Capítulo 2 - Curvas e Cheiros

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[Inicie a playlist com a terceira música: Poltergeist]

Eu podia sentir muito bem aquele vento gelado contornar meu corpo até chegar ao outro colado no meu logo atrás. Seguíamos a estrada de mão única que parecia acenar a cada curva que sentíamos. O frio que eu sentia na barriga não era apenas por causa do deslizar das mãos daquela mulher, a estrada e as luzes ao longe ajudavam.


- A placa vermelha! – Disse ela enquanto apontava.

Balancei a cabeça e segui rumo àquela grande placa vermelha de LED. Parecia com um hotel à beira da estrada bastante precário. Chegando perto conclui que era exatamente isso.

Ao procurar um local para estacionar logo fui reprendida:

- Não precisa estacionar aqui. – Disse ela enquanto descia da moto sem que eu a desligasse. O que prendeu completamente minha atenção na determinação com que ela andava em direção ao quarto de número 13, onde uma Harley azul escura estava estacionada na frente. Ela não havia tirado o capacete. Houve um pequeno atraso no meu raciocínio, mas logo entendi a situação por alguma perspectiva. Não desliguei a moto e observei ainda sentada nela sem me aproximar, como se fosse uma hospede que acabara de chegar. Ela olhou em minha direção, provável que por ouvir um barulho, e numa questão de instante a porta do quarto se abriu, saindo de lá um cara alto, mas não muito forte, estava mais para peso médio. O que não importava na verdade, já que seus braços foram de encontro direto ao pescoço daquela mulher. Principiava um enforcamento quando logo fui em direção aos dois, ainda sobre minha moto, causando distração ao pequeno grandalhão de bons ouvidos que foi golpeado por uma rasteira por parte dela. Parei a moto ainda ligada e percebi a mulher subir sobre o homem e o socar, socar, socar e socar enquanto procurava alguma coisa em seus bolsos. Não durou muito e ele logo a tirou de cima, levantando desajeitado com sua respiração rápida, pegando em seguida na parte de trás da sua calça uma pequena arma – como provavelmente também era a que tinha dentro da calça – e a apontando para a mulher que segurava algo nas mãos pra cima, parecido com uma chave.

- Ela é minha agora, vadia – Gritou ele enfatizando a última palavra e preparando sua arma para o próximo momento.

Em seu terceiro passo pra perto da mulher, apertei minha mão direita como se quisesse socar alguém, e minha moto acelerou em uma linha reta de encontro àquele médio porte incapaz de contar os segundos em que seu corpo foi do

ar



ao chão.

A arma voo para um lugar inimaginável a nós duas - pois éramos as únicas conscientes naquele estacionamento. A destemida logo subiu na moto em frente ao quarto 13 e a ligou olhando nos meus olhos enquanto movia a cabeça em direção à estrada ainda de mão única. Seu motor era silencioso, mas ela fez questão de manda-lo gritar e sair deixando pedaços minúsculos de estacionamento pra trás junto com uma camada de poeira. Eu fui logo atrás sem hesitar, seguindo os mesmos passos e ouvindo bem alto o motor da minha moto dizer: Corra!


Não demorou muito até ouvimos roncar de motos e pessoas gritando. Nunca havia sentido minhas mãos tão firmes em minha moto. A mulher que pilotava ao meu lado foi iluminada por outras duas motos atrás de nós e pude perceber como ela mexia em uma das bolsas de sua azul montaria. De lá, tirou uma garrafa vazia a qual jogou na linha atrás do seu rastro. Sucesso! Uma das motos teve seu caminho interrompido e a luz sobre a mulher logo focou como um holofote pela única moto que sobrara. Dessa vez ela gritou pra que eu passasse em sua frente, o que o fiz sem questionar. Logo depois da ultrapassagem contornei uma curva fechada a qual não percebera, seguida de outra mais fechada ainda, e a mulher, deixou de ser iluminada enquanto a moto atrás deslizava seu farol e sua carroceria junto ao chão da primeira curva. Com certeza foi obra daquela esperta mulher que logo se alinhou a mim para seguimos em linha reta por um tempo.

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⏰ Last updated: Mar 25, 2020 ⏰

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