Piloto

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Olá pessoal, esse é uma história que venho escrevendo já tem um tempinho, mas só criei coragem de postar agora.

Bem, espero que gostem.

Obs: essa história também está sendo postada no Spirit.

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A floresta se erguia majestosa e impiedosa ao seu redor.

A chuva que havia passado por ali durante a madrugada dava ao local um aroma calmo particular, mas também deixava o chão úmido e escorregadio, lama e musgos grudavam nos seus sapatos deixando-os mais pesados e pegajosos e algumas gotas caiam das folhas acima de si, lhe acertando em alguns momentos.

A nevoa era mais densa do que a que ela estava acostumada, limitando seu campo de visão.

Porém não era uma surpresa, já que naquela parte do país as temperaturas eram geladas na maior parte do ano, especialmente naquela época do ano. O Solstício - mais conhecido como Natal para os mortais - estava se aproximando, o que significava neve em breve.

Aquela era a estação preferida da garota, onde ela não teria que lidar com o forte sol que lhe causava queimaduras com facilidade e com a grande presença de mortais por todos os lados. Ah não, o inverno era perfeito para uma fugitiva como ela, as noites eram mais longas, a lua cheia ficava mais poderosa do que nunca, os caçadores se tornavam fáceis de identificar e ela se sentia mais forte.

Já estava no Maine à mais de um mês e havia sido atacada apenas uma vez.

Ela sabia que eles costumavam tirar "férias" naquela época, o que significava um curto período de calmaria do qual ela devia tirar proveito para repor as energias e se preparar para os agitados e perigosos meses que se seguiriam, já que seus inimigos fariam o mesmo.

A cada dia que se passa os ataques se tornavam mais violentos e frequentes, os caçadores eram cada vez mais poderosos e experientes. Mas assim como eles, ela também se tornava mais poderosa e inteligente, a garota sentia seus poderes crescerem e evoluírem conforme ela os descobria e aprendia sobre eles.

Três dias atrás haviam completado dois anos que ela havia conseguia fugir de "A New Life Tomorrow", uma espécie de clínica de reabilitação para jovens órfãos problemáticos. Bem, era o que os diretores diziam para os mortais, mas na verdade era uma prisão para jovens bruxas e feiticeiros, um lugar onde seus poderes eram drenados até que eles morressem. A garota havia tido sorte em escapar, mas sabia que eles a perseguiriam até que um dos lados perecesse. Até dado momento, ela estava vencendo aquele jogo de gato e rato, mas sabia que se não encontrasse um Coven que a aceitasse e a ajudasse a se proteger ela tinha grandes chances de perder.

Havia encontrado alguns Coven pelo caminho, inicialmente todos a acolhiam, até descobrirem sua história. Eles já tinham problemas demais, acolher uma fugitiva exigia mais do que eles estavam dispostos a oferecer. No final das contas, ela acabava sendo expulsa. No pior dos casos, um dos Coven havia tentado entrega-la em troca de paz e ouro, por pouco havia conseguido escapar e eles haviam sido capturados ou assassinados pelos caçadores, que nunca tiveram a intenção de negociar.

Mas isso foi a cinco meses atrás, não era mais problema seu.

Agora ela precisava encontrar um lugar para passar o resto do mês de dezembro, onde pudesse descansar e se recuperar dos meses de caça incessante. Seu ombro esquerdo não estava totalmente curado do último ataque, quando foi atravessada por uma flecha celestial envenenada - ainda se perguntava onde aquele caçador à havia conseguido, armas celestiais eram usadas apenas por anjos criados pelo Deus cristão e podiam ser forjadas apenas no céu, não era como se você pudesse compra-las em uma loja de conveniência, seja ela mortal ou não -, precisava trata-lo propriamente o mais rápido possível ou o dano seria permanente.

A morena foi despertada de seus devaneios quando ouviu, ao longe, um murmúrio de vozes. Ela parou e tentou aguçar sua audição o máximo possível, tentando identificar o que diziam. Não estavam tão longe, e com toda certeza era um Coven. Um suspiro fundo e ela pode sentir a magia na brisa fria que lhe atingiu.

O local que haviam escolhido não poderia ser mais importuno.

Exatamente na direção que precisava seguir para chegar na cidade, para passar despercebida ela precisaria dar a volta por eles, o que lhe atrasaria um dia de viajem, isso se tivesse sorte. E ela sabia que não tinha todo esse tempo.

Todo o tempo que havia passado vagando de um Coven para outro - e até fugindo de alguns - havia lhe ensinado algumas coisas. Uma delas era que eles em épocas como o Solstício, onde os véus que separavam os mundos se tornavam mais finos e criaturas, como anjos e demônios, mais perigosas e poderosas, as bruxas costumavam realizar feitiços de proteção poderosos e praticamente impenetráveis, além é claro, de armadilhas.

Não sabendo a quanto tempo eles estavam por ali ou quão poderoso era seu feitiço de proteção, sabia apenas que precisava entrar na cidade o mais rápido possível, ou teria que passar aquela perigosa época na floresta, do lado de fora do feitiço de proteção. E se aquilo acontecesse, até fevereiro ela estaria morta, ou pior, seria capturada novamente.

Sabendo disso, ela seguiu em frente, na direção do grupo de bruxas.

Era sua única opção.


Cinzas na NeveWhere stories live. Discover now