R: Ai, tá bom, vai! – bufou, endireitou-se no sofá e esticou a mão para pegar o aparelho das mãos de Bia – Se eu surtar de novo, a culpa é sua!

B: Se tu surtar de novo, eu tô aqui! – sorriu e apertou a mão dela.

Sem interferir mais, Bia também grudou no próprio celular e trilhava carinhos na coxa de Rafaella enquanto ela checava suas mensagens.

Vez ou outra, claro, a carioca espiava suas reações. E foi em uma dessas espiadas, quando percebeu Rafa percorrer a mão pelo cabelo em um gesto nervoso, que ela resolveu interferir.

B: Que foi, amor? – apertou suavemente a coxa dela.

R: Tô lendo a janela dele, deixei por último... – continuava com os olhos fixados na tela do celular.

B: Muito surto?

R: Só daquele tantão de sempre... – levou a mão à boca, e Bia reparou outros gestos nervosos nela como morder o lábio e a unha – Mas ao menos parece que tá dando tudo certo lá no hospital e amanhã eles já voltam pra Goiânia.

B: Aí, boa notícia então! – soltou o próprio celular e virou-se de lado no sofá, questionando quando percebeu Rafa mudar de janela no aplicativo – Terminou?

R: Acho que sim! – respirou fundo, mais de uma vez.

B: Agora vem cá então... – puxou ela, recostou no braço do sofá, acomodando Rafaella entre suas pernas e com as costas em seu peito. Quando se ajeitaram, quis saber – E o resto de tudo? Trabalho, família...

R: Tudo bem, aparentemente. Amanhã vai ser dia de muita correria, mas conseguiram empurrar tudo que ficou pendente hoje. – abraçou os braços de Bia que lhe envolveram.

B: Viu como deu tudo certo e nem doeu passar um dia off?

R: Verdade, não tinha doído nada até voltar a ficar on. – suspirou.

B: Te incomodou tanto assim?

R: Acho que ainda vai incomodar por um tempo, mas mais porque me irrita ter que sair da sintonia que eu tô com você e encarar essa loucura de novo. – respirou fundo outra vez e Bia apertou ela entre os braços.

B: Calma, você vai ter que aprender a deixar esse assunto ir serenando dentro de você, senão vai voltar tudo de novo. – beijou o rosto dela – Já acabou, ele não fez mais nenhuma loucura, tá indo embora amanhã e pronto.

R: Sim, mas ele ainda continua me mandando essas mensagens, me pressionando, insistindo, ameaçando, tudo igual. – foi mais clara sobre o conteúdo do que leu.

B: Tu já disse o que tinha que dizer pra ele, já terminou o namoro, insistir nisso é uma escolha solitária dele. Uma hora ele desiste e, se te incomodar muito, tem outros recursos, né... – fez uma pausa – sempre pode trocar de número, ainda que seja um grande perrengue isso.

R: Nem me daria a esse trabalho, porque em dois tempos ele conseguiria de novo. – revirou os olhos.

B: Como foi quando vocês terminaram o casamento? O mesmo perrengue?

R: Mais suave pelas circunstâncias da culpa dele, né? As traições todas que foram expostas e tal... Ele ficou acuado e me acuou menos! Só quando eu baixei a guarda, quando tudo já estava bem entre nós dois, é que ele resolveu se soltar de novo.

B: Hum... – ouvia atentamente, mas com a cabeça também trabalhando em todas as dúvidas que tinha – E ele voltou a te procurar só depois do programa mesmo?

R: Antes um pouco, mas mais de leve. Depois do programa a coisa aumentou muito... – deu uma risada sarcástica – Aparentemente enquanto eu estive confinada ele voltou a achar que tinha algum domínio sobre a minha vida, já que palpitou tanto que deu no que deu, né?

Cinco Dias (RABIA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora