Capítulo 4 - Passa-se Um Ano

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Tivemos um almoço bem saudável, no restaurante havia alguns alimentos que poderia dar para Beatriz comer. No fim ela estava toda lambuzada e rimos com a situação. No momento em que nos olhamos, era como se tudo tivesse voltado. Parecíamos mais uma família feliz. E por um momento pedi para que aquilo se tornasse realidade. E me lembrei de então, que ele foi embora.

- Quero que você me deixe explicar porque precisei viajar. - ele falou.

- Pode começar. - falei e aquilo soou insensível.

- Se lembra de que eu não tinha nunca conhecido meu pai certo? Então, eu acabei descobrindo que ele mora nos Estados Unidos, e era uma chance de eu ver ele. Minha mãe não queria que eu fosse atrás dele. E nós brigamos nesse meio tempo. E um dos motivos foi você. Ela ficou me culpando por não ter sido um bom pai e ter abandonado você. Mas como eu seria um bom pai, se nem eu tive uma experiência com algum? Então, eu fui à busca dele. E demorei meses para encontrá-lo. Ele está casado, e tem uma filha. Fiquei por um tempo lá, e quando ele descobriu sobre mim, nossa foi tudo tão diferente. E ele me proporcionou esse sentimento que eu não tinha antes. E foi por isso que eu voltei. Porque a Beatriz precisa desse sentimento. E tem que ser pelo pai verdadeiro, não por qualquer um. - ele concluiu.

Fiquei chocada. Minha boca caiu lá em baixo. Senti lágrimas caírem sobre meu rosto. Ele já havia me falado que queria conhecer seu pai, mas não sabia onde estava. E sua mãe nunca ousara em lhe falar. E agora ele tinha conseguido isso e via em seus olhos como toda essa situação mexeu com ele. E doía ter julgado ele todo esse tempo sobre ter ido embora, mas ele estava ali agora.

- Fico feliz por você, Bruno. - falo, limpando as lágrimas.

- Você não sabe como estou me sentindo. - falou, enquanto sorria e apertava a mãozinha da Bia.

- Está tudo bem. Você tem todo seu direito de vê-la. - completei.

- Eu preciso mais do que isso. - disse.

Não tive reação alguma. Ouvi meu celular despertar e estava na hora de voltar a trabalhar. Fui me levantando e tirando o dinheiro da carteira para pagar pelo meu almoço. Senti a mão de Bruno segurar a minha, e aquilo me fez ficar toda arrepiada. Depois de ele insistir muito, deixei pagar o meu almoço e comprar um suquinho para Bia.

Voltamos para loja, mas dessa vez Bruno já havia ido embora e Beatriz finalmente havia dormido. Depois de o meu horário acabar, fui andando até em casa empurrando o carrinho. Estava cansada, e estava começando a escurecer. No momento em que cheguei, procurei Gustavo pela casa toda, mas ele havia desaparecido. Liguei várias vezes em seu celular e para casa da sua mãe, mas nenhuma resposta dele. Talvez ele tivesse saído com alguns amigos, então deixei pra lá.

Uma semana se passou e aquela cena se repetia todos os dias. Bruno pegava Beatriz no meu trabalho e logo em seguida saíamos para almoçar juntos. Como uma família. Gustavo não apareceu a semana toda. Caio também se preocupou, pois, ele não costumava fazer isso. Tentei ligar para ele novamente e dessa vez ele atendeu.

"Alô? Gustavo?" - perguntei.

"Ah, oi Manoela." - ele respondeu, parecendo cansado.

"Como assim oi Manoela? Você desapareceu." - afirmei.

"Não exagera, só fiquei uns dias fora de casa. Afinal, você não precisa mais de mim." - ele falou, parecendo chateado.

"Cala boca, você sabe que eu preciso de você. Você é meu melhor amigo. E além do mais, a Bia te adora." - falei, e minha voz já tinha mudado de tom.

Quando O Imprevisto Acontece Where stories live. Discover now