Helena White nunca acreditou em almas gêmeas, até que ela o encontrou.
Após descobrir a traição de seu noivo, o relacionamento acabou de forma imediata, fazendo-a repensar as escolhas que tivera ao decorrer de sua vida.
E naquela manhã, sem graça...
And high up above or down below (Bem no alto ou bem lá embaixo) When you're too in love to let it go (Quando você está muito apaixonado para esquecer) But if you never try, you'll never know (Mas se você nunca tentar, você nunca saberá) Just what you're worth (O quanto você vale)
– COLDPLAY
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SUDBURY, MASSACHUSETTS JULHO DE 2019
O barulho insistente e constante do interfone do apartamento despertou Helena de seu sono. A mulher abriu os olhos claros, piscando-os diversas e repetidas vezes para mantê-los abertos, confusa e atordoada por alguns breves segundos, até compreender que havia alguém tentando falar com ela.
Momentaneamente, procurou por Sirius com suas mãos, tocando os cobertores acima de seu corpo, esperando encontrar o filhotinho dormindo ao seu lado, como havia sido durante as últimas semanas. Quando, enfim, lembrou-se de que ele havia ido embora com o verdadeiro dono há dois dias e não estava mais com ela, suspirou e empurrou as cobertas para longe.
Levantou-se, bocejando e calçando suas pantufas cor-de-rosa nos pés, evitando tocar o chão frio de seu apartamento. Antes de caminhar até sua sala, onde estava o telefone, ela abriu as cortinas brancas e curtas de sua janela do quarto, apertando os olhos quando o sol invadiu todo o cômodo, iluminando o local com seus raios.
O verão sempre fora uma estação e uma época do ano que a mulher amava; as pessoas pareciam mais bem-humoradas e simpáticas, esquecendo-se de todas as preocupações; e o clima tornava-se mais ameno e tranquilo, favorável para passar o dia em um parque ao ar livre ou na varanda lendo um livro.
Naquele ano, porém, a estação apenas deixava a mulher estranhamente melancólica; lembrava-se de como os seus dias e as coisas eram antes de tudo desmoronar aos seus pés e era impossível evitar sentir-se como se estivesse vivendo uma vida que não a pertencia. Não conseguia reconhecer a pessoa que ela havia se tornado no último mês e estava com medo de nunca ser capaz de conhecer a si própria novamente.
