Interlúdio

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Sumário : Zulema inicia seu jogo.

Notas:  Lembrando que na época não tinha visto a série completa, então havia escrito Rizzos como se ela ainda estivesse namorando com Macarena.


Zulema girava lentamente a colher entre os dedos.

Os últimos dois dias passaram mais devagar do que ela gostaria — como costuma acontecer com os dias dentro da prisão — com seus pensamentos nunca deixando verdadeiramente sua conversa anterior com Macarena.

Ela havia sentado na cafeteria, na hora do almoço. Inicialmente, tinha decido sentar-se sozinha para refletir sobre a demanda de Macarena — era a única palavra capaz de descrever aquela conversa, a loira não estava pedindo.

Zulema tentou fazer seu guarda se vingar dela, mas sem sucesso. Ou ele simplesmente a ignorava, ou nunca estava perto o suficiente para ela poder tentar qualquer coisa. Se machucar seria óbvio demais, ela tem má reputação, eles simplesmente a deixariam sangrar em sua cela.

Ela estava ficando sem tempo. Ela precisava de alguém para fazer isso por ela.

Eventualmente, seus pensamentos migraram lentamente de volta para a loira.

Não conseguia identificar exatamente quando Macarena se tornara alguém tão parecido com ela.

Claro, Zulema teve seu quinhão de caos implementado em sua vida, ela não era uma pessoa muito fácil de lidar — sua educação nunca lhe permitiu muita suavidade. Se você é suave, você morre. Era muito simples.

Mas Macarena não teve décadas para endurecer. Ela teve anos, quatro para ser exata.

Ela se lembra do dia em que Macarena pisou dentro desta prisão, tão inocente — um passarinho, expulso de seu ninho para o mundo escuro e sombrio. Receoso. Mas de alguma forma sempre encontrando uma maneira de enfiar o nariz onde não pertencia.

Como ela tremia só de olhar.

Agora?

Ela está entrando na prisão como ela a possui, a governar, sentando na frente de Zulema e pedindo, não, exigindo que Zulema a ajude em um assalto que ela mesma planejou.

Os dias são lentos na prisão, mas as pessoas mudam como uma corrente quando ficam presas lá dentro.

Um riso a interrompe de seus devaneios.

O som é abrupto o suficiente para fazê-la errar e deixar a colher cair sobre a mesa.

Irritada, ela olha em volta, tentando encontrar a origem do som.

Mas é claro.

Seus olhos capturam o último casal feliz que ainda resta há algumas mesas dela. Saray e Rizzos. Que história de amor. Rizzos ficou triste que Macarena saiu por exatas três horas inteiras antes de rastejar de volta para Saray.

Absolutamente destinadas a ser.

Com um suspiro, Zulema começa a esfregar as têmporas, uma dor de cabeça começando a tomar forma. Ela sentia falta dos cigarros.

Ela sentia falta de muitas coisas.

Quando outra gargalhada explode pela cafeteria, uma idéia começa a se formar em sua cabeça.

Por que não?

Com um sorriso diabólico nos lábios, ela se levanta lentamente e se dirige ao casal apaixonado.

O riso para no minuto em que ela entra no campo de visão delas.

"O que você quer, Zulema?" Cospe Rizzos, com nenhum vestígio daquele barulhinho irritante de antes.

Saray hesita, escolhendo ver a cena acontecendo na frente dela. Ela sabe que não deve confrontar Zulema sem justificativa.

"Oh, eu? Nada. Só queria bater um papo" Zulema ri, sua voz tão inocente. Ela pega uma cadeira e se senta.

"Quem disse que você poderia se sent—"

"Você sabia que Macarena veio me visitar há alguns dias atrás?"

Isso a faz pausar.

Uma sobrancelha se levanta no rosto de Saray, mas ela não diz nada. Rizzos, por outro lado, parece que ela levou um tapa.

"Você? Ela veio te ver, de todas as pessoas?" Rizzos bufa, sem acreditar nem um pouco. Se Macarena fosse visitar alguém, ela seria a primeira.

Não é?

"Nós éramos melhores amigas, não éramos?" Zulema está aproveitando cada segundo disso. Ela se ajusta nos cotovelos. "Nós adorávamos trançar o cabelo uma da outra, compartilhar segredos ..." Ela faz uma pausa, saboreando este momento.

Agora, era hora de iniciar o jogo.

"Compartilhar camas."

A reação de Rizzos é imediata.

Sua cadeira cai quando ela se levanta abruptamente, com o rosto vermelho, batendo os dois punhos na mesa. O som faz a cafeteria parar e assistir. Não há muitas maneiras de se distrair na prisão, então uma luta é sempre uma delícia saborosa de se ver.

Nunca espere receber ajuda se as coisas derem errado.

O que é exatamente o que ela quer.

"Você está mentindo! Sua puta mentirosa! Macarena prefere estar morta do que deitar na cama com você!" As palavras sibilam entre dentes fechados, um som enfurecido que faria qualquer tolo hesitar.

Mas Zulema não era tola.

"Bem, ela veio me visitar, não foi?" Zulema agora tem as mãos apoiadas suavemente sob o queixo, batendo nos cílios delicadamente. Ela sabia que seria uma boa semana.

Rizzos hesita.

Ah

Não tem tanta certeza agora, não é?

"Não dê ouvidos a ela, Ri, ela está apenas tentando fazer você ficar irritada." Saray tenta, e falha, fazer Rizzos se sentar novamente — decidindo ficar apenas ao seu lado, sem querer piorar as coisas.

A cafeteria inteira está assistindo agora. Esperando. Rizzos com raiva sempre terminava em um ou dois socos. A expectativa cresce ansiosamente.

"Quem teria pensado que ela preferiria a malvada, não é?" Zulema começa a cutucá-la, lentamente, uma agulha de cada vez. "Talvez você simplesmente não a amasse o suficiente." Outra agulha. "Ou talvez simplesmente não a tenha fodido o suficiente."

É o bastante.

Zulema tem tempo o suficiente para puxar a língua para dentro antes de receber um punho direto na mandíbula, fazendo seus dentes estalarem audivelmente. Ela sente sua boca se encher de sangue antes de Rizzos repetir.

A alegria irrompe pela cafeteria, mas ela apenas ouve um tamborilar nos ouvidos, seu coração batendo forte no crânio.

A dor de cabeça agora com carga total.

Ela pode sentir mais do que ver Rizzos jogando-a no chão, de joelhos acima dela, dando um show para o público.

Zulema está com as mãos coladas ao lado do corpo, recebendo cada soco de bom grado. Ela precisa de dano, ela precisa de sangue, ela precisa estar na ala hospitalar hoje.

Sua visão começa a desaparecer,
estrelas explodindo por atrás das pálpebras.

Os socos param, e ela se sente sendo levantada, gritos ecoando no fundo de sua mente.

A última coisa que ela vê são as frias luzes brancas da enfermaria, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.

Isto é apenas o começo.

WaterlooOnde histórias criam vida. Descubra agora