Me sento no balcão, esperando minha vez de ser atendido. Pelo menos eu espero que eles me atendam, eu preciso levantar as mãos ou algo do tipo?

Suspiro calmamente enquanto vejo os detalhes. Existe algumas mesas acolhedoras no final do bar, não tão chiques quanto pensei que seriam.

Analiso as pessoas nelas. Em uma tinha um cara claramente flertando com a mulher a sua frente. Em outra tinha um cara com uma garrafa de bebida ao seu lado, enquanto olhava fixamente para o celular.

Provavelmente sofrendo por amor.

Meus olhos chegam até a mesa escondida atrás do cara sofrendo, me deixando nada mais do que chocado.

— Com posso ajudá-lo, senhor? - recuo ao ver a atendente me encarando.

— Ah...- Meu olhos voltam para o homem sentado lá, e volta a focar na mulher em minha frente. — Qualquer coisa forte com Gin.

Respondo, ela junta as sobrancelhas com diversão e então anota alguma coisa. Observo o uniforme dela, lendo o seu nome no uniforme.

Clara, é, ela se parece com Clara.

— Com gelo? - Ela pergunta, eu aceno positivamente.

Clara é rápida e precisa em fazer o drink, ganhando toda minha atenção, eu quase esqueci da figura no fim do bar.

— Espero que esteja forte o suficiente. - Ela diz colocando o copo na minha frente. Meus olhos desviam para o dela, percebendo que ela queria que eu provasse e assim eu faço.

A bebida desceu rasgando pela minha garganta, queimando como fogo, eu não pude evitar fazer uma careta.

— Ok, acho que foi forte demais. - Ela ri.

— Acho que esse copo vai ser o suficiente para eu sair daqui sem lembrar meu nome. - Zombo, me arriscando a mais um gole.

— Talvez com mais um desse, isso de fato aconteça. - Clara ri baixinho, enquanto olhava em volta, procurando por mais pedidos. — Você já veio aqui? Não lembro de você.

Eu dou de ombros.

— Primeira vez. - respondo, olhando novamente para a figura no fim do bar . — E aquele cara, você o conhece?

Ela segue meu olhar, fazendo um som com a boca. Quase um gemido em confirmação.

— Ele aparece raramente, geralmente quando as coisas não estão boas. - Ela se inclina pra frente. — O nome dele é .... - Clara parece se esforçar para lembrar. — Kennedy.

Balanço a cabeça, como se isso fosse um "obrigado", mas ela continua parada na minha frente, por trás do balcão.

— Esperando alguém?

Solto um riso irônico, mas não consigo evitar o desconforto ao automaticamente pensar na Sam.

— Não.

— Então acho que você talvez se encaixe nos que vêm sofrer por amor, ou...- Ela me examina. — Procurar um?

Clara sugere, então seus olhos vão até o cara que estava flertando a com mulher.

— Ainda não cheguei ao ponto de sofrer por amor e também não estou procurando. - Levo a bebida até a boca, sentindo o gosto amargo não só da bebida, mas talvez de uma possível mentira? Não sei bem se isso pode ser uma mentira. — Talvez eu me encaixe nas pessoas que são entediadas o suficiente para ir em um bar beber sozinho.

— Foi uma boa resposta. - Ela retruca, se distanciando para atender um casal que acabou de entrar.

Me levanto, pegando a bebida enquanto caminho para a mesa no fim do bar, com curiosidade.

Não tem um motivo exato, mas é uma coincidência estranha e talvez eu me saia bem puxando conversa com ele, já que o vi duas vezes na minha vida.

Me aproximo o suficiente para ver um monte de papéis espalhados na mesa, o cara lia tão concentrado que duvido que ele tenha me notado se aproximar.

— Eu não quero mais nada agora, Clara. - Ele diz sem sequer levantar os olhos. Me sento na cadeira a frente dele, finalmente atraindo sua atenção.

Eu quase rio do seu semblante surpreso. Ele me analisa com as sobrancelhas franzidas.

— Eu vi o senhor aí, fiquei surpreso com tamanha coincidência e ainda mais surpreso por eu eu lembrar do seu rosto, não sou bom nisso. - Explico, mesmo parecendo que ele não precisaria de uma explicação.

— Ah sim, o mecânico. - Ele diz áspero, mas não me ofendi.

— O apelido faz jus. - Ironizo.

Ele não diz nada por um longo tempo, parecia estar pesando em um monte de explicações alternativas. Bom, foi exatamente o que eu fiz quando ele apareceu na oficina.

— Você sabe quem eu sou? - Ele pergunta.

— Segundo a clara, você é o kennedy, mas você me parece o cara que inventou qualquer coisa para falar comigo na minha oficina.

Ele ri, mas eu quase pude ver alívio nos olhos dele.

— Eu pensei que estava com problemas no carro e a sua oficina estava perto, mas você parece estar longe de casa.

Franzo as sobrancelhas, ele nem sequer sabe onde eu moro. Kennedy pareceu perceber e explica:

— Supus que morava perto da oficina. - Ele arruma os papeis que estavam sobre a mesa. — Mas já que está aqui, aceita alguma bebida por minha conta?

 — Mas já que está aqui, aceita alguma bebida por minha conta?

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