— Olá, estão prontos para fazer o pedido? - Um moça com os cabelos trançados e um lindo sorriso aparece do nosso lado.

— Sim. - Adam sinaliza para que eu seja a primeira.

— Tem chocolate quente com gotas de chocolate e...

— Creme. - Adam me corta, o olho surpresa por ele lembrar.

— É, creme. - Confirmo, desviando minha atenção para o lado de fora da lanchonete, observando as variedades de carros.

— Eu quero o mesmo.

Ele diz para a garçonete que logo se afasta.

— Então...?

Pergunto sem desviar o olhar dos carros.

— Acho que eu deveria começar pelo passado. - Ele respira fundo, como se estivesse se preparando. Minha atenção volta pra ele, percebendo o quanto ele estava nervoso. — Eu nem sei como começar.

Ele ri, passando as mãos no rosto.

— Comece do início.

— Ok. Éramos crianças quando nós nos tornamos amigos, depois muito amigos e melhores amigos e por fim, namorados. Eu me esforcei para ser o melhor para você Sam, éramos perfeitos, mas era uma grande mentira.

— O quê? - Agora eu rio. — Como assim? Pra mim foi bastante real.

— Eu não quis dizer literalmente, tanto você quanto eu sabemos que fomos influenciados pelos nossos pais, então não me julgue, me cobram tanto quanto cobraram você na sua vida, não tem um dia sequer que não me cobram a droga da perfeição e com todo meu coração, eu amo você. Amo tudo que vivemos juntos e se eu pudesse ter sua amizade de novo, eu faria de tudo pra isso, mas eu não aguentava mais, não aguentava mais ver o quanto você me amava, porque mentir pra você era insuportavelmente doloroso, Sammy.

— Adam, eu não estou conseguindo compreender tudo o que você está falando. - Em que ele mentia pra mim? Ele me traia bem antes dele terminar comigo? Ele a amava? Ou o que?

— Mentir que eu te amava da mesma forma. - Ele me olha, talvez esteja esperando alguma reação minha, mas eu estou petrificada nesse banco.

Sinto que estou entrando em estado de choque. Todos aqueles anos?

— Eu só suportei aquilo tudo porque eu amava nossa amizade, amava cantar com você, jogar com você, amava tê-la em todos momentos, principalmente os ruins que você sabe bem que não foram poucos, mas eu fui um filho da puta de um covarde que não teve coragem para dizer a você... E no dia anterior antes de eu pensar em toda merda, você me disse um "eu te amo" tão verdadeiro que machucou minha alma de um jeito irreparável, então achei que se você me odiasse, iria doer menos em você.

Ele para de falar para pegar os chocolates quentes que a garçonete trouxe, eu não conseguia desviar o olhar dele, muito menos escutar qualquer coisa em minha volta, apenas vejo quando a garçonete se afasta.

— Então fiz o pior erro da minha vida, porque além de perder você como namorada, eu perdi a minha melhor amiga e eu sei que não posso reparar o estrago que fiz, eu nem quero isso, eu só quero ir embora em paz e pelo amor de Deus, reage.

— Eu...eu nem sei o que eu estou sentindo agora. - Passo a palma da mão para secar as lágrimas que caiam e eu nem sequer sentia sair.

— Tudo bem, eu entendo e sobre o Philipe, eu contei ao seu pai porque eu quis te proteger, Philipe me assustou de primeira, tão...diferente de mim, eu não sei o que pensei quando liguei para o seu pai da primeira vez.

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