Capítulo 15.2 - Adeus Canadá

21 6 0
                                    

Durante minha investigação aprofundada, eu descobri que Bennet e Cordelia não eram os únicos filhos de Louis. Havia uma terceira filha perdida, ou melhor, a primeira de Louis: Mariany. Antes de se casar com a mãe de Bennet, Louis foi casado com outra mulher quando os dois eram jovens. Infelizmente, ela teve uma complicação no parto – como minha mãe – e morreu, deixando Mariany com Louis. Ele era um jovem inexperiente e tudo que ele tinha além do maior amor da sua vida era a dinastia de seus pais. Olhar para aquele bebê o fazia lembrar da sua esposa, e pagar para empregados a criarem não foi uma opção: ele vendeu para uma família na Europa e não quis saber mais de nada. Depois de anos, Louis se arrependeu e pagou para procurarem sua filha perdida, e o que ele encontrou não foi algo previsível: Mariany estava casada com um ricaço e tinha um filho da mesma idade de Raul. Apesar de parecer uma mulher normal, ela tinha contatos perigosos e mexia com a máfia italiana, onde ela morava. Na época em que Louis resolveu procura-la, Bennet acabou descobrindo a história e quis se aproximar dela, mas sem a mídia ou Raul saber. Mariany visitou ele e Lohany algumas vezes antes de Louis morrer, mas depois nunca mais deu o ar da graça – até 2020.

Certamente eu não queria me vingar de uma mulher que nunca soube da existência do pai até a vida adulta, então meu alvo era Bennet e Raul, mais especificamente a reputação da família. O que uma pessoa normal e vingativa faria era expor o assassinato que Louis cometeu e encobriu, dando uma visibilidade ruim para seus descendentes, mas isso não chegava nem aos pés da dor que eu queria que aquela família sofresse, então eu comecei um plano mais doentio, segundo os especialistas que me consultaram.

Para minha surpresa, Margot, minha filha era amiga de Raul, e talvez um pouco mais que isso. Ao saber disso eu fui mais a fundo para descobrir se realmente o Murphy de meu nome remetia a mesma árvore genealógica de Louis, já que meu pai dizia que minha mãe e ele eram primos. Por mais que fosse parentes distantes, Raul e Margot poderiam ter o mesmo sangue, e eu não iria permitir que um romance entre eles acontecesse, mas no final eu descobri que havia milhões de Murphy espalhados pelo mundo e que nenhum deles tinha o mesmo sangue de Louis ou Raul, e o que minha mãe dizia sobre ser prima deles era apenas uma piada interna.

Enquanto eu conciliava o trabalho como professor, eu também seguia adiante com minhas investigações privadas e pessoais. Hettel Lavigne, o motorista da Mansão foi meu primeiro ajudante. Com a ajuda chantageada dele, eu pude por meio de escutas implantadas na casa, descobrir todos os podres de Bennet e Lohany. O que eu não esperava era também descobrir os "podres" de Raul, já que ele tinha só 14 anos. Dentro daquele coração coberto de dólares, Gucci e Apple, havia uma escuridão que se aflorava conforme os dias, enquanto seus pais contribuíam para isso. Sem dó nem piedade, eu entrei para o trio e por meio de artigos, vídeos e matérias online, eu consegui entrar na mente de Raul para que meu plano fosse executado. Era hora de Alison entrar em cena, a filha de Michael e para isso, eu contei novamente com a ajuda de Hettel. Não demorou meses para que Raul fisgasse a isca e finalmente eu tinha conquistado o primeiro suicídio falso disfarçado de assassinato falso da história. Realmente foi uma aventura e tanto, e por mais que Raul insista em dizer que o "Senhor Vermelho" não teve nada a ver com o que ele fez no passado, eu sei que tudo o que aconteceu em 2018 foi por culpa minha.

Quase perto de Bennet perder definitivamente seu padrão bilionário e ir para a prisão junto com sua esposa por indiretamente o assassinato de Louis, eu percebi que Cordelia, a filha bastarda do assassino do meu pai também tinha que pagar pelo erro dele. Foi então que eu comecei a planejar o seu sequestro, mas como eu queria causar espanto a toda população, o sequestro foi coletivo, ou pelo menos eu pensei que seria.

Depois de quase três anos do início do meu plano de acabar com a vida dos descendentes de Louis Murphy, eu resolvi brincar com outras pessoas que não tinham a ver com os acontecimentos. Ter poder contra as pessoas e acabar com a felicidade delas com apenas uma mensagem diabólica estava me deixando eufórico, por isso eu envolvi todos os que estavam ao redor de Raul. Foram incontáveis vidas que eu tirei ou tentei tirar, inclusive algumas delas não tinha nada a ver com o Raul, eu apenas queria brincar um pouco. Ter uma identidade popular conhecida como Senhor Vermelho me causou empolgação e por mais que os médicos acreditam que eu me descontrolei, eu penso o contrário... Marjorie Harvey saiu viva de tudo, seu eu realmente tivesse me descontrolado, ela não teria a quem dedicar seu primeiro livro.

Várias brincadeiras aconteceram, várias vítimas me ajudaram indiretamente e tudo estava perfeitamente indo bem para que eu pudesse voltar à França, só bastava eu conseguir acabar com Cordelia. O sequestro seria dela, seu cão de guarda Evans, a assassina do Hettel, Clara e o novíssimo detetive Dylan. Infelizmente eles foram mais inteligentes que eu, mesmo não sabendo quem eu era de verdade.

O trem saiu do trilho quando apareceu na TV que os detetives estavam desaparecidos uma hora antes da hora marcada com meus capangas. Rapidamente eu os liberei e fui atrás da verdade. Aliás, eu fazia tudo isso enquanto eu dirigia a Bodwell, colégio onde quase todos os adolescentes em que eu brincava estudavam. De professor substituto numa escola primária fajuta de Vancouver, eu fui a diretor de um dos melhores colégios de elite, sem nenhum esforço. Além de incendiar a Bodwell para que os pais perdessem a confiança no diretor que eles tinham, eu tive que visita-lo e forçar uma renúncia, chantageando com algumas coisinhas que descobri dele. Depois disso, um discurso simples dizendo tudo o que os pais queriam ouvir sobre a segurança dos seus filhos me colocou no pódio máximo em que eu podia chegar. Mesmo assim, ainda estava pouco para mim.

A sede de poder me fez esquecer de planejar tudo detalhadamente, por isso falhei e os detetives descobriram o meu plano antes mesmo de termina-lo. Cordelia, Evans, Clara e Dylan conseguiram rastrear meu IP e descobriram meu primeiro covil, que era num loft do centro de Vancouver, perto do apartamento onde eu morava. Eles encontraram tudo, mas não descobriram que eu era. Isso porque nesse primeiro covil não tinha as informações que eles precisavam, - dos meus planos antigos – tinham apenas meus futuros planos, fotografias das pessoas que eu perseguia com dados deles e outras coisas. Depois disso eu tive que levar minhas coisas para mais perto de mim e um lugar mais escondido que ninguém encontrasse: a Bodwell..., porém não demorou muito para que Raul fizesse o mesmo trabalho dos detetives e descobrisse meu novo lugar secreto. Os detetives fizeram um bunker no meio da floresta e recarregaram o local com alimentos que dariam para dois meses. Com o dinheiro da herança de Louis, Cordelia pagou os ajudantes para que eles não dissessem nada a ninguém quando vissem as notícias do desaparecimento, mas o que ela não esperava era que eu também tinha minhas cartas na manga.

Os detetives não estavam sendo perseguidos por um segundo Senhor Vermelho, por isso não tinha como eles terem sido sequestrados por outra pessoa exatamente da mesma forma que eu havia planejado. Todos os celulares deles estavam fora de linha, como se nunca tivessem existido. Meu primeiro covil estava intacto, por isso não percebi que eles estiveram lá, não logo de cara. Investigando o que poderia ter acontecido realmente, eu cheguei à conclusão de que o desaparecimento não poderia ter acontecido da forma como que aconteceu, sem que alguém soubesse do meu plano, por isso investiguei as possíveis falhas que eu poderia ter deixado passar. Aos poucos eu fui descobrindo que o meu alto QI não poderia competir com o de Dylan, o novo detetive que tinha acabado de destruir meu plano.

Todos eles sabiam os meus passos, mas não sabiam quem eu era, por isso começaram a jogar o meu jogo. Cordelia entrou em contato com Raul pela primeira vez quando a misteriosa caixa com a blusa que ela estava no dia do desaparecimento chegou na Mansão. Com ajuda de Evans, ela fez um corte na sua mão para ensanguentar a blusa e fingir que estava em perigo. Se certificando de que Raul seria o primeiro a encontrar, os detetives usaram da ajuda de um dos pedreiros que já tinha sido pago pelo silêncio, para deixar a caixa na Mansão quando Raul estivesse lá. A carta embrulhada na blusa, dizia que eles estavam bem e que tudo aquilo era um plano para que eles conseguissem descobrir quem era o Senhor Vermelho. Apesar disso, eles não poderiam se ver pois seria arriscado e a única coisa que Raul tinha que fazer era ficar quieto e comunicar pessoalmente os pais de cada um deles. Mesmo que eles não se veriam, eles se comunicariam por cartas que seriam deixadas embaixo de uma lixeira azul das portas do fundo da Mansão. O que aconteceu por um tempo, foi que Raul mandava cartas para os detetives, e tinha a resposta em menos de uma semana. Isso aconteceu por algum tempo, mas depois as cartas dele pararam de desaparecer magicamente do lixo, e consequentemente novas cartas não apareceram. Ele começou a pensar que o plano tinha dado errado, e que todos eles corriam perigo... Raul estava certo.

Suicideحيث تعيش القصص. اكتشف الآن