Capítulo 1

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Era mais uma manhã movimentada na cidade, pedestres iam e vinham apressados, motoristas buzinavam enfezados com o engarrafamento que não andava, ambulantes perambulavam entre os carros vendendo água, balas e todo tipo de quinquilharia que ninguém precisava. Quase despercebido, havia um homem atrás do volante olhando todo tempo para o relógio no painel do carro. Carlos batia com os dedos no volante enquanto o relógio digital piscava e mudava de segundo para segundo, atrás do para-brisa o congestionamento a caminho do seu trabalho estava ainda mais devagar que o relógio no painel.

Aquele bairro que havia muitas arvore em suas calçadas próximo ao meio fio, dava uma sensação de ar fresco. Como boa parte da calçada era coberta de sombras feitas pelos seus prédios altos e gigantes pouco se percebia uma brecha de sol. A cidade era barulhenta e muito agitada, mas não escondia sua beleza e charme de cidade de contemporânea. Em frente ao prédio mais alto daquela rua passava um jovem rapaz alto com um penteado todo bagunçado por causa dos ventos que corriam naquela época. Seus cabelos sacudiam enquanto caminhava. Sua camisa verde transbordava de suor próximo as axilas, mas não o suficiente para cair gotas pelo chão. Seus passos já não eram iguais aos pedestres que caminhavam tranquilamente por ali, a cada passo longo sacudia para um lado e para outro sua pasta de camurça marrom bem agarrada em seu punho o suficiente para não deixar cair. Em seu outro lado do corpo seu relógio de pulso prateado marcava exatamente oito horas da manhã. Na esquina quase escorada no pilar de uma placa de sinalização por causa do cansaço repentino, havia uma senhora com cabelos grisalhos, óculos de grau e rugas entre a testa e as maças do rosto. O sujeito se aproximava rapidamente da senhora distraído olhando para o relógio, enquanto a senhora esticava a perna direita em direção ao asfalto úmido. De repente soava um estrondo alto suficiente para correr todos os pássaros que se escondiam nas arvores. Por ora passava um rapaz assustado dentro de um enorme caminhão de lixo segurando bem firme em seu volante com o olhar desesperador. Naquele momento Miguel que se aproximava da senhora paralisou como se tudo na volta dele tivesse pausado. Por alguns segundos parecia que tudo que se movia naquela rua parasse. A sensação de calafrio tomava conta de seu corpo fazendo seus pelos arrepiarem. Seus olhos se arregalavam quando avistava a senhora colocando a bengala próxima ao seu pé direito. Sem perceber o que estava fazendo a senhora com a coluna inclinada para frente percebeu um leve toque em seu braço direito, era um punho firme apertando o suficiente para agarrar, mas sem machucar. Desorientada ela olha para o lado e se surpreende com um puxão em seu braço fazendo cair próximo ao meio fio em cima da calçada. Jogada no chão sem seus óculos no rosto não consegue perceber o que acontecia ali, logo se aproxima uma moça de saia longa cor cinza escuro e com uma blusa de botões com um decote e cabelos lisos cumpridos castanhos escuros. Em suas mãos estavam o óculos de grau que a senhora havia deixado cair de seu rosto. Muitos civis se aproximaram para compreender o que aconteceu por ali. Logo se aglomerou um numero exorbitante de pessoas curiosas na sua volta.

-O que aconteceu aqui? – perguntou uma voz na multidão.

-Parece que aquele rapaz o salvou. –respondeu outra.

Ainda deitado no chão com a cabeça amparada na pedra quente da calçada, Miguel estava observando aquele céu azul sem muitas nuvens. Passava um trilhão de imagens em sua mente, mas totalmente sem ligação. Aquele era o momento da reflexão que ele fazia da vida após perceber o que acabou de fazer. No rosto notava a sensação de alivio ao ver a senhora em pé e sem nenhum arranhão.

-Senhor você esta bem? –perguntava a moça de cabelos lisos olhando para Miguel ainda deitado no chão.

-Sim! –Respondeu

Mas ao perceber que ainda estava no chão sua expressão foi de vergonha naquele momento. No rosto da moça um sorriso se abriu ao ver a cara de surpresa de Miguel ainda no chão, foi neste instante que seu braço se esticou ate que uma mão firme o agarre. Miguel estava sendo puxado pela moça para se levantar.

Mestre das ArmasWhere stories live. Discover now