Prólogo

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Ela andava depressa, mas cuidadosamente pelos corredores do castelo durante a madrugada. Os trovões clareavam o espaço e faziam com que os vidros das janelas tremessem. 

O mundo estava quase se desfazendo em água e ela não se importava nenhum pouco. Sempre gostou de tempestades. Sempre gostou da violência que seus trovões e ventos traziam.

Isso lhe dava a calma de saber que até a natureza - tão bela e perfeita - tinha seus momentos de fúria também.

Ela chegou na gárgula de pedra suando frio. Apesar de ter pensado muito a respeito do motivo que lhe trouxe ali, ela não podia evitar o nervosismo.

Resmungou a senha que havia escutado Professora McGonagall falar mais cedo - sim, ela havia ficado de guarda, escondida atras de colunas, para ver se conseguia descobrir a senha que a impedia de entrar onde queria. - A gárgula deu um salto para o lado e a parede se dividiu em duas partes, mostrando uma escada em aspiral que levava para cima.

Amber limpou as mãos soadas na capa preta e começou a subir. Respirou fundo quando chegou à porta com aldrava de bronze em forma de grifo.

Bateu na porta sentindo-se estúpida. Imaginando todas as formas de humilhação que a aguardavam, esperou por uns cinco minutos, até que ouviu um "estou indo" abafado vindo do outro lado da porta.

O homem que abriu a porta era muito menos intimidante quando estava de pijama azul fraco, gorro na cabeça combinando com a camisola gigante e limpando o óculos enquanto bocejava.

- Estou curioso em saber como conseguiu a senha, Srta. Riddle. - Dumbledore falou em tom casual, como se a ida da garota até ali fosse uma coisa cotidiana.

- Ouvi Professora McGonagall a usando para entrar aqui mais cedo, Diretor. - a menina se mexeu desconfortávelmente, esperando um sermão que não veio.

Dumbledore apenas riu, como se já esperasse por aquilo. Deu um passo para o lado, gesticulando para a garota entrar.

- É claro que também estou curioso para saber o motivo dessa visita inesperada... - Dumbledore disse, sentando atras de sua mesa lotada de papeis. A menina ficou de em pé, até o Professor dizer-lhe para sentar em uma das cadeiras que ficavam de frente para ele.

- Estive pensando, Professor, por muito tempo a respeito do que tenho a lhe dizer e finalmente consegui a coragem de vir ao seu encontro. - ela escolhia bem as palavras, tentando não transmitir na voz seu nervosismo. - Não é segredo para ninguém de quem eu sou filha. Sei o que todos esperam de mim por ser filha dele. E isso não é o que eu quero.

Ela mexia nos dedos enquanto falava. Ato que entregava seu nervosismo. Dumbledore a escutou em silêncio e com profundo interesse.

- E o que você quer? - o homem grisalho perguntou, os olhos azuis olhavam profundamente para a mais nova.

A menina respirou fundo.

- Acho que nós dois temos a certeza que ele vai voltar, não é? - A menina perguntou, olhando para Dumbledore com determinação. Ela não esperou por uma resposta. - E sempre foi bastante claro para mim que quando ele voltar, vai me querer ao seu lado.

- Como você sabe? - Dumbledore perguntou. Ela riu fraco.

- Minha mãe deixou isso bem claro nos diários que ela me deixou. Ele sempre quis um herdeiro para seguir ao seu lado na escuridão. Ele vai vir a minha procura. - ela falou com determinação. Dumbledore ajustou seus óculos meia lua em seu nariz.

- Não creio que esteja lhe acompanhando, Srta. Riddle...

Ela olhou nos olhos do seu diretor e respirou fundo mais uma vez. É agora, pensou. Depois disso, está feito.

- Eu vim pedir a sua ajuda, Professor. Ajuda para me preparar. Eu não escolhi nascer filha dele, mas eu posso escolher o que fazer com isso. E eu escolhi o seu lado. Vim pedir sua ajuda para me preparar, para me entrosar no meio dele para ajudar todos, que assim como eu, estão contra ele.

O silêncio na sala permaneceu por alguns segundos, deixando cair o peso daquelas palavras em cima dos ombros de Dumbledore.

Ele sentou-se direito na cadeira e olhou para a menina a sua frente.

- A senhorita tem certeza sobre isso?

- É a única coisa que faz sentindo para mim, Professor. - ela disse, implorando mentalmente para que aquele homem a ajudasse.

Dumbledore sorriu.

- Amber Bree Riddle, temos um difícil trabalho a nossa frente.

Então a menina de 11 anos sentiu que podia respirar novamente.

Herdeira das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora