. — Que bom, então. Mas um pressentimento bom sobre o que?

— Não tenho ideia — bocejou, se aproximando mais dos dois amigos, ainda com o sorriso no rosto. — Mas eu sinto que é algo bom. E sinto que eu vou gostar muito. Meu coração está tão alegre, Dray...

— Ah, será que ele está prevendo seu beijo com o Diggory? — a garota lhe deu um tapa fraco no braço, e em seguida ambos riram.

— Gostaria muito que isso acontecesse, sabe? Sempre que olho para ele, sinto vontade de beijá-lo, porém existe a Chang — rolou os olhos, encolhendo os ombros. — Eu e ele continuamos bons amigos, claro, mas ele se aproximou tanto dela...

— Está com medo de perdê-lo, não está? — a de cabelos azuis assentiu para Zabini, desviando o olhar. Nunca havia ficado daquela maneira por ninguém, e se odiava por aquilo. — Anna, ele não vai te trocar porque é bem óbvio que ele gosta de você. E sobre aquela Corvina, quem liga pra ela?

— Blaise, ela é muito bonita, e realmente não tem competição — riu seca. — Devo aceitar que Cedric e eu seremos "best friends forever" sim ou sim?

O outro Sonserino rolou os olhos, irritado. — Eu quero te bater, Clark.

— Eu também quero me bater, Malfoy — bufou. — Enfim, vamos voltar para a nossa poção e focar que algo muito bom vai acontecer hoje, porque eu sinto isso!

Soulmates • drarry (em pausa)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora