A Revolta Temporal dos Robôs da Lua Parisien

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            Jimboo rastejava o mais rápido que conseguia com seu corpinho de goopiano. Ele não era do tipo atlético, mas sim do tipo moderadamente inteligente, por isso fora designado ― no momento de seu nascimento ― para trabalhar com montagem e manutenção de robôs, algo que exigia mais da mente que do corpo dos goopianos, mas não tanto quanto se poderia pensar.

            Era justamente um grupo desses robôs que agora perseguia Jimboo e, caso ele fosse pego, ser exterminado era a melhor coisa que eles poderiam fazer. Tinha destinos piores, e é por isso que Jimboo corria. Se pudesse, voaria. Mas não era da família real, então... bem, não.

            A fábrica de robôs estava completamente destruída e revirada do avesso, o que a tornava estranha para Jimboo ― ou qualquer outro que ainda sobrevivia ali ― correr pelo lugar, se localizar. Conhecia a fábrica com a palma de sua mão, mas ela não estava em seu estado normal. Na verdade, parecia que estava de cabeça para baixo. Só faltava Jimboo olhar para cima e ver as esteiras e máquinas coladas no teto. Quando pensou nisso, olhou mesmo para cima, ainda enquanto fugia, e pode respirar aliviado por não ver nada. Todo o maquinário estava caído e destruído no chão.

            Foi quando Jimboo teve uma incrível ideia: lançou-se na direção de um dos gigantescos equipamentos, procurando passagens estreitas pelas quais poderia se esgueirar. Os robôs não poderiam segui-lo. Quer dizer, eles poderiam, e o fizeram, mas abrindo caminho à força com murros, pontapés e cabeçadas. Algumas vezes, seguravam as paredes de metal que ficavam em seu caminho e a rasgavam com as mãos nuas, tamanha a força de seus músculos robóticos.

            Ah, sim, porque diferente dos goopianos, os robôs que eles construíram possuem braços e pernas. Por algum motivo estupidamente idiota, os goopianos não fizeram robôs com seu próprio formato corpóreo, por assim dizer, mas com grandes, esguios, esbeltos e metálicos corpos humanóides, incluindo polegares opositores e alturas que facilmente ultrapassavam um metro e oitenta ― enquanto os goopianos têm, em média, o que? Uns trinta centímetros?

            Corpos fortes e poderosos, combinados com uma inteligência artificial sempre em aprendizado, e você o que você pode esperar? Uma revolta de robôs.

            Os robôs, na verdade, foram projetados justamente para fazer coisas que os goopianos não conseguiam fazer, como pegar objetos nas prateleiras mais altas de uma estante ou carregar blocos de concreto de duas toneladas, por exemplo. Claro que, com o tempo e o estilo de vida que os humanos chamam de “capitalismo”, os goopianos começaram a vender e comprar robôs para todas as finalidades.

            Porque se um goopiano queria carregar algo, ele tinha que fazer como Jimboo fazia agora: usava a força telecinética de sua mente. Mas isso era cansativo e requeria muita concentração dos goopianos.

            Mas Jimboo não podia se deixar abater, a vida de todos na fábrica ― na galáxia! ― dependia de seu último esforço. Foi quando ele viu Nayl parado, esperando por ele, como combinado. Por sorte havia despistado os robôs, mas não duraria muito. Adiantou-se o máximo que pode, precisava de qualquer vantagem para que Nayl fugisse com a peça que fora roubar.

            ― Nayl! Aqui!

            ― Ah, Jimboo! Conseguiu a núcleo energético radioativo? ― Perguntou.

            ― Aqui ― entregou-o.

            ― Obrigado, amigo. Isso será para sempre lembrado.

            ― Já decidiram quem será enviado?

            Nayl reparou que Jimboo estava completamente esgotado, falando com dificuldade, ainda que só se comunicassem por pensamento. Ainda assim, queria garantir que o amigo sairia dali com vida ― mal sabia Nayl que o próprio Jimboo já havia desistido de lutar a muito tempo.

As 3 Crises Sem Precedentes dos GoopianosWhere stories live. Discover now