Parte 2 Alice é seu nome!

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Durante o caminho, perguntava constantemente onde Jhonan estava me levando, mas ele sempre repetia: _"Tenha paciência, pois é uma supresa!"_ Vencido, eu apenas caminhava, observando bem a vista e tentando me abstrair de minha curiosidade.
Em frente ao que parecia ser uma lanchonete Jhonan se vira para mim e diz: _é aqui!_

— Pois bem, uma lanchonete? Parece algo comum, mas vamos entrar então! - disse em um tom intrigado, curioso em descobrir o que tornava o lugar tão especial para o maior.

— Vamos.

Ao entrar na lanchonete, observava minunciosamente como ela era, nada de diferente de outras lanchonetes, além de um palco no qual não tinha nenhuma banda. _Talvez seja alguma memória positiva que ele tem deste ambiente…_

— Ei vamos nos sentar ali, eu adoro aquela mesa!

— Vamos. - acatei sua sugestão e o acompanhei, sorrindo sutilmente.

Nos sentamos à mesa. Aquela hora da noite o movimento era fraco, visto que haviam apenas outros dois casais por ali, entretidos em suas conversas e vidas próprias. Não demorou muito para um garçom vir nos atender.

— Boa noite, o que vão pedir? - questionou e pude observar que ele não era tão mais velho do que nós. Provavelmente uns dois anos à mais, no máximo. Tinha um sorriso amigável e um tom de pele bronzeado que realçava ainda mais a cor de seus olhos.

— Vou querer 1 porção de batatas, 2 sucos e 2 sanduíches... - Jhonan se manifestou, fazendo os pedidos e eu apenas me mantive quieto, observando.

— Ei agora lembrei de você! Você não é da turma de design?

— Sim eu sou, e você é da turma de teatro não é?

Pelo visto, os dois já se conheciam. Me questionava internamente se Jhonan fazia o tipo popular. Ele aparentava ser uma boa companhia, alguém agradável para conversar.

— Sim! E esse é seu namorado?

Despertei imediatamente ao ouvir a palavra "namorado". Constrangido e com as bochechas rubras, rebati:

— Não, eu também sou da turma de design, somos apenas colegas de quarto.

Pude perceber que Jhonan observava tudo, atento ao meu nervosismo repentino e segurava o riso. Lancei-lhe o meu melhor olhar furioso e ele balançou os ombros, como que diz _ei, eu não ligo!_ . Revirei meus olhos e sorri sutilmente de canto, balançando minha cabeça em negativa.

— Ah sim, foi bom vê-los... Já trago os seus pedidos!

O mais velho ali se retirou rápido, visto que provavelmente ele havia ficado sem graça com sua colocação e bem pudera.

— E aí Pietro, por quê quis vir estudar aqui?

Fiz uma breve pausa antes de responder Jhonan.

— Acho que pelo mesmo motivo que muitos, pra ficar longe dos pais e viver a própria vida. Precisava me sentir o adulto que sou sabe? Ser independente.

Soltei um suspiro baixinho, me lembrando de algumas dificuldades que enfrentava dentro de casa constantemente.

— Claro!.. Então, você tem namorada?

— Não, na verdade eu nunca namorei, só tive alguns casos... coisas de adolescente entende? - disse um pouco sem jeito e corrigi minha postura sobre a cadeira.

— Sim, compreendo...

Fitando o palco, pude ver que um outro funcionário do estabelecimento subia ali, para anunciar: — O karaokê está aberto pra quem quiser participar!

— Nossa que interessante, um karaokê em uma lanchonete...

E eu realmente falava sério. Jamais havia experimentado este formato em um local como aquele. O dono certamente era um visionário ou no mínimo, apaixonado por música.

— Eu escolhi esse lugar justamente por isso. Vamos subir lá?

_Então é por isso…_

— De forma alguma eu não sei cantar! – falei com os braços levantados em sinal de rejeição.

— AAAH, vamos. Não tem quase ninguém na lanchonete.

Jhonan tinha razão. Haviam pouquíssimas pessoas ali e até que seria uma vergonha menor, olhando por este lado. Além do mais, a carinha dele, olhando para mim como um cachorrinho que perdeu-se do caminhão de mudanças… Eu não conseguiria resistir.

— Tá bom, mas vai ser só uma música.

— ISSOOOO!

Sorri, envolvido pela animação do maior e então subimos ao palco e escolhemos a música que brilharia em nosso show: _One_ do _Ed Sheeran_ que - coincidência ou não - era minha música preferida do cantor.

Cantávamos a plenos pulmões o refrão _"All my senses come to life_
_While I'm stumbling home as drunk as I
Have ever been and I'll never leave again
'Cause you are the only one"_ olhando para o “público” eufóricos quando, repentinamente entra pela porta da lanchonete a garota que eu havia visto no sinaleiro. Meus olhos acompanharam-na até a mesa que ela escolheu para se sentar e por uma fração de segundos, me esqueci que tinha de terminar a música. Assim que ela me encarou, levei uma espécie de choque e desviei o olhar, voltando à canção como se nada tivesse acontecido, finalizando-a minutos depois, com minha respiração um pouco descontrolada.

— Isso foi incrível! A gente precisa fazer isso de novo qualquer dia.

— Sim, seria ótimo. - respondi, ainda aéreo, observando a garota sentada numa mesa do fundo, de frente para o palco.

— Aliceee!

A garota que até agora não tinha nome e que olhava para seu celular leva um pequeno susto e logo sorri, vindo nossa direção e abraçando Jhonan.

— Primo que bom te encontrar aqui!

_Então, eles são primos?_

— Sim, faz muito tempo desde a última vez que nos vimos não é? Ah! Esse aqui é o Pietro, o meu novo colega de quarto!

Sorri sem jeito assim que ela focou em mim e respondi tímido ao ser apresentado.

— Oi!

— Oiee!

— Vem Alice, senta com a gente.

O convite feito por Jhonan à sua prima me fez ficar um pouco nervoso ao cogitar a presença dela em nossa mesa. Tentei me controlar.

— Agora não tenho tempo, quem sabe outro dia.

Sem explicar muita coisa, ela saiu e pude sentir um peso sair de mim junto com ela. Parecia um pouco nervosa quando respondeu e aquilo me deixou intrigado.

Ignorando o que havia acabado de acontecer Jhonan simplesmente voltou a se sentar e eu simplesmente o acompanhei, quieto. Comemos e assim que estávamos devidamente satisfeitos era a hora de pagar a conta. O maior insistiu tanto em arcar com as despesas que não vi saída senão aceitar, com a condição de que da próxima eu é quem pagaria.

Olhando no relógio que ficava no portal do estabelecimento pude perceber que eram 22:50 hrs, ou seja, precisávamos nos apressar. Durante o caminho não resisti perguntar mais sobre a parenta que tanto me deixava encabulado.

— A sua prima estuda na faculdade?

— Sim! Mas ela não mora no campus. Nos alojamentos apenas homens são
permitidos.

— Ah sim! Ela parece ser legal. - falei, simplista.

— Sim! Ela é muito legal.

Caminhando tranquilamente sob a brisa fresca e acolhedora da noite nem percebi o tempo passar e então, de repente, senti um friozinho na espinha. Geralmente sentia aquilo quando estava prestes a me atrasar para algo.

— Ei? Quantas horas são? - perguntei, já nervoso.

— Pietro já são 23:10 hrs, melhor a gente correr senão vamos ficar do lado de fora.

— Sim, vamos depressa!

Em um dia Como outro qualquerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora