Capítulo 1

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Meu braço doía ao ser arrastada pelo convés. O homem que acabara de me encontrar subiu as escadas para o tombadilho e abriu uma porta atrás do leme. Rindo, ele me jogou para dentro e quase perdi o equilíbrio.

— Veja o que encontrei, capitão! Eu sabia que faltava comida, e essa garota é a merda da razão!

O homem sentado à mesa não era o que eu esperava de um capitão pirata. Ele tinha uma barba curta e marrom e uma franja reta caía ligeiramente sobre as sobrancelhas. Era incrivelmente limpo, apesar da camisa cinza amassada. Lentamente, ele dobrou o papel que estava lendo e o colocou dentro da primeira gaveta da mesa enquanto seus olhos de mel traçavam meu corpo de cima a baixo. Eu me abracei e dei um passo para o lado, afastando-me do homem que me trouxe aqui.

O capitão fez um gesto para o homem sair e ele obedeceu, fechando a porta. Suas botas pretas brilhantes estavam sobre a mesa e ele colocou os dedos entrelaçados sobre a barriga. Não ousei falar uma palavra.

— Você entrou no último porto há dois dias, estou certo? — Confirmei com a cabeça em resposta. — Você sabe que ainda temos cerca de cinco dias para chegar ao nosso próximo destino? — Minha resposta foi a mesma. — Bem, não podemos ter você a bordo e não fazer nada. Você deve cozinhar para nós como pagamento.

Engoli em seco e minha voz soou baixa:

— Eu não sei cozinhar.

Ele ergueu as sobrancelhas simulando surpresa e seus pés se firmaram no chão para que ele pudesse ficar de pé. Circundando a mesa, ele se aproximou de mim. O capitão chegou muito perto e eu dei um passo para trás até bater na porta.

— Bem, tenho certeza de que podemos encontrar outro uso para uma garota bonita como você em meu navio.

Um arrepio percorreu minha espinha, e lamentei minha escolha desesperada naquele porto apenas dois dias atrás, mas o que eu poderia ter feito? Eles estavam prestes a me encontrar, e o navio em que eu havia comprado um quarto já partira sem mim.

Uma lágrima teimosa deslizou pela minha bochecha quando eu desviei o olhar.

— Oh, não seja assim. — Ele pegou uma das minhas mãos trêmulas. — Tenho certeza de que suas mãos macias e ricas podem sobreviver lavando a louça por alguns dias. — Ele riu no momento em que meu queixo caiu. — Você não será ferida no meu navio — disse e se afastou. — Você tem muita sorte de eu ser um cavalheiro, mas o que você estava pensando, embarcando em um navio pirata? E sozinha, ainda por cima.

Ele achou que eu fosse burra?

— Eu não sabia que era um navio pirata! — sibilei, e ele me olhou surpreso ao me ouvir falar tão assertivamente de repente. — Parecia um bom navio comercial normal que estava indo para a cidade de Keanys. — Lembrei-me de suas palavras e logo acrescentei: — E eu não sou rica.

Como pirata, não duvidei que ele já estivesse pensando em maneiras de lucrar comigo. Talvez esse fosse o principal motivo para que ele me mantivesse ilesa, mas eu não queria que ele soubesse que minha família era a mais rica do país. Eu já estava em uma jornada secreta para pedir a assistência do meu avô e não precisava dar a ele outro problema para resolver. No entanto, quando o capitão se aproximou de mim novamente com um sorriso presunçoso nos lábios, pensei que talvez eu devesse lhe prometer algum dinheiro para garantir que não me machucaria até chegarmos ao nosso destino.

— Oh, você é. Talvez não muito, mas o suficiente para que sempre tenha alguém cozinhando para você, não é? — Ele, descuidadamente, agarrou a ponta da minha trança, brincando com meu cabelo escuro e encaracolado.

Dei um passo para o lado, fazendo com que os fios deslizassem para longe de seus dedos. Eu tive que segurar a raiva fervente dentro de mim. Quem ele pensou que era para me tocar assim?

A Duquesa ao MarWhere stories live. Discover now