Eu não sou bom o suficiente para ele. Eu não fui aos dezessete anos e não sou aos trinta. Esse pensamento parecia um fato. Frio e duro, um nó na garganta. Ninguém apareceu na imaginação de Louis para dizer algo diferente. Ele provou isso, afinal. Repetidamente.

Louis ficou lá, incapaz de se mover. Seu peito estava tremendo, sua respiração irregular e dolorosa; ele não parava de chorar. Assoando o nariz, suspiros quentes misturados com o cheiro de produtos químicos de limpeza e Louis desejou que ele pudesse viver aqui para sempre, no escuro sozinho. É onde ele pertencia. Seu diafragma estava começando a doer, sua garganta latejava quando ele limpou o nariz, de forma desleixada, no smoking.

Então ele ouviu uma batida na porta.

"Louis?" Houve uma voz abafada.

O coração de Louis tremeu enquanto tentou ficar quieto. Ele não queria ver ninguém assim. Ele não conseguia. Especialmente não — não...

"Você está aí? Louis?" A voz tinha um sotaque irlandês. Louis se acalmou um pouco, sentiu o pânico deixá-lo quando ele caiu sobre seus joelhos.

"Sim," ele conseguiu falar. "Por favor, não entre."

"OK." Houve uma pausa. Louis podia sentir a presença de Niall do outro lado da porta, podia ver as sombras de seus pés. Ele se sentiu sufocado por isso. Niall não falava com ele há algumas semanas, desde o incidente no Old Red Cow. Louis não sabia por que ele estava aqui agora, por que ele veio encontrá-lo em um armário.

"Você está doente?" Niall perguntou.

"Não," respondeu Louis, um pouco bruscamente.  Ele cobriu outro soluço trêmulo com uma tosse, imaginando miseravelmente se havia alguma maneira de ele simplesmente desaparecer no ar.

"Todo mundo está perguntando..." Niall disse. "Nós — nós todos estamos preocupados com você, mate."

"Foda-se." Louis se sentiu horrível, mas não tinha mais nada a perder, realmente, e não havia outra maneira de se expressar. Deus, ele nunca se expressou bem, não é? Nunca. Não com palavras, não com... Ele apertou seu violino com mais força e tentou respirar.

"Não vou me foder," Niall suspirou. "E me desculpe por ser um imbecil com você. Não que você não merecesse um pouco."

Louis deu uma risada molhada. "Eu sei," ele engasgou. "Acredite, Horan, sei exatamente o quanto mereço. Ainda mereço."

"Certo." Niall se apoiou na porta e Louis não se sentiu tão sufocado. "Você quer... eu não sei, conversar? Sair daqui, tomar uma cerveja."

Louis grunhiu. "Não. Quero dizer... me desculpe. Eu só quero ir para casa. Quero sentar neste armário úmido de merda até que todo mundo se vá e depois quero ir para casa e nunca mais voltar e nunca mais ver nenhum de vocês pelo resto da minha vida."

Niall riu baixinho. "Viu, eu sabia que você era um belo gato raivoso."

"Sim, você é muito inteligente."

Eles caíram em um silêncio sociável então, quebrado apenas por outro ataque de soluço e o som de Louis fungando suavemente. Seu cérebro se transformou em mingau — era assim que, pelo menos, como se todos os pensamentos que ele tinha eram mornos e inconsistentes. Ele só queria ir para casa e morrer. Mas ele também queria ficar no armário para sempre; não queria que ninguém o visse. E sob todo o cansaço e vergonha, seu coração doía.

"Lou," Niall disse, lentamente, uma nota de preocupação em sua voz geralmente brilhante. "Harry está andando pelo corredor em minha direção."

"Por favor, n-não diga a ele que estou aqui," Louis sussurrou. "Eu — por favor, não consigo." Suas palavras estavam quebradas, desesperadas. "Agora não. Eu sei que sou um covarde, mas por favor, Niall."

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