POEMA 2 - Ao povo

5 1 0
                                    

Ao povo


Ao povo, as coisas ocorrem
seguidamente
sem muito ensaio ou
núpcias de uma
preparação
Há uma linha no fundo
de cada pessoa
e nessa linha há
um sentimento de
altivez
em cada segundo de
realidade
Há sempre uma condição
que não foi considerada antes
e há sempre uma pergunta também
de
"por que não continuar agora?"

Ao povo, que tanto acredita
mesmo não tendo mais razões
para acreditar
(e certamente não há razões para acreditar)
São gestos mínimos de
revolta,
de reação
Mesmo sem algo, o povo
vê algo que não existe
assim como o felino
que não nota a própria
cauda

Ao povo, que não desiste
jamais
e que avança sem a mínima
intimidade
de fato, é uma tremenda loucura
mas vá dizer isto a eles
e eles irão gargalhar de
vossa franqueza
Esse povo não sabe o que
é desistir,
pois assim vos foi ensinado
então eles continuam indo,
indo
até perceberem que são eles
e ninguém mais

Ao povo, que no meio
de tanta conturbação em suas vidas,
ri
como se a vida fosse um espetáculo,
uma comédia
Eles encontram coragem quando
não há mais coragem
Acordam bem cedo carregados de
sono e sonhos
sem saber que o sono acaba
e os sonhos
também

Ao povo, que marcha por fulano
e amanhã decide por ciclano
opondo-se a beltrano
marchando e cantando
por muitos, por diversos
e por inúmeros
mas nunca
por eles

Poemasحيث تعيش القصص. اكتشف الآن