Capítulo Único

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Era um dia extremamente chuvoso e ventoso nos arredores do extenso campo de Gloucester na Escócia, que albergava mais do que transparecia na sua pacata vila, oculto dos olhos de todos encontrava-se o Castelo de Hogwarts que parecia ser engolido naquela tempestade inesperada, dentro do Castelo encontravam-se os alunos já em suas camas, descansando para o dia seguinte.

Mas, nem todos o faziam, olhando a lareira que crepitava as suas labaredas, o muy belo rapaz admirava o movimento sem realmente estar focando, seus olhos de intenso azul estavam distraídos.

Suas mãos seguravam um livro de encadernação antiga com pergaminhos tumultuados dentro, suas pequenas mãos tremiam de leve, e não era do costumeiro frio que se fazia sentir no salão comunal de Sonserina. Era simplesmente reação de quem estava no limite ou emocional instável, como parecia ser o caso.

Não havia um traço sequer, não havia informação alguma sobre seu pai, nada parecia que Tom Riddle nunca houvera pisado os pés em Hogwarts. Quando é que ele saberia alguma coisa sobre si? Sobre sua família? Suas origens? Algo que tirasse a sensação de eterno vazio no peito...

Lágrimas haviam cristalizado nas pálpebras do rosto do rapaz, como se ele nunca estivesse acostumado a chorar ou nunca o houvesse feito. O efeito das lágrimas não choradas com um súbito sorriso davam um ar meio alucinado ao rosto alvo e bélico.

De tão distraído que estava nem reparara quando alguém aproximara-se dele.

— As Famílias de Puro-Sangue do Mundo Bruxo...que literatura interessante para essa hora da noite, Riddle...

Contivera á custo, o pulo de susto que iria dar, ao olhar repentinamente para trás e dar de caras com Abraxas Malfoy, que tinha um olhar incrivelmente irritante e sorridente no rosto, por norma o Malfoy era sempre assim, o que o irritava mais do que queria admitir, não conseguia entender como ele andava sempre feliz.

—Não conseguia dormir...e decidi ler, algum problema Malfoy?- Seu tom era rude, sabia disso mas, só queria que aquele loiro irritante que tinha entrado consigo em Hogwarts nesse mesmo ano, sumisse da sua vista, não gostava de companhia e ele parecia insistir em vir ter com ele, ainda mais com aquela aparência de rico despreocupado, que era só a categoria de pessoa que mais o irritava, não que ele transparecesse, sempre tinha a mesma expressão ou um sorriso falso no rosto, por ter uma fisionomia atrativa desnorteava ou distraia as pessoas, a única vantagem que o infeliz de seu pai lhe tinha deixado.

—Nenhum...só achei interessante a escolha da leitura...

Tom limitara-se a olhá-lo inexpressivamente, desviando o olhar dele novamente na direção da lareira, quando pensava que ele iria retornar o seu caminho e dormir calmamente no dormitório, o infeliz havia-se sentado na poltrona ao lado da dele.

—Que você procura ai ?

Uma ruga de irritação demarcara-se na testa de Tom que simplesmente queria pegar na varinha e fazê-lo voar para o dormitório dele.

—A linhagem de meu pai...- Respondera simplesmente, contara a verdade também não lhe valia a pena mentir, afinal ele era Malfoy, só das famílias de sangue puro mais famosas do mundo Mágico, ele podia saber mais informações além da que estava ali nos antigos livros de linhagem de Hogwarts. Abraxas fizera um olhar pensativo, como se ele não soubesse que ele estava fazendo tudo menos isso.

—Riddle não faz parte das vinte oito famílias sagradas,mas podia tentar ir...pelo de sua mãe...

Tom suspirara, realmente ele era um inútil com dinheiro, como assim a sua mãe ? Ela era fraca, havia morrido ao lhe dar a luz e o havia deixado naquele lugar imundo, sabia seu primeiro nome pelas mulheres que guardavam o orfanato, Mérope e nem o segundo nome soubera, era impossível saber a sua origem por ela. Abraxas falara novamente, interrompendo os seus pensamentos.

—Marvolo...seu segundo nome, não é muito comum...

—Marvolo?

—Sim...ele consta esse nome de tão raro consta realmente de uma das famílias mais puras do mundo mágico...-Dizendo isso pegara o livro que ele estivera consultando e colocara na primeira página.

De tão absorvido que Abraxas estava procurando na extensa árvore genealógica da família Slytherin, nem reparara no olhar de assombro de Tom, que somente pensava como era possível? Sua mãe havia morrido, havia-o deixado naquele orfanato, como era possível ela ser da longa família de Slytherin, só um dos fundadores de Hogwarts e considerado o de linhagem mais pura. Isso não podia ser. Ou podia? Afinal, ele desde tenra idade sabia falar com cobras e isso era associado á família de Slytherin. Seu entusiasmo e ansiedade subiam conforme pensava.

Fora acordado de seus pensamentos pela voz de Abraxas que indicava que ele havia achado, fora apontando com seu longo dedo até chegar no final da página e lá estava num dos últimos galhos , Marvolo Gaunt junto ao de Mary Gaunt e por debaixo deles, encontrava-se Morfin Gaunt e lá estava ela, Mérope Gaunt e ao lado dela encontrava-se Tom Riddle e por debaixo encontrava-se ele, Tom M.Riddle.

—Viu se formos a ver ...é isso mesmo...você pertence a linhagem de Slytherin, Tom...- Falara Abraxas com um tom interessado, como se subitamente o menino inteligente e pobre da Sonserina fosse alguém sumamente interessante e valioso ter do lado.

—Mas então o meu pai...?

—Não tem qualquer registo...mas se quiser mando pedir na Mansão Malfoy, o registo mais atualizado e você saberá...

—Não precisa...obrigado...

Abraxas assentira sorrindo, contente de ser útil, pensava ele. Tom preferira não debater sobre isso, não agora , afinal fizera uma descoberta muitíssimo importante, ele era descendente de Slytherin, se já era especial, ele era sem dúvida perfeito. Sorrira de modo bem mais bem disposto, olhando Abraxas, arquejara a sobrancelha, puxando do livro.

—Boa noite...

—Boas, Tom...

Quando chegara na sua cama, fora a primeira vez que ele olhara o tecto e não conseguia dormir, as lágrimas que sempre esforçara por nunca deixar cair, caíram sem que pudesse controlar, ele era um descendente de Slytherin e isso era incrível, mas tinha uma mácula e uma mancha no seu sangue, se não havia um único registo de Tom Riddle em todos os locais que havia procurado e nem no livro das famílias sagradas, era porque ele não era feiticeiro, ele era muggle. Um nojento e inferior Muggle e a sua mãe que ele sempre achara fraca e sem valor, subitamente era uma das descendentes de Slytherin e tinha em si o nome dela e seu sangue puro nas veias.

Limpara bruscamente as lágrimas que lhe percorriam o rosto, como se essa fraqueza não se permitisse.

A decepção e a alegria eram um misto de emoções que ele não entendia e não compreendia.

No fim, o que contava era que ele era perfeito e assim sentia-se, não era uns meros percalços que o fariam duvidar, um dia ele iria podar de vez o que infectava a sua nobreza. Ou, não se chamaria Tom Marvolo Riddle.

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