A procura

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O pendulo do relógio balançava enquanto andava pelo comodo procurando, infrutiferamente por algo, nem ele lembrava o que procurava, mas tinha certeza que acharia assim que achasse. Na casa as pessoas ficavam longe do comodo, o pendulo balançava.

Gritavam coisas sem sentido, mas o  homem continuava procurando, incessante, ele procurava. Se colocasse mais afinco em sua procura, ele acharia. Ele prestaria atenção quando ele achasse o que procurava. Almofadas voavam e voltavam para o lugar assim que o homem as atirava e colocava no lugar para não deixar bagunça, tudo em um ritmo marcado pelo metrônomo do relógio.

Os outros fizeram silencio por fim, isso era bom, ajudaria na procura. O homem já tinha chego ao seu limite fazia tempo, sentia isso em seus ossos doloridos, mas não tinha tempo para lamúrias, tinha de achar seu objeto precioso. Por vezes alguém entrava no comodo, ele pedia ajuda, mas as pessoas fingiam não ouvir e saiam, com passos ditados de rítmica sincronia com o relógio.

Traziam objetos estranhos e pediam seu nome. O homem angustiado respondia segurando as  lágrimas, mas ignoravam ele e perguntavam repetidas vezes, ele respondia, agradecia por tentarem ajudar, mas aquele não era o objeto que queria. Tentava consolar as pessoas, logo ele acharia,  tinha certeza, mas ninguém ouvia. Cada batida era uma lagrima a segurar.

Silêncio. O homem sentou numa poltrona, tiraria um tempo.

Foi tirado de sua contemplação quando pessoas estranhas adentraram a casa, tinham objetos brilhosos na mão, ignoravam uns aos outros, não apenas ele. Isso deixou ele mais calmo. O ritmo do relógio pareceu diminuir.

Uma criança entrou na sala e lhe ofereceu um objeto, ela parecia preocupado com ele. Ele aceitou gentilmente o objeto, era o que estava procurando. Uma foto dele e sua família, a criança sorriu para ele até ser arrastada para fora do comodo. O relógio parou. O homem decidiu que cochilaria um pouco na poltrona até o jantar.

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