Irmão da noiva

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Um maço de envelopes correu por baixo da porta do meu quarto tirando minha atenção da leitura, ajeitei meus óculos fechando a homilia colocando-a sobre a cômoda para ir até lá olhar. Me direcionei até a porta e me abaixei para apanhá-los sem pressa, dentre eles, teve um, este roubou minha atenção na hora, era um convite. Mais rápido que possível meus dedos rasgaram o papel cor marfim e ouro enquanto meus olhos arderam de expectativa, e tão logo nas primeiras linhas percebi que se tratava de um convite de casamento para dali um mês, e no verso, a certeza, era o casamento de minha irmã com nosso primo Obito.

Fiquei sem reação por um par de minutos ainda segurando o papel em mãos, faziam anos que não nos víamos e de repente ela está de casamento marcado. Gostaria de ficar feliz por ela, gostaria de poder ir a esse casamento de coração limpo mas não sei se consigo. Abalado pela notícia, volto o papel para dentro do envelope e enfio na primeira gaveta da cômoda para ir então até a diretoria da paróquia. Respiro fundo e nesse momento ouço alguém bater à porta do quarto, pensei que deveria ser a irmã Karin para me importunar outra vez, parece malvado pensar assim mas dane-se, eu estou irado, todavia, a voz masculina me confirmou o contrário. Limpei a boca mais de uma vez para ir até lá.

— Bispo? — Questiono diante da surpresa que tenho. — Por favor entre. Entre. — Peço e o mesmo passa por mim com aquele olhar inspecionante e minucioso. O bispo Hatake e o inspetor por assim dizer, ele sempre aparece a cada mês para checar como as coisas vão, fiquei admirado por sua visita tão repentina. — O que o trouxe hoje a Santa Bárbara, bispo? — perguntei ainda tentando arrancar o nervosismo do meu cerne, o mesmo toma a liberdade de sentar-se me fazendo perceber minha própria falta de educação.

— Na noite passada recebi um telefonema de sua diretora avisando que o senhor havia saído para encontrar uma viúva. — sua voz criminosa me deixou em alerta.

— O senhor se deslocou de Suna para cá apenas por esse motivo? Ou tem mais alguma outra pendência? — devolvo, Hatake é um homem rígido, mexi os óculos arredondados, tentaria respondê-lo o mais transparente possível. — ...Sim, sim. A viúva veio até a paróquia fazer o convite para jantar em sua casa, eu não vi mal algum aceitar. — ele maneou a cabeça negativamente.

— Talvez seja melhor você se distanciar por alguns dias de seu cargo aqui nesta paróquia, padre Uchiha. — suas palavras me estremecem por inteiro a essa altura eu já pensava o pior.

— O senhor está suspeitando que eu tenha feito alguma transgressão? — pergunto sério.

— Não. Talvez você esteja precisando tirar um tempo para si, vamos chamar isso de férias.

— Férias...!? Bispo, o senhor mais do que ninguém sabe o quanto me dedico ao trabalho nesta paróquia...

— As pessoas estão falando, eu não posso deixar isso correr solto. Eu não posso deixar por isso mesmo. Veja, eu o conheço desde que era jovenzinho por isso, tenho convicção de que não faria nada que pudesse manchar sua honra como padre, mas...

— As pessoas estão falando!? — perguntei retoricamente cortando sua frase, seus olhos inteligentes me examinam minuciosamente, ele sabe que não fiz nada. — Falando o quê? — Completei meio exasperado.

— Que não é normal um padre ficar de conversa com uma mulher jovem, bonita, e viúva pelos corredores da Igreja.

— Quem está falando isso? Foi a irmã Karin que lhe disse isso?

— Não interessa que disse. Eu sou o seu superior e deve acatar o que eu decidir ser o melhor tanto para a paróquia, quanto para o bem de todos.. — inconscientemente aperto os punhos sentindo raiva da situação incriminadora e baixo meus rosto para que não veja a raiva queimando em meus olhos. — Você viaja esta noite para a capital, já está tudo providenciado para sua partida.

O inferno de Sasuke (Shortfic)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora