Contato Imediato

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𝘐 𝘯𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘨𝘢𝘷𝘦 𝘶𝘱 𝘰𝘯 𝘺𝘰𝘶, 𝘐 𝘤𝘢𝘭𝘭𝘦𝘥 𝘺𝘰𝘶 𝘦𝘷𝘦𝘳𝘺𝘯𝘪𝘨𝘩𝘵 𝘧𝘰𝘳 - 353 𝘥𝘢𝘺𝘴, 𝘐 𝘩𝘦𝘢𝘳𝘥.  ♡

Ela dava pequenos passos em direção ao escuro, ao desconhecido. O chão era coberto por água, como um lago muitíssimo raso. Seu coração acelerava, sua respiração vacilava. Ela parecia estar naquele lugar, no fundo de sua mente, onde costumava visitar quando precisava achar alguém. Só que estava sozinha dessa vez, e ela detestava essa sensação.

Até que ela viu ele. No meio do inexistente, do vazio, ela viu a figura dele surgindo de longe, caminhando até ela. Apesar de não entender o que estava acontecendo, logo abriu um sorriso.

Quando o corpo esguio de Michael Wheeler foi se aproximando, Jane Hopper não hesitou em andar cada vez mais rápido para chegar até ele. Ela não sabia o que estavam fazendo alí. Como chegaram alí, se era real, se era um sonho ou um delírio, mas ver ele, depois de tanto tempo, era reconfortante, era bom demais. E depois de garantir que ambos não podiam ficar mais próximos do que estavam agora, Jane observou seu rosto, seus traços físicos. Era ele mesmo. Sua pele pálida parecia real, suas sardas ainda estavam no mesmo lugar. Os olhos negros ainda refletiam a sua imagem. Ela tocou sua pele. Ela respirou fundo então, porque parecia que estavam realmente se tocando, como na vida real.

Mike segurou seu braço e sorria pra ela. Eles se abraçaram. O tempo que eles tinham ficado sem se ver, desde a batalha no shopping e a morte do xerife Jim Hopper, não era nada comparado com o período angustiante que eles passaram quando Jane (quando ainda era somente Eleven) havia sumido diante dos olhos de Mike, e a existência dela tinha fincado uma incógnita na cabeça dele. Mas depois de um tempo, mais precisamente 353 dias, ela voltou pra ele. E agora eles foram separados novamente. Ele em Hawkins e ela em Illinois. Não parecia tão ruim quanto antes, mas ainda era doloroso.

- Isso é um sonho? - Mike pergunta a ela, ainda sorrindo. - eu estou sonhando, não estou?

- Eu não sei. - Jane respondeu, triste. O jeito que Mike a olhara esperançoso, como se esperasse que ela disesse que tinha recuperado os poderes e agora podiam se ver, mesmo que somente dentro de suas mentes. - Mas não parece com nenhum dos sonhos que eu costumo ter. - ela olhou em volta. - Tudo escuro.

- Você sonha comigo? - o rapaz questiona.

- Um pouco. Na cabana. Hopper. Sempre sonho com ele. Como pesadelos. - Jane não gostava de contar a ninguém que constantemente tinha sonhos com Hopper. Sonhos que começavam sempre bem, como eles fazendo torres de waffles com chantilly, mas terminavam sempre horríveis, como ele sendo levado pelos russos, pelos monstros ou por alguém do laboratório. Na maioria das vezes, nunca de forma pacífica.

- Também sinto medo. Tenho a sensação de que ninguém está seguro. - apesar de terem se desprendido do abraço há alguns minutos, Mike apertava a mão dela. Jane retribuía com a mesma intensidade.

- Acho que aqui estamos seguros.

E Jane sorriu, do seu jeitinho, e Mike sentiu seu coração derreter. Ele a beijou suavemente. Não um beijo caloroso como os que trocavam na cabana de Jim Hopper, ou o beijo necessitado que deram na casa dos Byers, no dia em que foram embora de Hawkins. Mas era um beijo terno, com gosto de saudade.

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Jane Hopper abriu os olhos. Tudo continuava escuro. Quando a sua visão se adaptou à escuridão ela olhou para o relógio ao lado da sua cama. 4h00 da manhã. Ela suspirou e voltou a fechar os olhos, tentando recuperar o sono. E assim, quem sabe, voltar a sonhar.

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A residência dos Wheeler é sempre muito movimentada todas as manhãs. Karen Wheeler tem o dever de preparar o café da manhã e acordar suas crianças para se aprontarem para seus respectivos compromissos. Ted Wheeler se inclui nesse contexto, apesar de já ser um homem crescido. Todos se reuniram para a mesa do café da manhã, com a exceção de um único integrante.

Contato ImediatoWhere stories live. Discover now