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No mundo, temos vários problemas para resolver, pra nos preocuparmos. Fome, seca, desmatamento, preconceito, xenofobia, racismo, homofobia, política, etc...
Mas porque no meu mundo, eu quis me jogar da ponte por ser incapaz de fazer algo certo? Porque no meu mundo, eu quis me jogar em frente ao caminhão por ser inútil? Porque nesse exato momento, eu quero acabar de vez com a minha vida no meu quarto, por não ser a expectativa dos outros?
Já consigo imaginar a paz que certas pessoas vão sentir ao se ver livre de mim. Já consigo ver a alegria de uns por não precisarem se preocupar comigo.
Já consigo ouvir: "Não fazia nada da vida mesmo." "Nem manter emprego ela conseguia, fez bem em morrer, não terá que se preocupar com trabalho." "Nem conseguiu manter o relacionamento porquê é grossa demais, imagina manter a vida sozinha. Fez bem em morrer."
Mas também consigo ouvir o choro da minha mãe. Do mesmo jeito e um pouco mais sofrido, como no dia em que choramos juntas.
Mas, me perdoa mãe... Caso eu consiga acabar com isso tudo de uma vez, me perdoa. Eu te amo. E é por isso que essa foi minha escolha. Você vai sofrer, mas vai passar... Tenho certeza que você vai superar, como superou muita coisa.
Mãe, isso dói. Essa falta de ar no pulmão, o meu coração acelerado, as lágrimas que caem no meu rosto que são como lâminas, essa tontura... Dói, mãe... Eu não quero mais isso.
As lâminas que residem no meu quarto, qualquer faca que eu encontre no meu caminho, minhas unhas no meu corpo, são minhas melhores amigas ultimamente. Não sei como ainda não fiz algo de grave, embora eu tenha tentado diversas vezes...
Não se preocupe mais comigo mãe. Eu vou ter paz. Não terei nenhuma dor mais.
