o espelho

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Ha tanto para sentir que você apenas não sente. A estranha sensação do peito dormente te acompanhando como sua própria sombra.

O sangue que corre por suas veias é gélido, nada é tão frio quanto o inverno que mora em ti. Nem mesmo a mentira enquanto olha em teus olhos. Nem mesmo o choro forçado ou o arrependimento que te enoja.

Nada nem ninguém é mais gélido que tuas mãos que me aqueciam nas piores noites. Tendo as suas próprias dores agora, incapaz de aquecer ao próprio corpo, observo enquanto você ruí.

Sendo tão capaz de olhar para ti, de sentir sua agonia e a sua dor, estando inteiramente ciente do caos que te ronda e das noites que te acordam, sei que sou o ser mais egoísta e incapaz de te ver, que me esqueço tão fácil de ti quanto me lembro do amargor.

Eu, que melhor conheço o teu sentir, logo eu, quem deveria te salvar, sou a primeira que te negligencia, quem ignora quando tu transborda e sorri enquanto você chora.

A verdade é que não há força alguma em mim, que mal posso salvar a minha superficialidade. A minha única verdade é que não estou pronta para ser você, que desconhece o raso e ama a profundidade.

Medicina [Concluído]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum