capítulo único

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Aquela era a terceira carta que Simon mandava para a menina de cabelos castanhos avermelhados

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Aquela era a terceira carta que Simon mandava para a menina de cabelos castanhos avermelhados... naquela semana. Ao todo, deveriam ser dez cartas naquele mês, ou bilhetes, já que poucos eram longos o suficiente para serem chamados de cartas.

Tudo havia começado há dois meses, quando Simon entrou naquela biblioteca para encontrar um livro passado pelo professor de literatura — um livro chato e que não lhe interessava nenhum pouco, mas o trabalho sobre o livro valia quase metade de sua nota trimensal, então ele se obrigou a ler. Ele mal havia lido a segunda página e já deveria ter revirado os olhos pelo menos cinco vezes, e então ele escutou, uma fungada vinda de uma mesa não tão distante da sua. Seu instinto naturalmente curioso não deixou que ele simplesmente voltasse a sua leitura entediante, então ele — para sua felicidade — abandonou o livro e procurou a origem do barulho.

E então ele viu ela.

Os cabelos longos estavam soltos e as mechas frontais presas atrás das orelhas, suas bochechas e nariz estavam vermelhos, tal como seus lábios arredondados e medianos e seus olhos, que, após algum tempo observando, Simon notou serem em um tom de castanho claro, quase como mel. Ele estava a segundos de se levantar e perguntar por que a menina chorava, até ver o livro em suas mãos. Nunca tinha ouvido falar daquele livro, ou se tinha, não se lembrava, mas ele ficou curioso (para dizer o mínimo) e imediatamente pesquisou o nome do livro na internet, descobrindo se tratar de um livro popular e com boas resenhas.

No dia seguinte, na escola, descobriu que sua melhor amiga tinha um exemplar do livro e pediu-o emprestado. Se fosse qualquer outra situação ele provavelmente teria rido da expressão de choque de sua amiga, mas no momento estava intrigado demais. Como era possível que um simples livro fizesse alguém chorar?

A resposta veio três dias depois, enquanto ele estava deitado em sua cama finalizando o penúltimo capítulo do livro, chorando. No dia seguinte, de volta a biblioteca com o mesmo livro entediante, ele pensou em agradecer a garota, mas então a viu sorrir e gargalhar com outro livro. Simon decidiu não atrapalhar, mas não pôde dizer que conseguiu se concentrar em seu próprio livro enquanto ouvia os risos da garota de cabelos castanhos avermelhados.

Na segunda seguinte ela estava com outro livro, Simon se levantou de sua mesa e perguntou a bibliotecária onde achar o livro que fez a garota rir tantas vezes. Dois dias depois ele devolveu o livro à biblioteca com um sorriso no rosto, e até hoje ri com a lembrança dos personagens. No mesmo dia, ele fazia anotações sobre o livro entediante em seu caderno, e viu a garota se levantar, deixando seus pertences e o livro que lia para trás.

Ela ainda não foi embora, pensou. E tomou uma decisão que normalmente consideraria impulsiva, arrancou uma folha de seu caderno e escreveu uma carta para a garota. Comentou sobre ter visto ela chorar e gargalhar, sobre ficar curioso com os livros e agradeceu pelas "indicações". Enquanto via a garota conversar com a bibliotecária, rapidamente dobrou a carta e a deixou sobre o livro da garota. Se já estava difícil de se concentrar a sua leitura antes, agora, com a garota se sentando e pegando sua carta a tarefa parecia impossível.

from across the roomWhere stories live. Discover now