aquilo que os sábios chamam de 'epílogo'.

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O mais hilário disso tudo é que eu de fato empacotei minhas coisas, duas semanas depois, olhando minha mãe em lágrimas na porta do quarto, dizendo que iria sentir minha falta mais do que tudo.

E eu andei em passos calmos para longe dali. Daquela vizinhança, daquelas casas sempre parecidas, das histórias nostálgicas de criança onde eu brincava e me ralava no asfalto, seguindo um menino arteiro. Diferente do que imaginam, não me despedi em prantos, apenas sorri.

Não estava feliz em deixar tudo, estava feliz de estar seguindo em frente.

Eu estava crescendo, ao menos era isso que Jeno disse quando entrou pela primeira vez na quitinete que agora eu morava e dividia o pouco espaço com meus livros e um gato ruivo sem nome.

Jaemin nisso tudo foi o meu pequeno passo. Talvez, toda essa história tenha soado protagonizada demais por ele, enquanto escondi-me naqueles sentimentos passados como se fossem minha única noção do porquê de viver. Como o Lee costumava falar-me ao ver meus olhos tão fixos em uma só coisa, faltava-me estima.

Meu coração se regenerou, e de fato eu era grato. Por todos aqueles sentimentos adolescente, grato pelo fato de Na ser a primeira peça de tantas coisas. Meu primeiro amigo, meu primeiro amor, meu primeiro beijo, minha primeira transa. E meus primeiros e milhares corações partidos.

Agora eu não sou mais pedaços. Não sou mais o pó que era naquela tarde em que nos despedimos.

Agora eu olhava-me no espelho e via o rosto fino demais, em um corpo pequeno demais, e os olhos negros que nunca parei para encarar. Eu via-me como pessoa. Com meus lábios sorrindo ao vento, com meu olhar de pertencer ao mundo, e com meu corpo inteiro de quem sobreviveu as suas batalhas que foram grandes, mesmo que em medidas exageradas, elas ainda eram grandes, ainda eram importantes.

Eu às vezes fumava na janela da minha pequena quitinete, escutando uma música do Oasis, enquanto fazia carinho no meu gato. Nas tardes de verão, aquelas que precedem tempestades quentes eu observava ao céu como se fosse parte dele. Algumas outras tardes Jeno ligava-me, informando sobre as coisas da sua vida, enquanto eu contava pequenas vitórias sobre algo que havia escrito.

O nome Jaemin não era tocado por ninguém a minha volta, todavia, vez ou outra ele me vinha rápido na mente. Eu sorria com nostalgia, porque apesar de todas as lágrimas, foi um amor avassalador e forte. Um amor que não me pertencia mais, não era o responsável pelas batidas firmes do meu coração.

Agora o amor que me movia era maior. Mais firme, mesmo que às vezes instável. Era o sentimento de estar completo encarando ao céu com algumas nuvens.

Não havia mais cacos. Eu era alguém inteiro. Eu era minha prioridade. A minha vida era aquelas tardes na janela. O meu gatinho sem nome miando enquanto se esfregava em mim. O café amargo que tomava ao acordar e o chá suave doce ingerido antes de deitar. As visitas do meu amigo. Um livro de poemas assinados com meu nome. A gargalhada ao esbarrar com alguma pessoa engraçada na fila do mercado.

Não havia mais pó. Jaemin me fez perceber, depois de tantos corações partidos, que eu não precisava dele para me completar; eu então percebi ser alguém simplesmente completo e pronto para melhorar.

Dia após dia.

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Então é isso, o último capítulo dessa história que já se acabou há anos no site ao ladokkkk rindo de nervosa. Espero que alguém esteja lendo isso e tenha gostado de fato do que aqui foi escrito. Não é nada demais na verdade é uma historinha bem leve e adolescentezinha, eu gosto dela porque ela é muito especial e nostálgica pra mim. Apenas isso. 

sobre todas as vezes que jaemin partiu meu coração »» renminWhere stories live. Discover now