O tempo livre torna-me consciente do vazio da minha mente
O futuro com que sonhava? Ah, doce ilusão que me engenava.
Cidade que me sufoca, muro que ao inferno convoca.
Liberdade cinza que ser humano exalta
Racional quimera que de emoção falta.
Prédios, casas, salas, plurais que dilaceram o ser
Ignorância que conduz o meu Dever
Ausência de sentimento bruto
Ânsia que se cala no peito
Na regra social todo meu preceito
Que designa Destino fajuto.
Nada nos pertence mais
Livre? Jamais.
Se não pode correr sem medo.
Se não pode ver o sol raiar no muito cedo.
Se o Trabalho torna-o escravo
Se o todo Tempo anda bravo
Se antes se contava sobre culturas
E hoje se contam sepulturas,
Como falar em liberdade?
Quem pode não ver essa mórbida realidade?
Roupa, consumo, dinheiro
Regem este Mundo sob rígida regra
Que no presente, o futuro e o passado, congrega
Mas queria eu ser só festeiro
que se esconde dentro da adega
E que todo este Dia renega
E, se há males, os afugenta
Porque neste ébrio estado não há tormenta
Há felicidade,
Mas, de um começo e de um fim, não há saudade.
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Sepulturas
PoesiaPoema sobre a vida na cidade, sobre a liberdade. Se curtir, dá like!