Capítulo Um

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Londres, fevereiro de 1860 Sweetmiddelton

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Londres, fevereiro de 1860
Sweetmiddelton

MARY ANN SUSPIRAVA pesarosa de dentro do coche. Ouvira a mãe falar quase todo o verão sobre ela ter que conseguir um pretendente nesta temporada afinal, já era sua terceira e muitos cogitavam o porquê de sua solteirisse. Não adiantava argumentar que ainda era jovem e que não havia encontrado alguém que a interessasse. Mary precisava estar casada em um mês, caso contrário iria para o mesmo convento que sua irmã ou pior, teria um casamento arranjado com o Sr. Flankes, um homem enfadonho que só sabia gabar-se de suas bonanças em guerra.

- Senhorita, é horrível vê-la tão apreensiva. Esta temporada será melhor que as outras, prometo-te.

- Não prometa o que não pode cumprir - disse Mary, desgostosa.
Afim de apaziguar os ânimos, a aia utilizou de um artifício potente para entretê-la: falar sobre sua própria filha. Ela gostava da menina tão como se tivesse gerado. Contava do episódio recente que a irmã havia contado nas últimas cartas: a garotinha de seis anos encontrara uma salamandra nos jardins e vivia andando por todos lados com o novo bichinho.

Em pouco tempo, as duas riam entretidas quando o coche parou de súbito fazendo-as escorregar de seus assentos.
Mary pôs a cabeça para fora da janela e perguntou ao cocheiro o que se sucedera.

- Não há motivo para alarde, milady. É só um casal com desentendimentos.

Antes que pudesse entender a fala dele, uma garota de mais ou menos sua idade passara correndo atrapalhadamente, claramente fugindo do homem que estava em seu encalço.
Impulsivamente, Mary abriu a porta e saltou para a rua.

- Milady, o que pensa que está fazendo? - berrou a aia, desesperada.

- Ei, deixe-a em paz! - bradou alto o bastante para ser ouvida por toda Londres.

O homem a ignorou e continuou a perseguir a jovem que agora corria em círculos.

- Estou avisando para deixá-la ou irá arrepender-se amargamente!

Sem pensar muito, retirou o sapato do pé esquerdo, mirou nas costas largas masculinas e arremessou com toda força que possuia. De primeira, pensou que não tivesse surtido efeito mas o homem havia enfim parado de correr. Virou o corpo lentamente e questionou, com o máximo de calma que um ensandecido teria:

- Estou enlouquecendo ou acabei de ser acertado por um sapato?

- Bom que tivesse acertado sua cabeça - exclamou a moça que buscava proteção atrás de sua defensora. - Quem sabe assim algo de benévolo se formasse aí dentro!

- Meça suas palavras, sua malcriada!

- Seu estúpido!

- Já chega - aproximou-se da moça que servia de escudo pronto para rebocar a outra até a carruagem deixada três ruas abaixo.

Feito Brasa ArdenteWhere stories live. Discover now