Seven

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Bonnibel on:

"Podemos ir devagar?" Pedi, mesmo sem saber onde aquilo iria parar.

[...]

"Vai com calma, não quero que se machuque." Ouvi Marceline avisar, enquanto eu corria procurando por algumas roupas.

Fazia três dias que Marcy e eu havíamos ido em um estúdio de dança, eu teria aulas lá, e com muito custo consegui convencer Marceline a me deixar pagar pela mensalidade depois que eu conseguisse um emprego.

Peguei uma roupa simples, não queria nada muito chamativo nem cheio de assessórios.

"Pronta?" Ouvi, Marceline me esperava encostada no batente da porta principal.

"Uhum!" Confirmei, terminando de amarrar meu cabelo em um rabo de cavalo alto, ajeitando a franja que cobria minha testa.

Saímos de casa e Marceline dirigiu até o local, revirei os olhos quando reparei na fachada sofisticada do estúdio. Não poderia esperar menos da morena.

Entramos lá e fomos atendidas por uma recepcionista simpática, que nos levou até uma sala grande com uma enorme parede de espelhos.

"Essa é a sala de testes, nela iremos classificar em que nível os alunos estão." Disse nos mostrando a sala, olhei para Marceline e ela me deu um sorriso confiante.

[...]

Marceline on:

Bonnie estava nervosa, era visível, mexia os pés sem parar, sentada na cadeira, ela seria acompanhada de mais três garotas, a apresentação seria em trio.

Quando ouviu que era sua vez, ela olhou para mim, totalmente tensa, com os olhos arregalados, e eu apenas ri.

"Você consegue!" Mexi os lábios, estava razoavelmente longe dela, não iria gritar.

Ela concordou com a cabeça e se levantou junto de mais duas, respirando fundo antes de ir assistir a coreografia que iria ter que dançar.

Quando os dez minutos de ensaio passaram, ela veio correndo de encontro até mim.

"A coreografia não parece ser impossível, é rápida, mas sorte que tenho boa memória, consegui memorizar os passos." Falou sorrindo.

"Agora vai lá e mostra como se faz!" Incentivei a loira, que concordou, me abraçando e se afastando.

Me sentei um uma das cadeiras para assistir quando a música começou a tocar.

Reconheci ela de início. Boss Bitch.

Bonnie havia ficado no meio das outras duas garotas. Com sua calça folgada da Adidas e uma blusa solta branca estilo regata que deixava sua barriga lisa exposta, junto de um top preto, e vans clássicos nos pés. Estava linda.

Bonnibel era linda de qualquer jeito, eu não diria o contrário nunca.

Seu corpo começou a se mover, os passos em sincronia com a música, e eu como a bela admiradora que sou da loira baixinha, ofeguei junto a um sorriso quando seus quadris balançaram.

"I'm a bitch, I'm a boss I'm a bitch and a boss, I'ma shine like gloss"

Céus! Bonnie já não estava nervosa. Tinha um olhar convencido, como se soubesse ler minha alma nua e crua. Como se soubesse que eu me divertia e muito vendo seu corpo seguindo o ritmo da música.

Era um misto. Um olhar presunçoso, convencido, talvez até indiferente.

Sorri com esse lado ainda não descoberto por mim da garota que convivia comigo.

Sim, ela parecia uma chefe, tanto quanto parecia uma vadia.

Eu estava disposta a conhecer esse lado da Bonnie. Ansiosa para isso.

A apresentação terminou e Bonnie manteve o olhar focado no meu, mesmo em meio as palmas e gritinhos animados. Abaixou o tronco lentamente agradecendo e eu senti meu sangue ferver. Era uma outra pessoa ali.

Totalmente diferente da Bonnie tímida e fofa que eu conhecia.

"Como fui?" Perguntou se aproximando, eu ainda estava sentada na cadeira que tinha escolhido para ver seu pequeno show.

"Maravilhosamente bem." Respondi me levantando. "Acredito que seja boa em tudo que faz..." disse um pouco mais baixo, em um tom diferente do que costumo usar.

Sim, eu estava provocando a mais nova, e com certeza eu não iria apressar as coisas.

"Ter certeza é sempre melhor..." deixou a frase escapar, e eu olhei em seus olhos, os azuis antes claros agora levemente mais escuros.

"Ah, eu tenho... Tenho certeza absoluta." Respondi, me direcionando até a porta da sala. "Vamos?" Perguntei olhando para trás.

"Vamos." Falou Bonnie, me seguindo até a recepção.

"Seus resultados chegarão dentro de uma semana." A recepcionista, diferente da de antes, falou, entregando um cartão com o número da agência para a garota de olhos claros.

Bonnie pegou o mesmo e guardou no bolso da calça. A recepcionista me olhou, e lançou uma piscadela discreta, que não passou despercebida pela loira, que ignorou o ato, mas fingiu estar indiferente sobre isso.

Fomos até meu carro e ela abriu a porta sozinha, entrando no carro e fechando a porta.

Assumi meu lugar no veículo e deixei que o carro arrancasse pelas ruas indo para casa.

Paramos em um farol vermelho e senti a mão de Bonnie no meu joelho. A olhei por uns segundos, tentando entender as intenções da mesma.

Logo entendi quando o farol abriu e ela olhou para o semáforo com luz verde, os lábios entreabertos, e a mão pequena de boneca caminhando lentamente até minha virilha.

"Bonnie." Chamei, vendo ela tirar o cinto de segurança para apoiar o cotovelo direito na minha perna e dedilhar minha virilha com os dedos da mão esquerda.

Ela não respondeu meu chamado, e eu acelerei um pouco mais o carro quando seus dedos curiosos tocaram o volume que estava na minha social.

"Então é verdade?" Ela riu. "É mesmo intersexual, Marcy?" Perguntou com um sorrisinho filho da puta nos lábios cor de cereja.

"Bonnibel eu estou dirigindo." Repreendi a menor, que estalou a língua.

"Então dirija com cuidado." Provocou, apertando levemente minha extensão com sua mãozinha. "Nossas vidas estão em suas mãos." Deu uma risadinha.

Puta que pariu! Aquela garota iria me matar.

Ela começou um vai e vem lento, torturante, me fazendo dirigir um pouco mais rápido. Eu queria logo chegar em casa, e me livrar de suas mãos curiosas. Ou talvez não...

"Bonnibel." Chamei um pouco mais alto quando o botão foi aberto, e o zíper deslizado para baixo.

"É tão bom ouvir meu nome na sua voz." Comentou, passando a mão em mim por baixo do pano social. A única coisa que impedia contato direto era o tecido fino da boxer que eu usava. "Parece sempre tão autoritária..." ofeguei com sua pequena provocação, apertando o volante nas mãos.

"Céus!" Deixei escapar e ela sorriu convencida.

"Gosta de mandar...?" Perguntou baixinho, perto do meu ouvido.

"Você não sabe o quanto..." respondi, dobrando a esquina de casa. "Adoro colocar vadias como você no devido lugar." Completei, vendo ela apertar as coxas uma na outra.

Então ela era dessas que gostava desse tipo de vocabulário...

Querem cenas mais pesadas no próximo capítulo?!

7 RINGSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora