Prólogo

15.5K 1.6K 2.3K
                                    

BRYAN

Oito anos atrás

Os gritos de Yasmin me alertaram que alguma coisa estava errada

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Os gritos de Yasmin me alertaram que alguma coisa estava errada.

Abri os olhos e  me ajoelhei na cama para observar pela janela, mas a casa amarela estava às escuras. Pelo que eu via com a luz noturna de borboleta, ela não estava no quarto. O que aconteceu?

Corri para o quarto do meu pai, do outro lado do corredor minúsculo, e abri a porta com tudo.

— Pai — chamei entrando no cômodo pouco espaçoso.

Jonas Bastos pulou uns bons três metros de altura. Seu isqueiro e uma colher rolaram pelo assoalho frio e um som agudo saiu da sua boca quando o ar passou pelos dentes, soando como "shh".

Meu pai se levantou massageando o cocoruto da cabeça que ele tinha batido na cabeceira de madeira da cama.

— B! —  reclamou cruzando os braços musculosos e muito tatuados. — O que eu disse sobre entrar sem bater?

— Desculpa — pedi, correndo os olhos pela bagunça no quarto com um cheiro estranho que incomodou o meu nariz.

Havia uma seringa sobre a mesinha de cabeceira, ao lado de uma borracha daquelas de amarrar no braço para achar veias. Na época, eu não tinha ideia de porque ele usava aquilo e nem queria saber. Yasmin era mais importante.

— É a Mimi — contei, afobado, tremendo com o medo de ela ter se machucado. — Eu acho que alguma coisa aconteceu.

A reprimenda se perdeu no meu pai quando seus olhos verdes se arregalaram e ele pulou outra vez da cama, agora para calçar os seus chinelos.

Sem nem pegar uma camiseta, ele correu porta afora e eu o segui do mesmo jeito ansioso. Os sons esquisitos ainda vinham da casa de Mimi, agora mais abafados.

Já estávamos na altura da sala quando ele se virou para mim, se abaixando um pouco para ficar da minha altura. Aos quatorze anos, eu já era bastante alto para a idade, mas meu pai também era.

— Acho melhor você ficar de fora, carinha. Não sei o que...

— Eu vou com você — discordei, cortando seu discursinho —  Não posso deixar a Mimi sozinha!

Meu pai me olhou de cima a baixo e torceu os lábios como se pesasse os prós e os contras de discutir. Revirei os olhos e dei um passo à frente. Não tínhamos tempo a perder com discussões inúteis.

Meu velho assentiu uma vez e corremos  pelo gramado que dividíamos com a casa dela.

A porta estava trancada, obviamente, e minhas mãos suaram.

Meu pai tentou arrombar a porta com o ombro, mas não tínhamos tempo para isso. Apontei a janela grande do quarto de Yasmin que ela sempre deixava destravada para eu entrar depois que todo mundo fosse dormir. Não que ele precisasse saber disso.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now