C A P F O U R

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– Querida! – Mamãe me abraça. – Estávamos tão preocupados. – Ela estende a mão e acaricia meus cabelos castanhos e bagunçados.

– Oi, mamãe. – Deposito um beijo singelo em sua testa e sorrio. Ela, por sua vez, me lança um olhar preocupado.

– Você está bem querida? – Pergunta e eu assinto calmamente, tranquilizando-a.

– Estou sim, mamãe. – Enfatizo afagando o seu rosto.

– Onde passou a noite? – Ela pergunta analisando as minhas roupas.

– Eu e Kathy fomos à uma festa. – Mamãe franze o cenho. 

– Uma festa? – Pergunta incrédula.

– Sim, uma festa. – Mordo os lábios envergonhada. – Apesar de não gostar muito da idéia, eu não queria comemorar meu aniversário sem a Kathy e conhecendo ela como eu conheço, mesmo que eu não concordasse em ir, ela iria de todo jeito. – Suspiro.

– Que a Kathy tem um gênio difícil, todos nós sabemos, eu nunca vi duas pessoas tão parecidas serem tão diferentes como vocês. – Ela sorri. – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta. – Ela levanta uma de suas sobrancelhas. – Onde a senhorita passou a noite e metade do dia? Não venha me dizer que foi na pista de dança. – Ela ironiza.

– Na casa de um amigo, mamãe. – Remexo meus pés, impaciente. Falar do Harry é desconfortável.

– Usou camisinha? – Ela morde os lábios. – Não se engane com um rostinho bonito, é aí que moram as DST's.

– MÃE! – Respondo incrédula.

– Filha! – Ela faz bico. – Educação sexual é importante. Eu já tive a idade de vocês e sei bom como é essa coisa de hormônios. – Ela tenta amenizar a situação.

– Nós somos só amigos, tá legal? – murmuro baixinho fingindo constrangimento.

– Se você quer dar uma de boa samaritana, tudo bem, querida. – Ela acaricia meu rosto de forma maternal. – Mas até os bons samaritanos transam algum dia. – Ela solta uma piscadela e um silêncio constrangedor se instala entre nós.

– Você deveria acordar sua irmã. – Ela sugere quebrando o gelo.

– Ela ainda não acordou? – Pergunto cética e mamãe nega.

– Até parece que você não conhece a Katherine. – Ela dá de ombros ajeitando seu cabelo no espelho da sala. – Se pudesse passaria o dia dormindo.

– A cada dia que passa, eu tenho mais certeza que confundiram um urso com a Kathy na maternidade, não é possível alguém dormir tanto assim. – Falo subindo as escadas que dão acesso aos quartos.

– Quando você era bebê, era a mais dorminhoca. A Kathy era a mais agitada. – Ela grita do andar de baixo e eu rio com o seu comentário enquanto ando pelo corredor dos quartos.

– Algumas coisas mudam, outras não! – Respondo adentrando ao primeiro cômodo do corredor, dando de cara com uma Kathy mal humorada.

– Bom dia, irmãzinha querida e ingrata que me trocou por outra ontem à noite. – Debocho.

– Hmmm. – Ela resmunga enfiando um travesseiro em seu rosto.

– Vejo que a noite foi longa. – Provoco-a.

Kathy solta seu travesseiro preguiçosamente e rola para o outro lado da cama sem dizer uma palavra, apenas levanta os dois polegares em forma de joinha.

– Sem julgamentos a está hora, por favor. – Fala com sua voz rouca.

– Você está péssima. – Não consigo controlar o riso quando vejo seu cabelo completamente bagunçado.

– Não esqueça que você é a minha cópia. – Ela fala enquanto boceja.

– Sou uma versão melhorada de você. – Rio e ela me mostra o dedo do meio.

– Você também não está a coisa mais linda desse mundo. – Resmunga tentando conter seus fios em um coque frouxo. – E que horas são? 

– Estamos chegando perto das quatro. – Ela arregala os olhos.

– E você chegou só agora? – Ela cruza os braços e me olha com os olhos semicerrados.

– Sim. – Sorrio.

– A pergunta que não quer calar é: Onde a senhorita passou a noite? Dona Rhonda quase me matou quando eu disse que não tinha notícias suas. – Ela fala enquanto limpa o canto dos olhos.

– Por que não chama ela de mãe? – Reviro os olhos.

– Isso não vem ao caso. – Ela cruza os braços novamente. – Vai me dizer com quem se esfregou a noite toda? – Seu tom é debochado.

– Katherine! – Exclamo. – Você não presta. – Empurro-a e ela ri.

– O nome dele é Harry. – Digo enquanto memorizo os acontecimentos da noite passada. 

– Uau. – Ela solta um sorriso malicioso. – Já posso imaginar você: Oh, Harry, me coma, tire a minha virgindade, estou desesperada. – Ela faz uma encenação ridícula.

– KATHY! – Atiro um travesseiro em seu rosto e ela gargalha se defendendo com as mãos. – Não tem a menor graça. – Cruzo os braços mas deixo uma risada escapar.

– Uma hora você vai ter que dar pra alguém, Olivia, não dá pra ser virgem pra sempre! Que tipo de escorpiana você é?

– Uma escorpiana que está esperando a hora certa e a pessoa certa. – Resmungo fazendo bico.

– Isso é tão clichê. – Ela coloca um dedo na boca e faz careta, fingindo enjôo e agora é a minha vez de mostrar o meu dedo do meio.

– Vou tomar banho. – Anuncio indo em direção ao banheiro.

– Ótimo, tá precisando mesmo, posso sentir o cheiro de azedo daqui. – Ela fala.

– Vai se foder, Kathy. – Grito trancando a porta do banheiro.

– Feliz aniversário pra você também, irmãzinha! – Ela solta e eu rio.

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⏰ Last updated: Feb 14, 2020 ⏰

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