O sorriso desvaneceu. Ela ajeitou os cabelos e voltou ao caminho, complementando:

— A resposta que obtenho dessas indagações é sempre a mesma: "Não". Algumas coisas, simplesmente não devem acontecer.

Percorreram mais uma centena de metros, entregues a um novo silêncio. Fantin avaliou o que tinha acabado de ouvir com um sorriso zombeteiro, que tratou de esconder de Tamar. Com efeito, Virnan teve uma vida "amorosa", se é que poderia denominar assim, agitada. Não recordava muito do que viu durante o ritual, mas pouco lhe importava. Fato era que, agora, só Marie interessava a ela.

Voltou a se concentrar no que realmente a perturbava no momento. Cerrou os punhos e as argolas douradas surgiram em volta deles. Girou sobre os calcanhares em um movimento ligeiro e golpeou o ar, os galhos de uma árvore se agitaram, folhas esvoaçaram e um homem caiu de encontro ao chão. Teria se machucado feio, se Voltruf não usasse magia para protegê-lo e depositá-lo no chão com cuidado. Ele estava semiconsciente. Era, sem dúvidas, um auriva. A mestra correu em direção a ele, pronta para lutar se fosse necessário, mas o espírito da castir a chamou, fazendo um gesto de "pare".

— Está tudo bem. — Ela disse. — Não precisa se preocupar. Eles são protetores. Nos seguem desde que adentramos na floresta. E estão sob as ordens de Laio.

Fantin a mirou, claramente desconfiada. O homem aos seus pés sentou, pousando a mão na cabeça. Ele a balançou um par de vezes e enxugou o sangue que escorria de um arranhão na testa.

— Está bem? — Tamar perguntou a ele, que balançou a cabeça positivamente.

De trás de um arbusto, outro homem surgiu. Ele fez uma reverência breve e pediu desculpas pela confusão. Ajudou o companheiro a ficar de pé e retornou para o esconderijo. Só então, Fantin liberou a magia e as argolas desapareceram.

— Estou surpresa que você tenha conseguido percebê-los. Os manir tendem a ser silenciosos como felinos. — Disse Voltruf, sentando uma mão na cintura. — Hmm... Talvez seja uma habilidade passada através do laço com Virnan.

Tamar abanou a mão, rejeitando a ideia.

— Fantin sempre teve um bom senso de perigo, se é que posso chamar assim.

O espírito percorreu a figura da mestra loira, curiosa. Acabou por aceitar a afirmação de Tamar e retornou para o caminho, pensativa. Algum tempo depois, elas alcançaram uma clareira. Laio as aguardava ao lado do espírito Maxine. Tanto Voltruf, quanto ela, o acompanharam na missão para reaver as armas tucsianas. Por segurança, decidiram entregá-las ali, longe de olhos e ouvidos inimigos. Por esta razão, ele enviou protetores para acompanhá-las.

As três mulheres se aproximaram do centro da clareira, sob o peso do olhar verde e gélido do auriva. Fantin o cumprimentou com um aceno e apresentou Tamar como uma companheira de círculo.

— Onde está Virnan? — Ele indagou, e olhou para as mestras, desconfiado, enquanto elas explicavam a ausência da guardiã. Por fim, deu de ombros.

A sobrinha era ainda mais desconfiada que ele e se tinha apreço por aquelas duas ao ponto de formar um círculo com elas, não precisaria se perder em conjecturas desnecessárias.

— Típico daquela pequena daihu! — Exclamou, estalando a língua.

— Esse apelido realmente combina com ela — disse Tamar, revelando que compreendia o significado da palavra, com a qual se deparou em pergaminhos antigos, ainda na Ordem.

Ela explicou para a esposa:

— Significa tempestade.

— Encaixa como uma luva. — Fantin concordou.

A Ordem: O Círculo das Armasحيث تعيش القصص. اكتشف الآن