Acidente

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Pov Any

Pelo menos nesses últimos 3 dias eu tive um descanso necessário e urgente do Beauchamp. Por algum motivo abençoado aquele demônio resolveu finalmente me deixar em paz um pouco.

Com minha mãe não foi muito diferente também, quanto mais perto chegamos daquele dia mais transparente ela fica e quase nem fala comigo. Faltava exatamente 2 dias se está se perguntando, e se você quer saber parece que nunca sai daquele dia.

Eu ia confrontar minha mãe sobre ela ter aberto a boca pro Beauchamp mas ela já ta muito mal e a última coisa que eu quero é magoar ela justo agora.
Como eu estava na sala resolvo mais um dia ficar deitada na minha cama sem fazer nada.

Ai passar pelos corredores não consigo evitar ao parar pela porta um pouco depois da minha e ficar encarando com a mão na maçaneta.

Flashback on

—Any! Vocês vão se atrasar!

—Mas a Belinha tá enrolado mãe eu já to pronta faz tempo!

—Vai chamar ela!

Corro em direção as escadas e começo a bater na porta de seu quarto chamando por seu nome. Sem nem pensar entro e a encontro acabando de pentear seu cabelo

—A mamãe disse pra você correr sia louca quer ver ela de mau humor?

—Já to indo calma aí

—Deixa que eu te ajudo com isso você demora muito.

Pego a escova de sua mão e começo a pentear o cabelo o mais rápido possível pra que eu não leve bronca depois. Tínhamos uma festa importante pra ir de uns amigos da mamãe então ela não queria atrasos.

Depois de alguns segundos acabando de pentear o cabelo de Belinha agarro sua mão e corro para a porta

—Esperaaa, você disse que ia medir minha altura

Belinha tinha uma mania de toda vez marcar sua altura no batente da porta, então para evitar birra pego uma canetinha roxa qualquer e marco na altura de seu cabelo uma faixa na porta. Era uma porta normal a não ser pelo fato dos mil e um adesivos que ela grudava na frente e na parte de trás dela, incluindo também alguns rabiscos de canetinha que ela fazia quando não achava folhas de sulfite para desenhar.

Logo depois descemos correndo e dando risadas enquanto a nossa mãe tentava desesperadamente tentar achar a chave do carro.

Flashback off

Limpo rapidamente uma lágrima teimosa que insistiu em cair enquanto minha mente entra em uma colapso sobre a indecisão de entrar ou não.

Desde o que aconteceu, não tive coragem de entrar mais lá. Minha mãe também não, apesar de que já vi ela entrando por alguns segundos e logo depois saindo. Sei que se eu entrar vai estar tudo como antes, já que nenhuma das duas quis destruir a última memória que tínhamos dela.

Mesmo com todo esse tempo, ainda consigo sentir o forte cheiro de seu perfume da barbie no qual ela borrifava em tudo, até mesmo em seu cabelo, e tenho que admitir que o cheiro era realmente bom.

Flashback on

— Vai Any pufavooooo!- implora Belinha

—Não Não não e Não. Eu não quero que você estrague meu cabelo com essa gororoba que você fez

—Mas eu vi um vídeo no YouTube,  e todo mundo falava que dava certooooo

Olho desconfiada para a pequena tigela onde ela tinha misturado todos os ingredientes possíveis e por fim colocado muito, MUITO, de seu perfume da barbie

—Não se pode confiar na internet hoje em dia, então N, A, O, tio. Porque você não passa no seu próprio cabelo?

—Porque eu não quero estragar meu cabelo horas.

assim que me dou conta ela joga aquele negócio em mim.

—Ahhh você me pagaaaaa

Pego o que da daquela gororoba e jogo em seu cabelo, que faz ela ficar furiosa e continuamos a guerra até perceber a bagunça que nos tínhamos feito.

Flashback off

Não consigo entrar. Minha mão mexe na maçaneta e vira ela alguns milímetros até que desisto e resolvo ir para meu quarto, com as memórias daquela noite ainda me assombrando.

Lembro exatamente com foi, com os mínimos detalhes, até hoje, depois de um ano, nunca consigo esquecer esse dia e ainda tenho pesadelos com o acontecido.

Depois de tudo o que aconteceu, demorou muito até eu conseguir sequer entrar em um carro de novo, e até hoje não entro em taxis muito menos Ubers.

Por muito tempo eu pegava o caminho mais longo pra escola, só para não ter que passar por aquele lugar sem ter vontade de chorar.

Como o trauma causado em mim foi muito grande, minha mãe resolveu me deixar em uma espécie de hospital para loucos, basicamente. Eu tinha que fazer terapia todos os dias, e minha mãe me deixou lá por um semestre inteiro, acredito eu que para se recuperar melhor da morte de sua outra filha.

Ela nunca me disse que era culpa minha, mas eu sei que no fundo, depois de se culpar pelo ocorrido, ela acha que eu tenho minha parcela também, até porque tenho.

Naquele dia tinha surgido um imprevisto no trabalho de mamãe, e ela me ligou falando que teria que remarcar o jantar com aqueles amigos de infância dela, já que não teria tempo de nos buscar.

Eu falei pra ela que não precisava, que eu pegava um taxi e ia com Belinha até o restaurante, já que ela estava muito animada com esse jantar. Claro que ela ficou receosa de deixar, já estava escuro lá fora, mas eu reafirmei que não era problema e que não iria acontecer nada.

O restaurante devia ser no máximo 20 minutos de casa, mas como estava a noite e um pouco de trânsito, iria levar meia hora, mas até então não estava preocupada.

Assim que entramos no taxi começou a garoar, e logo depois uma chuva razoavelmente forte, mas estávamos no meio do caminho.

O motorista não fez nada de errado, e eu estava sentada na janela do banco de traz, enquanto Belinha estava na outra janela. Estávamos fazendo tudo na lei, com cinto de segurança e respeitando todas as regras, mas para o nosso azar o caminhão que fez o cruzamento não estava. O motorista do caminhão tinha perdido o controle do veículo e estava tentando retomar mas com a pista molhada ele não conseguiu frear a tempo quando ele passou o farol vermelho e atingiu com tudo a lateral do taxi. Justamente a lateral do motorista que era a mesma lateral que estava Belinha.

Belinha morreu na hora, e o motorista morreu a caminho do hospital. Os médicos disseram que eu tive muita sorte de ter quebrado somente um braço e alguns cortes que por sorte a maioria não deixaria cicatrizes, só algumas pequenas na perna.

Como na hora eu tinha desmaiado, não soube que Belinha tinha morrido até quando minha mãe me contou. Lembro exatamente de estar deitada na cama do hospital e quando olhei pela porta vi minha mãe se ajoelhando no chão e chorando logo depois de um médico ter conversado com ela, e foi naquele momento que eu soube o que tinha acontecido.

Olho pro meu teto com lágrimas nos olhos já sabendo que amanhã não iria a escola denovo, não queria ver ninguém e não queria Joalin e Sabina tentando me confortar e sentindo pena de mim.

Felizmente amanhã era sexta, então eu só iria perder 2 dias de aula essa semana: hoje e amanhã.
Minha mãe me convenceu a ir ontem, mas agora não sinto disposição para nada.

Oi genteeeee
Desculpa pelo meu sumiço eu tava com uns problemas aqui mas eu vou entrar de férias então vai ter muitos capítulos por aiii

Espero que tenham gostado,

Byeee

My Favorite Love Song - Beauany (Hiatus)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora