Os capítulos criam problemas e também os titulos

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Sobreviver em Nova York é talvez uma das mais árduas tarefas que alguém com uma mente descarrilada de emoção pode tentar atingir, mesmo quando essa sobrivência ou será melhor dizer, quando essa sobrivência depende das artes, pois um artista revela logo no inicio se tem o que necessita para recobrar esse mesmo talento algo que á partida se torna extremamente intransigente. As modas mudam, o tempo revela as rugas de uma vida tão precocemente intolerante para com o corpo, mas as pessoas, esses seres continuam iguais, sempre seguindo as novas tendências ou as novas formas de peregrinação pelas ruas frias no qual Katie luta diariamente para numa lenda se tornar e aí sem  o saber  definhar lentamente nas elites da moda, o seu alibi para a existência mundana que a leva a percorrer este caminho rumo ao sucesso.

        O engraçado é que naquela manha enublada esse bicho que lhe remoía o espirito, esse fogo que arde nela todos os dias tinha desaparecido fugazmente pela névoa de domingo, de repente apenas o sentimento de uma enorme misantropia se apoderou dela e todos os fantasmas do insucesso, das raça a que pertencia e da enorme e poderosa sensação de ter os dias contados, pela primeira vez percebeu o significado da finitude, da necessidade do legado, e se alguma vez o poderia deixar. Foi por isso que naquele domingo não saiu da cama, não, apenas pensava com uma relevante solitude que apenas os artistas sentem. Percebeu realmente como encobrir a sua carreira promissora- ou pelo menos algo com um decréscimo mais real- com as sombras da sua infância, a caminhada para o sucesso do que fora juvenilmente perdida por entre as várias revistas e livros que abundavam o seu Lear, a sua pequena taberna de vestidos vitorianos sem o luxo altivo de amigos que realizava agora a poderiam ter levado um rumo diferente de uma vida distopia na concretização dos seus maiores sonhos e pesadelos. Nesse dia levantou-se apenas uma vez, para realizar duas tarefas uma pousar uma lamina de conforto na sua mesa de cabeceira e para desta vez beber o tónico da felicidade, aquele tom acastanhado em reserva que a acordou para o sentimentalismo do dia. Não, isto não é suposto ser uma narração feliz, porque na vida todos sofremos destes acréscimos se quiserem, em busca do tempo perdido. Enquanto se deleitava com os seus sonhos de sucesso e a possibilidade de fracasso algo de estranho entrara no seu ego, saída da faculdade com 22 anos Katie perguntava-se a si mesmo se não seria demais uma realização de autocomiseração e se deveria ter o luxo de aa sentir, mesmo que apenas por um dia e nesse preciso momento levantou-se para mais uma fachada desta existência contemporânea, bebeu mais um trago do seu tónico, e depois mais outro por bela medida no meio desse dia deprimente resolveu perder-se na alma perdida de Thomas Wolfe, abriu na página quarenta e cinco de 'of time and the river 'e dormeceu nas suas baladas .    

Os titulos criam problemasWhere stories live. Discover now