Três da manhã

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Estava escuro e chovendo perto de umas três horas da manhã, uma família mãe, pai e filho estavam encolhidos no porão sem nem respirar, pois não podiam encontrar-los. Ouviu-se um ruído de passos, eram pesados, logo se ouviu vozes e pessoas percorrendo a casa fazendo as tábuas velhas estalarem com violência. O pai da família havia feito aquele lugar para um momento como esses, mas não pensara na comodidade do local que era escuro, úmido, cheio de mofo, onde baratas e ratos transitavam.Por entre as frestas do chão de madeira se via homens uniformizados com fuzis em mãos revirando os cômodos enquanto um senhor de meia idade também uniformizado, de estatura mediana lhes dava ordens. 

O pai via pouca coisa por entre as frestas, e por isso não conseguia distinguir a fisionomia de quem os estava invadindo, mas conseguia ouvir bem as ordens daquele homem, era um dialeto alemão isso ele tinha certeza e que as ordens eram para encontrar eles. De repente tentando se ajeitar no pequeno cubico que se encontrava o filho tropeça em algo indo ao chão fazendo barulho, o pai em desespero puxa o filho de encontro ao corpo e põe a mão em sua boca numa tentativa de restringir que ele fizesse mais barulho,mas já era tarde os tinham descoberto.  

O homem de estatura mediana resplandecia um sorriso medonho, o pai agora vira sua fisionomia, um homem na casa dos 40, não era nem muito alto ou muito baixo, rosto afinado como o seu nariz, o rosto era limpo como quem faz a barba todos dias. Todas essas características faziam o sorriso daquele homem ainda mais horripilante, conseguia se sentir a tensão no ar, a levianidade em seus olhos, ninguém sabia ainda, mas ele iria ser o carrasco deles.

Estava escrito no rosto daqueles homens o ódio que sentiam por nós, não entendiamos o porque, será que fizemos algo a eles? Essa pergunta pairava em nossa mente como um pássaro em volta do ninho, o que fizemos para tamanha violência? Começavam a falar em alemão perto de nós pegando nossas coisas e esfregando em nossos rostos, mas o que isso queria dizer aquilo era nosso. De repente pegaram um dos fuzis e enfiaram dentro da boca da mulher, dizendo:

_Responde, porca vadia onde roubaram essas coisas? Pressionando ainda mais de encontro a garganta dela. 

O marido reage, mas é impedido com uma coronhada no rosto que o faz cair, um soldados põe a bota no seu rosto, o fuzil em sua cabeça e fala em tom autoritário e enérgico:

_Não Levanta! Se Levantar morre verme! Pisando com mais força no rosto do pai.

O homem que estava assistindo aquilo sem tomar iniciativa da ordem para parar, e manda trazerem os três para sala, o pai se perguntava se eles podiam compreende-lo porque continuavam fazendo aquilo. Os soldados logo atendem as ordens puxando a mulher pelos cabelos, o garoto e pai pelas roupas e os põe de joelhos diante do homem mais velho que agora já estava sentado calmamente em uma poltrona da casa, ele os olha de cima a baixo e um sorriso de desdem ele fala:

_Olha que posição maravilhosa! Não deveria ser sempre assim? Vocês ajoelhados a nós. Não veem como isso é maravilhoso  vocês se pondo em seu lugar? Levantou altivo e apertou com a mão no rosto da mulher, ela tira a mão dele e lhe cospe na cara falando:

_Eis a minha resposta para você! 

Com um olhar de raiva ela o encarra, o homem furioso com aquela situação limpa o rosto no ato e com as costas da mão da um tapa no rosto da mulher fazendo-a cair no chão cuspindo sangue. O marido e o filho se revoltam e tentam se desvincilhar das mãos dos soldados sem êxito, vendo tudo aquilo aquele homem que bravejava superioridade franzi o rosto de seriedade e discursa:

_Como bem se percebe vocês animais não entendem a benevolência que estava lhe agraciando, vocês só entendem a violência! E se violência que vocês querem vocês a terão! Soldados estou me retirando para o carro, amaciem esses porcos até levarmos eles. Levem o tempo que precisarem, aproveitem!

E foi assim que foi se foi se feito, depois que aquele homem de meia idade saiu em direção ao carro ele esperou 45 minutos ouvindo gritos e choros de desespero e dor, quando terminaram um dos soldados puxava os cabelos da mulher nua, semi-morta, ensanguentada direto na chuva em cima da lama, junto dele estavam outros dois soldados um com o garoto e o outro com o homem na mesma situação onde também foram jogados, os soldados riam e se deliciavam com a cena gritando:

_Porcos na lama! O lugar de vocês é na lama, chafurdem porcos, "oinc, oinc, oinc".



A vingança de GayaWhere stories live. Discover now