2

1.8K 345 241
                                    

Após terminar de comer, voltei ao meu quarto. O espaço era pequeno, mas aconchegante, hvia apenas uma cama de solteiro com gavetas em baixo, onde guardo minhas roupas e uma mesa de estudos. Na parede também havia um espelho, que eu usava para me arrumar.

Me sentei na cama, escorando-me na cabeceira, e coloquei o notebook em meu colo. Eu iria assistir um dorama até ter sono, mas ouvi meu celular tocar. Era um número desconhecido, pensei um pouco se deveria atender, já que hoje é domingo e está um pouco tarde.

Apesar disso, resolvi atender.

- Alô?

- Choi Beomgyu? - Era uma voz feminina.

- Sou eu, com quem eu falo?

- Kang Hyorin, eu vi seu anúncio e fiquei interessada em seu trabalho. Meu filho vai se mudar e eu devo presenteá-lo, fiquei encantada com as fotos dos seus quadros, ficará perfeito na sala do apartamento dele.

- A senhora está fazendo uma ótima escolha, qual a dimensão do quadro?

- Cento e vinte por oitenta, quero um quadro bem grande com uma pintura do meu filho.

- Certo, custará sessenta mil wones, a senhora pode pagar metade antes e metade quando eu entregar. Me envie uma foto do seu filho por e-mail? Eu coloquei meu endereço no anúncio.

- Certo, estou muito ansiosa para ver como vai ficar.

- Depois que me enviar a foto, eu te falo quanto tempo vou demorar para fazer. Até mais, senhora Kang.

- Até mais.

Dez minutos depois, recebi um e-mail com a foto do filho da sra. Kang e a observei, era um rapaz muito bonito.

Coloquei a foto em um programa que eu usava para reconhecer as cores. Deixei o notebook em cima da mesa e me deitei, nesse ponto da noite, eu já estava um pouco cansado, então o sono veio rapidamente.

No dia seguinte, acordei bem cedo e fui ao banheiro que era compartilhado, por sorte eu fui o primeiro a chegar no banheiro. Tomei um banho rápido e escovei os dentes, depois voltei ao meu quarto e vesti um moletom preto, uma calça jeans skinny e calcei meus vans pretos.

Peguei meu notebook e olhei a foto que já havia sido analisada pelo programa. Achei um pouco estranho as cores indicadas no local do cabelo serem verdes, mas talvez seus gostos só fossem um pouco exóticos.

Peguei minha bolsa e fui até a cozinha onde a sra. Sun terminava de servir a comida.

- Bom dia - Eu sorri para ela enquanto me sentava.

- Bom dia, querido. Você foi o primeiro a acordar? Ainda está cedo.

- Acho que sim. Eu quero comprar umas tintas novas antes de ir pra faculdade, recebi uma encomenda - Meu sorriso ficou ainda maior.

- Isso é ótimo! Eu sabia que não demoraria muito, você é muito talentoso. O que irá pintar?

- A senhora que pediu me enviou uma foto do filho dela, eu irei pintá-lo - respondi, pegando meu celular procurando a foto antes de mostrá-la à sra. Sun.

- É um rapaz muito bonito - ela disse.

- É mesmo - concordei antes de começar a comer. - Está muito bom, a senhora devia abrir um restaurante, seria o mais famoso do bairro.

- Para Beomgyu! Isso é exagero, além do mais, eu não teria tempo pra cuidar de vocês.

- Tem razão, eu não sei o que seria de mim sem você.

- Que bom que você sabe, agora termine de comer enquanto eu vou acordar o Kai, se eu deixar, esse moleque dorme até tarde.

Deixei uma risada escapar, isso era verdade e eu, assim como Kai, fazia o mesmo quando estava no colégio. Terminei minha refeição pouco antes dos meninos virem para a cozinha e me despedi de cada um antes de sair da pensão.

Andar sozinho era confortável para mim, pois eu poderia me distrair com meus pensamentos que nesse momento me levavam à matéria que eu estava mais preocupado: História da Arte.

Bom, eu posso ter facilidade em entender as técnicas de cada período, mas sou realmente ruim com nomes e datas, então terei que estudar bastante para memorizar tudo isso.

Interrompi meus pensamentos ao entrar na loja de artesanato onde costumava comprar meus materiais e segui até a seção de pintura.

Haviam muitas tintas de diferentes tons e, apesar do meu problema visual, eu conseguia encontrar o que precisava lendo o nome das cores que estava na embalagem. Peguei as que precisaria e segui até o caixa.

Pedi uma tela em algodão e que tudo fosse entregue na pensão, já que as dimensões da tela eram grandes demais para que eu as levasse comigo. Após pagar, saí da loja e fui caminhando até a universidade. Eu gostava muito de morar próximo à universidade e ao meu local de trabalho, porque me poupava de pegar ônibus ou metrô. O daltonismo tornava quase impossível decifrar todas as linhas coloridas nos mapas das estações.

Em dez minutos eu entrei no campus e andei até o prédio em que teria minha primeira aula, "Oratória e Apresentação em Público". Essa era uma disciplina obrigatória para a maioria dos cursos e eu particularmente precisava muito, já que sempre tive vergonha de falar para muitas pessoas.

Entrei na sala, me sentei no fundo e esperei até que a aula começasse, mexendo no Instagram. Soobin e Yeonjun tinham postado várias fotos juntos, já que o pessoal do curso deles havia organizado uma festa no sábado. Eu não tinha o costume de frequentar as festas do pessoal do meu curso porque prefiro gastar o meu tempo livre pintando ou assistindo doramas.

Os alunos entraram na sala e, em seguida, a professora. A maioria buscava por lugares na frente da sala, então eu esperava ficar sozinho onde estava. Entretanto, vi pelo canto do olho um rapaz se sentar ao meu lado.

- Bom dia! - A professora nos cumprimentou. - Hoje irei falar sobre o poder de influência que um bom discurso pode ter sobre ou ouvintes.

- Esse assunto é muito interessante - o rapaz que estava ao meu lado falou baixinho. - Eu vi em um documentário que algumas pessoas se convenceram sobre a cor de um material vermelho ser verde, apenas pelo que foi dito pelo orador - comentou.

- Se todas essas pessoas forem como eu, não é difícil - sussurrei.

- Como você? - Ele perguntou. Eu achei que tinha dito baixo o suficiente para que ele não ouvisse.

Eu não diria para ele sobre meu problema, poucas pessoas sabiam disso e eu preferia que continuasse assim. Me virei para encará-lo e vi seus olhos grandes, traços levemente delicados e o cabelo de uma cor que eu não conseguiria identificar se não tivesse conhecimento prévio sobre isso.

Era o mesmo rapaz que eu deveria pintar.

...

Olá! Então acho que vocês já devem saber a confusão que o Beom vai fazer na hora de pintar o quadro né? Resta saber se isso vai dar merda hihihi e a probabilidade é alta.

ColorsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora