IX. Uma Manhã Cansativa

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Radulf perdeu as contas de quantas vezes tinha alcançado o orgasmo nas mãos de Wafula. Em algum ponto da noite, já não sabia mais nem se estava consciente ou não em meio ao sexo intenso. Podia dar créditos ao condicionamento físico do exército, ou não teria terminado aquela noite consciente. E no caso de Wafula, era absurdo como ele parecia só ter mais energia a cada rodada. Por isso que o conselheiro nem deu sinal de despertar mesmo quando a luz do sol invadiu o escritório, deitado sobre o corpo de Wafula, no espaço pequeno do sofá.

Wafula, por outro lado, acordou incrivelmente satisfeito com a noite de sexo. Podia até ter continuado mais vezes se não tivesse percebido como Radulf estava exausto depois do dia estressante com o roubo da coroa. Mas estava completamente revigorado e com um sorriso de orelha a orelha ao acordar na manhã seguinte e observar o rosto adormecido de Radulf em seu peito. Ele até pensou em acordar o outro para informar que ainda estavam no palacete e dormindo nus no sofá, mas Radulf merecia umas horas a mais de descanso e ninguém os interromperia ali. Ou era o que Wafula imaginava, até ver a porta se abrindo e o secretário de Radulf entrar muito desavisado.

O homem colocou os olhos imediatamente sobre Wafula e Radulf deitados no sofá e congelou onde estava. Não devia haver ninguém no escritório tão cedo, menos ainda seu superior. E com os ânimos de Radulf, ele seria executado só por ter aberto a porta naquele instante. O homem ficou tão pálido que Wafula achou que ele desmaiaria ali mesmo. O general fez um sinal com a mão para que ele saísse em silêncio e só então ele pareceu acordar para a situação.

O funcionário saiu e fechou a porta o mais silenciosamente possível e Wafula acabou rindo da situação, o seu movimento foi o que fez com que Radulf despertasse.

– Bom dia, Rad. Dormiu bem? Eu estou me sentindo ótimo!

Radulf esfregou os olhos, apoiando-se no tronco de Wafula para erguer o rosto e encará-lo de volta com uma expressão cansada e de poucos amigos. Mas ele tinha provocado aquilo, então só suspirou resignado e deitou de novo, mantendo os braços sobre os ombros de Wafula.

– Gosto desse seu lado manhoso, mas... lembra que estamos no palacete, não é?

Radulf apoiou a testa no peio de Wafula, parecendo finalmente lembrar onde estavam. Apoiou as mãos no peito alheio para se levantar, mas ao colocar os pés no chão, sentiu uma fraqueza completamente inédita tomar conta das pernas e dos quadris, caindo no mesmo instante.

– Rad! O que foi?!

A expressão cansada de Radulf se tornou numa de irritação de novo ao encarar Wafula com uma série de movimentos bem simples "O quê?! Você!".

– Eu?! Mas eu n- ahhhh...! – a surpresa no rosto de Wafula se tornou num sorriso satisfeito, que foi recebido com um murro muito firme no ombro. – Ei, ei, eu não tenho culpa! Já disse, você me deixou esperando por dez dias!

Radulf bufou, apoiando-se de novo para se levantar com muito esforço, as pernas completamente trêmulas e os quadris doloridos.

– Quer ajuda?

A resposta de Radulf veio num olhar estreito e ele fez uma série de gestos para indicar que eles se trocassem para sair de uma vez, logo o seu secretário chegaria e era melhor que tudo estivesse arrumado. Wafula só riu e pegou as peças de roupa, era melhor não dizer que o secretário já tinha vindo.

– Temos que ir no castelo falar com o Idris. E eu vou visitar as fronteiras amanhã.

Radulf só concordou e pegou as roupas para vestir uma por uma, embora ainda fosse muito difícil ficar de pé sem sentir a dor nos quadris e nas pernas. Ele ainda se apoiou na mesa enquanto Wafula terminava de se vestir.

Um Silêncio de 15 AnosWhere stories live. Discover now