• 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 8 •

486 50 24
                                    

Brian May

6 de abril 1981, São Paulo-Brasil

"Oi, Bri.

Recebi a sua carta bem atrasada, o correio do Brasil é uma merda, mas melhor isso do que nada não é? Eu também não consigo tirar você da minha cabeça, eu passo o dia inteiro ansiosa para poder falar com você Bri.

Eu estou bem, muito feliz com o emprego. É tão bom ter seu próprio dinheiro, e não depender de mais ninguém, ou ouvir besteiras do meu pai. Eu tenho comido pouco brigadeiro ultimamente, mas sempre que posso lembro do dia que te fiz o mesmo. Já tentou fazer aí? Espero que consiga, aí pode matar um pouco da saudade do Brasil.

Ah, Brian, eu nunca fui de olhar muito as estrelas... bom, quando eu era pequena tia Marta disse que uma delas era minha mãe, mas eu não queria ela lá como uma delas, eu queria ela comigo. Mas, vou procurar admirá-las mais, bom, quem sabe assim eu possa me sentir mais perto de você de alguma forma.

Semana passada eu nem te contei, mas ganhei o LP de vocês de um amigo. E escutei as músicas que me indicou (tirando todas as outras que eu estou bastante viciada), eu amei as duas. No caso, a música que você disse que parece comigo é mais minha relação com o papai.

'Somebody to love' virou o meu xodó, Brian, eu estou amando essa música com todas as minhas forças.

Bom, eu estou com muita saudade de você, queria poder pegar o primeiro avião para Inglaterra e ir de encontro contigo. Sinto saudades do meu carinho por mim, do ego do Freddie, da ressaca do Roger, do mandão do Miami e do calado do John. Espero reencontrá-los logo.

Eu fico feliz por ter feito amigos, e principalmente um AMIGO como você.

É isso, Bri. Essa é minha primeira carta pra você, não é tão espetacular como a sua, eu não sou tão boa com as palavras assim como você. Aguardo sua próxima carta ansiosamente.

Com amor,
Malu.

Terminei de ler a carta de Maria Luiza, e cada frase escrita ali, coração apertava de saudades. Estava pronto pra escrever a próxima pra ela, mas escutei alguém bater na minha porta desesperado.

— Já vai. — gritei, e me levantei dando de cara com os meninos assim que abri a porta. — Se derrubasse essa merda, você que iria pagar outra.

— Não vai convidar a gente pra entrar? — perguntou Freddie, e dei espaço para eles.

— O que vieram fazer aqui? Nós temos ensaio amanhã, o que quer que seja creio que pode esperar até lá. — falei me sentando em uma poltrona que tinha ali.

— Ih, sabe como o Bulsara é, não consegue segurar muita uma coisa. — Deacky disse, e Freddie o olhou com cara feia.

— Já pedi para você parar de me chamar de Bulsara, eu não respondo mais por esse sobrenome. — Freddie rebateu e John riu dele.

— De quem é isso, May? — Roger disse quase pegando a carta, mas fui mais rápido e peguei antes.

— A curiosidade mata, sabia? — falei guardando a carta no bolso. — Mas, a carta é da Malu. — todos se olharam e eu revirei os olhos. — Sim, o que trouxe vocês aqui?

— Fala logo, Freddie, sei que está morrendo de voltade disso. — disse Roger.

— David Bowie, ele quer gravar uma música com a gente, darling. — Freddie disse animado, e eu abri um grande sorriso. — Isso não é incrível?

— Isso é perfeito. — passei as mãos pelo cabelo. — A música iria para o nosso novo disco?

— Ainda não decidimos, vamos ver depois. — disse Deacky.

— Estávamos pensando em sair mais tarde pra comemorar, o que acha? — disse Roger, e eu fiz uma cara feia. — Ah, qual é? Tem que se divertir.

— Eu prefiro ficar em casa. — me esparramei no sofá. — Me admira você sair, Roger, você vai ser pai e não quer amadurecer nem um pouquinho.

— Meu filho nem nasceu ainda. — Rog disse indignado.

— E quando ele nascer? Vai continuar saindo?

— Prefiro nem te responder, Brian May. — ele bufou. — Pelo menos eu não estou apaixonado por uma menina que está a quilômetros de distância de mim, e não sei quando vou ver de novo.

— Cala a boca, Roger. — me alterei. — Não fala o que não sabe.

— Por favor, não fala dela, Rog. — pediu Freddie.

— Concordo com ele, Rog. — disse Deacky.

— Nada contra a Malu, gostei bastante dela, ela é uma menina incrível, e certamente uma das melhores mulheres que a gente já conheceu depois da Mary. — Rog disse. — O problema é que ela está do outro lado do mundo, e o Bri está caidinho por ela, como que uma coisa a distância vai dá certo?

— Ninguém manda no coração, Roger Meddows-Taylor. — Freddie disse. — Pode dá muito certo, como também pode dá errado... apenas eles e o tempo que podem dizer. E eu vou apoiar meus amigos, até porque eu acho que os dois super-combinam.

— Obrigada, Mercury. — falei e sorri para o meu amigo. — Enquanto estivermos nessa vibe, eu vou continuar lutando por ela... não sei se vou fazer dela a mulher que vou levar pra vida, mas eu quero viver o hoje.

— Isso ai, meu amigo. — Deacky veio até a mim, e deu tapinhas em minhas costas.

Rog talvez tivesse um terço de razão, mas e daí? Eu gosto de Maria Luíza, e prefiro deixar o tempo dar todas as respostas.

Eu só quero mentalizar que logo vou ver aquele rostinho perfeito, com aqueles cabelos na altura dos ombros, e seu cheiro de perfume de bebê... e sentir seu abraço em que ela precisa ficar na ponta do pé para o mesmo, e me dá um beijinho na bochecha.

Essa noite eu iria olhar as estrelas, e lembrar dela, como quase todo dia.

Somebody To Love • Brian May • (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora