Solar - primeira parte

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- Atrasada de novo? - o homem olhou irritado para a garota que acabara de adentrar o bar arfando

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- Atrasada de novo? - o homem olhou irritado para a garota que acabara de adentrar o bar arfando.

- Desculpa, desculpa! - ela disse colocando depressa o avental com o logo do bar.

"Bob's bar"

Quanta criatividade!

- O ônibus passou cedo de novo - fez a melhor cara de pena possível.

Era mentira, mas ela sabia ser uma boa mentirosa.

- Que seja! - ele revirou os olhos. - Alguém entupiu o banheiro masculino.

- Argh, sério?! - questionou fazendo cara de nojo e o homem concordou com a cabeça parecendo se divertir.

Bob já estava quase na casa dos 60'. Era gordo, não apenas pelo excesso de comida e falta de exercício, mas o inchaço na barriga era por conta da quantidade de cerveja que ele ingeria. Sua cabeça era quase completamente careca, a não ser por alguns fios teimosos que insistiam em crescer perto de sua orelha e na nuca. Tinha uma barba castanha comprida e mal cuidada com vários nós. Higiene não era muito seu forte, ele parecia sempre estar precisando de um banho, sua roupa constantemente estava engordurada e ele fedia à cerveja e suor. Nada agradável aos olhos e ao nariz.

Mas ele pagava o salário de Solar e havia alugado um pequeno apartamento para ela e isso já era mais do que suficiente.

Com muita má vontade, ela foi em direção ao armário com produtos de limpeza. Colocou luvas e pegou tudo o que precisaria, porém não havia nenhuma bomba atômica ali, mas ela daria seu máximo.

Já ao entrar no banheiro masculino, ela sentiu um cheiro horrível que fez seu nariz arder e seu estômago embrulhar.

Ainda bem que não tomei café da manhã.

Depois de muito esforço e quase vomitar muitas vezes, Solar conseguiu desentupir o vaso e até que deixou-o bem razoável.

Após limpar-se por um bom tempo, tendo certeza de que não havia nada sujo de bosta alheia em si, ela voltou para a frente do bar.

- Conseguiu? - Bob perguntou levantando uma sobrancelha.

- Sim, senhor - ela bateu continência.

Ironia e sarcasmo eram o seu forte.

- Bom! - ele respondeu no mesmo tom.

Solar começou a limpar as mesas e conseguiu varrer o local antes dos clientes aparecerem. Eram basicamente os mesmo de sempre, velhos assanhados e mais bêbados que o próprio Bob.

- Por que você sempre usa essa fantasia? - um cara de uns quarenta anos que usava um uniforme sujo de graxa indagou examinando-a com seus olhos castanhos e cansados. - E por que faz isso com seu cabelo?

Solar tinha uma aparência diferente do normal e costumeiro. Sua pele era extremamente branca, suas orbes também e seu cabelo era branco prateado. No entanto, não era ela que usava uma "fantasia". Ela sempre foi assim, desde que se entendia por gente. Deveria ser alguma síndrome rara parecida com albinismo, mas ela não tinha problema em pegar sol, na verdade, Solar até gostava.

- Porque eu gosto - sorriu sem graça.

Não adiantaria nada tentar explicar para ele que ela era daquele jeito naturalmente.

- Uma menina tão bonita - ele deu um gole em sua cerveja. - Pra que se fantasiar assim?!

Os outros três homens que estavam sentados com ele concordaram olhando-a de cima a baixo.

Solar terminou de servi-los e saiu dali antes que desse um soco na cara daqueles nojentos.

O que eu tenho que aguentar pelo dinheiro!

Porém ela sabia que tinha tido a oportunidade de fazer uma faculdade em uma das melhores universidades de Nove Iorque. Mas ela não quis, Solar achava que não se encaixava nesse mundo universitário, ela se achava inteligente o suficiente para se graduar tranquilamente, contudo sentia que havia algo mais grandioso para ela.

Todavia, acabou sendo garçonete e faxineira de um bar. Quanta grandiosidade!

Após cumprir seu horário, Solar deixou o estabelecimento as 18h em ponto, não querendo ficar mais nem um segundo ali dentro.

Decidindo caminhar até seu apartamento, que era meio longe, mas nada que Solar não desse conta, ela colocou sua mochila nas costas e iniciou sua caminhada.

Por quatro quadras ela foi chutando uma pedrinha pela calçada. Soltou um suspiro e olhou para o céu alaranjado. Ela amava o pôr-do-sol, amava as cores que ele deixava naquela imensidão. Era uma das poucas coisas que gostava em sua vida.

Ao chegar em casa, após subir seis lances de escada, pois o elevador estava quebrado e ela morava no último andar do prédio, Solar adentrou seu pequeno lar.

Em poucos segundos, seu cachorro, da raça husky e de pelagem branca, correu em sua direção e pulou em seu colo. Rindo, Solar acariciou seu pelo macio.

Seu nome era Lobo Branco.

Sua semelhança com Solar era tangível. Além de seus pelos claros, ele também tinha os olhos de um azul claríssimo, quase branco.

Solar encontrou Lobo há dois anos quando estava voltando do trabalho e escutou-o chorando desesperado em uma lata de lixo.

Como alguém teve coragem de abandonar esse anjinho?

Ele era o melhor amigo de Solar. Ela não poderia pedir melhor companhia. Mesmo que ele não respondesse, ela conversava com ele. Às vezes achava que estava ficando louca. Mas nos dias de hoje tem como você ser completamente são?

Acho que não.

Solar encheu a vasilha com ração e trocou a água de Lobo, enquanto seu cachorro comia, ela aproveitou para tomar um bom banho. Esfregou cada pedaço de seu corpo e passou perfume após banhar-se. A última coisa que queria era continuar com o cheiro do bar.

Sentindo sua barriga roncar, ela resolveu pedir uma pizza. Ligou a TV e sentou em seu sofá amarelo velho e mole. Seu cachorro subiu no sofá e deitou a cabeça em seu colo. Solar sorriu e afagou as orelhas de Lobo.

A garota estava vendo um programa qualquer, quando uma reportagem interrompeu a programação. Nela haviam vídeos mal gravados e tremidos de uma luta entre Capitão América e um tipo de soldado. Solar focou totalmente sua atenção na tela. O soldado havia matado e machucado muitas pessoas na batalha, mas ainda não tinham informações sobre quem ele era.

Após alguns minutos, o programa que ela estava assistindo antes voltou.

Deve ser legal ser um super herói. Com toda essa adrenalina e ação!

Solar passou o resto de sua noite imaginando como sua vida seria se ela fosse uma super heroína. Ela gostava de sonhar sobre coisas impossíveis, apesar disso chateá-la um pouco.

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Espero que tenham tido uma boa leitura :)

Inverno Solar - Bucky Barnes Where stories live. Discover now