Capítulo 2

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Parecia que o horário de almoço não ia chegar nunca. Minha barriga estava até negativa de tanta fome e minha cabeça latejava tanto que tinha vontade de bater ela na parede... Mas pensando bem, isso só iria piorar a situação. Droga! Acho que vou comprar um advil na farmácia depois.

São por volta de 12:30 e já consegui dar uma boa arrumada no corredor. Depois daquele horário da manhã não havia tido muito movimento na loja então foi bem tranquilo.

Mais uma vez vou até o balcão fiscal marcar o ponto e logo em seguida subo para o refeitório que fica no andar superior ao da loja.

Paulo já está lá. Ele tem o costume de guardar um lugar para mim, pois sabe que eu sou meio lento para andar. Se não fosse por ele, na maioria dos dias eu teria comido em pé ao lado da pia.

Hoje o menu é macarrão com carne moída. Eu gosto, mas já era a terceira vez na semana. Por cinquenta reais mensais não estava em posição de reclamar muito, e a comida era bem gostosa também.

Fico na costumeira fila para pegar meu prato. A cozinheira era um amor de pessoa e me adorava mesmo eu nunca tendo feito nada por tal afeição além de ser educado.

- Sr. Potter, aqui!

Assim que troco cumprimentos com ela e pego o meu prato, vou me sentar no lugar que Paulo me reservou.

Ele sempre tira sarro de mim. Não importa com o que seja, há sempre uma piadinha pronta.

- Obrigado Sr. Pettigrew. - pela cara dele, o acertei em cheio. - Tá tudo bem lá na sua casa?

A mesa está lotada mais uma vez. Borburinhos aqui e ali mas nada que pudesse prender minha atenção.

- Tá sim. Minha mãe perguntou quando você vai lá de novo. Falou pra avisar um pouco antes porque vai fazer estrogonofe. - diz com a boca cheia de macarrão - Ela definitivamente gosta mais de você do que de mim. As únicas vezes que tem estrogonofe lá, são quando você vai.

- Hmm, fala que eu vou lá na sexta, então. E não esquece da batata palha.

- Sim senhor. Uma coquinha gelada também?

- Você sempre lê meus pensamentos, não é? - digo entre uma garfada e outra.

Com um sorrisinho no rosto, Paulo raspa o restante de comida de seu prato e solta um "aah" de satisfação, quando coloca as mãos sobre sua barriga.

Uma sombra o agarra por trás e lhe dá um abraço. Bianca.

- Macarrão outra vez. Desse jeito vou engordar.

- E vai continuar perfeita. - diz Paulo já se levantando da cadeira para lhe dar espaço e dando um beijo cheio de molho na bochecha de Bianca, que dá um tapa nele.

- Paulooo!

Bia se senta ao meu lado e puxa o celular do bolso sem se dirigir à mim. Acho que ainda está brava comigo por mais cedo. Continuo comendo até ver um flash de luz.

Ela estava tirando fotos de nós dois. Hoje eu tô meio sem paciência, então pra não ser grosso, levanto com meu prato em mãos e vou ao encontro de Paulo que está parado me olhando do outro lado do refeitório.

- E não foi hoje que ela se tocou. Amanhã é um novo dia, né? - diz ele.

Apenas reviro os olhos.

Termino de comer meu macarrão em pé ao lado da entrada do refeitório enquanto Paulo me espera mexendo no celular.

Assim que acabo, descemos as escadas e vamos indo ao nosso lugar de descanso diário: o ponto de ônibus em frente ao mercado.

O Peso de amarWhere stories live. Discover now